Plugue = tomada-macho
Estimados senhores, já dei com mais outra: plugue. O progresso está a ir depressa demais. Daqui a poucos anos o português brasileiro vai tornar-se um "créole" inglês nada mais.
Como dirá o cantor daqui por uns dez ou vinte anos?
Brazil um cuntry tropical, bleced bai Gode e biutiful bai neitchiure?
Já que estamos com estas não há aparentemente razão nenhuma para que os 800 000 imigrantes portugueses em França não utilizem também o seu "créole" ou frantuguês e que possam passar certas palavras para o vocabulário corrente, totalmente diferente do que é modificado pela influência inglesa no Brasil.
Residente em França desde 1964 poderia apresentar-me da seguinte forma:
Nasci em Portugal e vim habitar para França em 1964. Primeiro morei num pavilhão e depois morei num batimã. Todos os dias para ir à escola e depois ao trabalho prendia o autobus ou o comboio. A minha primeira paga foi em bilhetes e peças. Agora trabalho num birô num grande batimã na banliô de Paris. Todos os dias prendo a autoruta A86. Alguns dos meus antigos colegas obrieiros continuam a trabalhar na lusina perto daqui.
Para não perder o uso da língua portuguesa tenho alguns abonamentos a várias revistas portuguesas.
Em geral parto sempre de vacanças no mês de agosto e vou quase sempre a Portugal. Viajamos de carro por que agora as rutas estão em bom estado. Só é pena as peagens que são muito caras.
No inverno a temperatura vai até menos 10 por vezes menos 20 e os carros não querem desamarrar, há muitas panes et se a pessoa não é bricolósa têm de levar o carro à garagem. Há também muitos problemas com o parking porque é difícil encontrar praça para estacionar o carro.
Também se formos ao marché encontramos bons legumes como as carotas, o puarô etc... Como receita francesa que gosto muito há o pótofô. Este texto não precisa de tradução para qualquer residente português em França, mas para um português continental ou brasileiro será um pouco difícil.
Tenho a certeza que me esqueci de muitas, mas no dia em que for ao Brasil e que procurar no hotel onde está a prise que os brasileiros chamam plugue e que em português parece-me ser a tomada (de corrente) estará tudo arrumado. Adeus ó bela língua.
Qual é a vantagem de integrar ao vocabulário original palavras de língua estrangeira escritas foneticamente? Por exemplo plugue. O que ganha a língua com tais acréscimos?
Um senhor emigrante residindo nos EUA falou-me outro dia do bildingue. Felizmente que sabia que vinha dos EUA e que estudei o inglês na escola, o meu sogro não sabia do que o homem estava a falar. Para mim é um prédio e para um emigrante residindo em França seria um batimã.
Não seria tudo isto mais nada do que uma questão de vaidade por copiar os americanos et ter a impressão que a nossa língua evolui, ao passo que na realidade regressa?
