DÚVIDAS

O uso de maiúsculas nas referências a diplomas

Consultei o tratamento deste tema no site, mas tenho uma dúvida que não terá sido abordada. Trata-se da obrigatoriedade do uso de maiúscula nas referências a diplomas legais.

O emprego de maiúscula é obrigatório para a identificação de um diploma específico. Exemplo: «O Decreto-Lei n.º xxx/2008 de 15 de Novembro.»

No entanto, gostaria que me esclarecessem se o uso de maiúscula é ainda obrigatório nas sucessivas referências a esse diploma ao longo do texto. Exemplo: «Aquele decreto-lei veio regular.....» ou «A Lei n.º xxxx/2007, relativa a […]. Esta lei deverá ainda ser regulamentada.»

Muito obrigada pela vossa atenção.

Resposta

Não encontrei indicações específicas acerca da situação concreta que coloca. No entanto, uma leitura de alguns acórdãos disponíveis na página do Supremo Tribunal de Justiça, http://www.dgsi.pt/, permite concluir que, efectivamente, quando um normativo é identificado de forma individualizada se impõe o uso da maiúscula e nos casos em que essa referência é integrada na sequência textual, sem a necessidade de individualizar o normativo em causa é possível, muitas vezes, considerar que, ali, se trata de um nome comum, podendo ser grafado com minúscula.

Este procedimento é preconizado na base analítica 39 do acordo ortográfico de 1945, disponível em: http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo&version=1945#, que a seguir se transcreve, embora nessa base se não refira expressamente o caso da referência aos normativos:

 

«39 Os nomes de raças, povos ou populações, qualquer que seja a sua modalidade, os nomes pertencentes ao calendário, com excepção das designações dos dias da semana, escritas sempre com minúscula, e os nomes de festas públicas tradicionais, seja qual for o povo a que se refiram, escrevem-se todos com maiúscula inicial, por constituírem verdadeiras formas onomásticas. Exemplos: os Açorianos, os Americanos, os Brasileiros, os Cariocas, os Hispanos, os Lisboetas, os Louletanos, os Marcianos, os Mato-Grossenses, os Minhotos, os Murtoseiros, os Negros, os Portugueses, os Tupinambás; Abril, Brumário, Elafebólion, Nissã ou Nissão, Outono, Primavera, Ramadã ou Ramadão, Xebate; Carnaval (também nome do calendário), Elafebólias, Lupercais, Saturnais, Tesmofórias. Relativamente a todos estes nomes, note-se que é importante distinguir deles as formas que podem corresponder-lhes como nomes comuns e que, como tais, exigem o emprego da minúscula inicial: muitos americanos, quaisquer portugueses, todos os brasileiros; fevereiro (nome de uma ave), outonos (cereais que se semeiam no Outono), primavera (nome de plantas).

Note-se ainda que os nomes de raças, povos ou populações mantêm a maiúscula inicial, quando empregados, por metonímia, no singular: o Brasileiro = os Brasileiros, o Mineiro = os Mineiros, o Minhoto =os Minhotos, o Negro = os Negros, o Português = os Portugueses, o Tupinambá = os Tupinambás.»

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