O si e o consigo
Em relação às perguntas Depois falo consigo e Hás-de/consigo/para si.
Embora essas perguntas tenham já alguns anos por cima, gostaria de comentar as respostas dadas. Não creio que os senhores tenham entendido o que estava em questão.
Acho que quando se diz «É lícito o uso de consigo e si nestas situações?» e o que está incorrecto em «Depois falo consigo», o que está em causa é o uso de si e consigo quando não se referem ao sujeito, mas antes estão no lugar de "ti" e "contigo" ao não se tratar a pessoa com que se fala por "tu" (o que, segundo o que sei, raramente acontece no Brasil).
Pode ler-se numa edição da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira:
«Camilo, numa polémica célebre, condenou a forma sintática – "Tenho muito dó de si", comentando: «Desta pertinácia infere-se que o velho adágio: não dar já por si nem pela albarda, fez hipóstase neste literato», Cancioneiro Alegre, II, cap. 7 p. 293. Seja, porém, por solecismo ou idiotismo nosso, é vulgar o emprego das variações "se", "si" e "consigo" sem valor reflexo e referindo-se à segunda pessoa, isto é, àquela com quem falamos ou a quem escrevemos: «gosto de si», «a minha felicidade depende de si», «leve isto consigo», «quero conversar consigo». Correcto será, pois: «gosto do senhor, da senhora, da menina, de você, etc.», «a minha felicidade depende da senhora, de vossa excelência, etc.», «quero conversar com o senhor, etc.». Contudo, escritores consagrados não se dignaram de empregar tal sintaxe: (...)»
Não quero dar a entender que concordo com Camilo, a minha intenção é apenas ajudar a compreender essas questões, já que desde essa pergunta de 99, a questão não tornou a ser colocada.
E, para terminar, tenho uma pergunta: porque se considera errada a frase «leve isto consigo», se esse "consigo" se refere ao sujeito da oração?
Desde já obrigado.
