De facto, são muitos os erros nos canais temáticos em Portugal. Todavia, não vejo que seja necessário o uso de vírgula nos casos referidos pelo consulente. Em «No papel de capitão de barco machista», temos a expressão «capitão de barco», que funciona como uma unidade que é qualificada pelo adjectivo «machista», o mesmo é dizer que este adjectivo é que se chama um atributo ou um modificador adjectival. Só seria obrigatória a vírgula, se «machista» ocupasse a posição de aposto; por exemplo, «no papel desse capitão de barco, machista impenitente, que …». É claro que a expressão «capitão de barco machista» não é muito feliz, porque cria ambiguidade: por muito absurdo que seja, é possível ver «machista» como atributo de «barco», como se o que se quisesse dizer fosse «barco machista». Para evitar isso, o melhor será ou não usar «capitão de barco» ou alterar o contexto: «no papel de um capitão machista que pertenceu à marinha mercante».
No segundo caso, «Após deixar o vício do álcool no sanatório», também não se tem de exigir vírgula para separar «no sanatório», expressão de valor adverbial que marca uma circunstância de lugar. As circunstâncias de tempo, lugar e modo não têm de ser usadas com vírgula: «a Rita bebe um copo de leite à noite»; «a Rita bebe um copo de leite no bar»; «a Rita bebe um copo de leite com rapidez». Além disso, quer no caso apresentado pelo consulente quer nos que acabaram de ser indicados, as frases são curtas, pelo que não requerem a pausa que eventualmente exista entre tais expressões e o resto das frases em que ocorrem.