As convenções utilizadas para representar o esquema rimático de um poema são diversas, não existindo um critério uniforme no que respeita ao uso de minúsculas e maiúsculas.
Por exemplo, alguns autores utilizam a letra minúscula para sinalizar uma rima aguda, sendo a rima grave assinalada por letra maiúscula. Outros autores utilizam a letra minúscula para sinalizar um verso de medida menor relativamente à medida dominante, que é marcada com a maiúscula. Na lírica tradicional, as maiúsculas podem ser usadas para indicar a rima do mote e para assinalar a rima do verso final de cada glosa que rima com um verso do mote. Alguns autores recorrem às maiúsculas para sinalizar a rima do refrão.
Relativamente à rima dos hemistíquios, esta poderá ser sinalizada por parênteses, como se observa nesta representação do esquema rimático da ode camoniana «Pode um desejo imenso», de que apresentamos a primeira estrofe:
Pode um desejo imenso
arder no peito tanto que à branda e à viva alma o fogo intenso
lhe gaste as nódoas do terreno manto,
e purifique em tanta alteza o esprito
com olhos imortais
que faz que leia mais do que vê escrito.1
O esquema rimático desta estrofe é representado num comentário desta forma: abABCD(d)C, na qual (d) sinaliza a rima interna do 6.º verso («mais») com o 5.º verso («imortais»).2
Assim, não existindo uma opção única, terá de optar por um conjunto de regras que deverá seguir de forma coerente. Será também conveniente esclarecer, no início do trabalho, o critério adotado.
Disponha sempre!
1. Camões, Rimas, texto estabelecido, revisto e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, apresentação de Aníbal Pinto de Castro, Coimbra, Almedina, 2005.
2. Opção presente em Marnoto, R. (coord.), Comentário a Camões. Vol. 3, CIEC e CEL, 2016, pp. 93-94.