O significado dos três provérbios está relacionado com as realidades agrícolas do mês de outubro, que, por sua vez, resultam das condições atmosféricas (conhecidas pela sua irregularidade). Por isso, deparamo-nos com provérbios totalmente antagónicos, como se pode verificar através da análise de cada um:
«Em outubro pega tudo» – em outubro, nasce tudo o que se planta (devido à chuva que rega os campos).
«Outubro seca tudo» – em outubro, sem a presença da chuva, tudo o que se plantou morre.
«Em outubro, centeio ruivo.» – em outubro, os cereais estão prontos a ser colhidos.
Fruto das diferenças meteorológicas características deste mês (a chuva, o vento e o tempo fresco proporcionam o nascimento e a renovação dos campos, assim como a falta de chuva e o tempo quente impossibilitam o desabrochar das plantas), vários são os provérbios que representam essas duas realidades de conteúdo oposto:
Outubro – mês/tempo de vida/água e de abundância (chuva = rega; colheita dos cereais: trigo, centeio, milho):
«Com a vinha em outubro, come a cabra, engorda o boi e ganha o dono»/«No outono o Sol tem sono. »/«Em outubro pega tudo.»/«Quem planta no outono, leva um ano de abono»/«Outubro, pega tudo.»/«Outubro, rega tudo.»/«Outubro chuvoso faz ano venturoso.»/«Outubro chuvoso torna o lavrador venturoso.»/«Outubro chuvoso torna o lavrador virtuoso.»/«Outubro meio chuvoso torna o lavrador venturoso.»
«Outubro paga tudo.»/«Outubro, vaca para o palheiro e porco para o outeiro.»
«Outubro é o maio do outono.»/«Em outubro semeia e cria, terás alegria.»
«Em outubro, centeio ruivo.»/«Em outubro, meu trigo cubro.»
«Em outubro não fies só a lã; recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de inverno tens a tua barriga em vão.»
«Em outubro não vás ao mar para pescar; mas vai ao celeiro e abre o mealheiro.»/«Outubro sisudo recolhe tudo»
Outubro – mês/tempo quente de seca, morte e de pobreza:
«Outubro quente traz o diabo no ventre»/«Outubro seca tudo.»/«Outubro quente traz o diabo no ventre.»/«Outubro secão, negaças de verão.»/«Outubro suão, negaças de verão.»/«Quando Outubro for a Aveiro, guarda para Março o palheiro»
«Quem planta no Outono leva um ano de abono”/«Logo que o Outubro venha, procura a lenha.»/«Quando o Outubro for ervilheiro, guarda para março o palheiro»/«Vindima em outubro, que o S.Martinho t’o dirá»/«Outubro, novembro e dezembro, não busques o pão no mar, mas torna a teu celeiro e abre o teu mealheiro»/«Outubro Nublado, janeiro Molhado.»
Fontes: José Ricardo Marques da Costa, O Livro dos Provérbios Portugueses, Lisboa, Ed. Presença, s. d.; José Pedro Machado, O Grande Livro dos Provérbios, 3.ª ed., Lisboa, Ed. Notícias, 2005; Dicionário de Provérbios – adágios, ditados, máximas, aforismos e frases feitas, da Porto Editora, 2000.