DÚVIDAS

Para e objeto indireto

Gostaria de aprender a diferenciar com mais exatidão um objeto indireto de outros termos da oração.

Na frase:

«Promovi uma festa para os alunos.»

Nesse caso, «Para os alunos» seria um objeto indireto, por mais que o verbo seja transitivo direto, quem promove, promove algo, certo?

Porém, vi em uma aula como adjunto de finalidade, o que me deixou bem confuso, até porque li em um site de estudo que dizia que, na frase «comprei um carro para ela», «para ela» seria o objeto indireto, e isso me parece semelhante a outra frase com o verbo promover.

Gostaria muito de entender melhor sobre isso.

Obrigado.

Resposta

Note que promover é sinônimo de proporcionar ou oferecer. Logo, a regência de promover segue a regência desses dois sinônimos, que são transitivos diretos e indiretos: «proporcionar X a Y», «oferecer X a Y»; «logo, promover X a Y».

No entanto, na norma culta brasileira contemporânea, é muito comum a substituição da preposição a por para ao introduzir objetos indiretos*, semanticamente tomados na tradição gramatical por elementos recebedores ou beneficiários da ação verbal – assim como em «Comprei um carro para ela», no qual o núcleo do objeto indireto (ela) é o alvo recebedor (favorecido, beneficiado) da ação verbal.

Um adjunto adverbial de finalidade não é uma pessoa, e sim um propósito. Veja alguns exemplos:

– Viajou ontem para a promoção do seu livro.

– Para a alegria dos cidadãos, o governador decidiu se reeleger.

– Ele promoveu uma festa para o apaziguamento da má relação entre os funcionários.

Assim, «para os alunos» (ou «aos alunos») é um objeto indireto, e não um adjunto adverbial de finalidade.

Numa análise mais profunda, visando-se à distinção entre objeto indireto e adjunto adverbial, veja dois critérios empregados a partir da análise da frase «Ele promoveu uma festa para os alunos».

I. Ainda que não se explicite o objeto indireto («Ele promoveu uma festa»), deduz-se que o complemento verbal está implícito: afinal, quem promove, proporciona, oferece uma festa, certamente o faz tendo pessoas como alvo beneficiado desse momento: «promover algo (a/para alguém)».

II. A prova de que «para os alunos» (ou «aos alunos») é um objeto indireto é a possibilidade de usar lhe (essencialmente objeto indireto) em seu lugar:

«Ele promoveu-lhes uma festa.»

Sempre às ordens!

 

* Por ser brasileiro o consulente, foi usada na resposta a nomenclatura gramatical do Brasil.

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