Pedimos a F. V. P. da Fonseca um parecer sobre as frases em apreço:
«As três formas estão correctas, mas a primeira é a menos usual. No português, há frequentemente diversas maneiras correctas de se exprimir o pensamento, por outras palavras, existe uma certa liberdade sintáctica.»
Procurámos perceber melhor por que razão a primeira forma por um lado está correcta e por outro é menos usual, quando se sabe que, em português europeu, a ocorrência da conjunção subordinativa se determina que o pronome átono preceda (ênclise) a forma simples dum verbo ou um auxiliar («não sei se se procede à venda...»/«não sei se se vai proceder à venda...»). Uma sugestão explicativa, encontramo-la (de jeito não muito explícito) na Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus et alii (2003: 853): por questões de entoação, pode suceder que palavras funcionais pesadas como grande parte das conjunções pertençam a um constituinte entoacional diferente daquele em que ocorre o pronome átono; nesse caso, não há ênclise:
«disseram-me que [embora tivesse sido difícil, concederam-lhe a bolsa» vs. ««disseram-me [que embora tivesse sido difícil, lhe concederam a bolsa».
Visto que, na primeira das formas em discussão, a conjunção se está separada do verbo auxiliar («vai») e do pronome átono («se») por dois constituintes de valor adverbial («no dia 14» e «pelas 10 horas»), há falantes que tendem a não fazer a ênclise, porque conjunção e pronome se encontram em constituintes entoacionais diferentes. De qualquer modo, não é isto o que a norma europeia prescreve, e, portanto, é a ênclise que se deve recomendar, se o pronome depender do auxiliar («Informo V. Exas. de que no dia 14, pelas 10 horas, se vai proceder à venda...»).
Por último, observe-se que, no português do Brasil, a segunda opção, ou seja, aquela em que o pronome depende do verbo principal de uma locução verbal, deverá ser «... vai se proceder...» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 318).