A palavra babeca – e não "baveca", no português contemporâneo – encontra-se registada em alguns dicionários como o mesmo que «homem néscio, basbaque» , conforme registo do Grande Dicionário da Língua Portuguesa (Lisboa, Círculo de Leitores, 1991), de José Pedro Machado, que retoma a definição de Cândido de Figueiredo no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (foi consultada a versão eletrónica da 2.ª edição de 1913). Machado também acolhe babeca, no sentido de «cavalo muito grande», e babeco, como sinónimo de caipira1. Observe-se que o substantivo comum babeca é geralmente associado etimologicamente a baba, como alusão à tendência que apresentam certos doentes mentais para salivar abundantemente.
Da Idade Média, tem-se memória da forma onomástica Baveca como nome de um jogral galego (ou português) – Joam Baveca , ativo em meados do século XIII –, a qual parece ter origem no substantivo comum baveca, do galego ou do português medievais. O vocábulo babeca será, portanto, a forma atual da referida palavra galego-portuguesa, que terá origem, segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003) no «provençal bavaec, baveca,"'bobo", "charlatão" < latim *babaeca, diminutivo babaecula [...]; cf. latim babaeculus ou babecalus, "tolo", "indiscreto", "asno", "pateta", "idiota", "tapado", "estúpido", "néscio"»2. Quer as formas provençais quer a latinas parecem relacionar-se também com a noção marcada por baba.
1 O Dicionário Houaiss define babeco como regionalismo do estado da Paraíba: «habitante do campo ou da roça; matuto, caipira». Tanto caipira como matuto podem referir-se pejorativamente àquele «que leva uma vida campestre rústica, tem pouca instrução, pouco convívio social, e hábitos e modos rudes»
.2 Refira-se que, para o castelhano, o dicionário da Real Academia Espanhola consigna a forma babieca, «persona floja y boba» («pessoa preguiçosa e tonta»), que tem a mesma origem que babeca.