DÚVIDAS

Tudo, antecedente do pronome relativo quanto

Nas frases :

1. «Tudo quanto houve passou.»

2. «Tudo quanto é passa.»

Em 1, o termo «Tudo quanto houve» é oração subordinada substantiva subjetiva? Ou o termo «quanto houve» é oração subordinada adjetiva?

Em 2, o termo «tudo quanto é» oração subordinada substantiva subjetiva? Ou o termo «quanto é» é oração subordinada adjetiva?

Agradeço.

Resposta

Nos casos em apreço estamos perante orações subordinadas adjetivas relativas introduzidas por quanto. Quanto é considerado um pronome relativo por Bechara1 ou por Cunha e Cintra2 3.

Este relativo tem a particularidade de ter como antecedente um pronome indefinido, que pode assumir as seguintes formas: todo(s), toda(s) ou tudo.

Neste quadro, a oração introduzida por quanto, tendo antecedente expresso, será uma oração subordinada adjetiva relativa. Deste modo, a análise das frases apresentadas pode fazer-se da seguinte forma:

(1) «Tudo quanto houve passou.»

        Tudo passou – oração subordinante

        quanto houve – oração subordinada adjetiva relativa restritiva

(2) «Tudo quanto é passa.»

         Tudo passa – oração subordinante

         Quanto é – oração subordinada adjetiva relativa restritiva

Nos dois casos, a oração relativa integra a função sintática de sujeito, pois os sujeitos das frases são, respetivamente, «Tudo quanto houve» e «Tudo quanto é». Todavia, não estamos perante orações substantivas porque, em ambos os casos, a oração relativa tem um antecedente: o pronome indefinido tudo.

Disponha sempre!

 

1. Bechara, Moderna gramática portuguesa. Ed. Lucerna, p. 244.

2. Cunha e Cintra, Nova gramática do português contemporâneo. Lexicon, p. 365

3. No contexto do ensino não universitário, em Portugal, quanto (quanta, quantos, quantas) é considerado um quantificador relativo. Cf. Dicionário Terminológico em linha.

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