Com efeito, na frase apresentada, a oração subordinada substantiva relativa «o que mais trabalha» desempenha a função de predicativo do sujeito.
A frase apresentada pertence a um tipo particular de copulativas, as chamadas copulativas identificadoras. Estas visam identificar as propriedades que caracterizam determinado indivíduo ou realidade (cf. Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1319). Estas copulativas são estruturas equativas, o que significa que tanto podem surgir com a ordem canónica SUJEITO + SER + PREDICATIVO do SUJEITO como com a ordem inversa PREDICATIVO do SUJEITO + SER + SUJEITO. Por esta razão, a dificuldade nestes casos passa pela identificação das funções desempenhadas pelos constituintes que compõem a frase. Para tal, existem dois testes que se podem aplicar no sentido de identificar o sujeito da frase: o teste da clivagem e o teste do redobro do sujeito.
Passemos, pois a aplica-los à frase apresentada pelo consulente:
(i) teste da clivagem: coloca o foco num elemento da frase; nas frases na ordem inversa não é possível colocar o foco no constituinte à esquerda do verbo:
O Bernardo é o que mais trabalha
(1a) «É o Bernardo que é o que mais trabalha?»
(1b) «*É o que mais trabalha que é o Bernardo?»
(ii) teste do redobro do sujeito: neste teste, o pronome retoma o sujeito da frase canónica:
(1c) «O Bernardo… ele é o que mais trabalha.»
(1d) «*O que mais trabalha… ele é o Bernardo.»
Ambos os testes apontam para o facto de a frase apresentada em (1a) e (1c) se encontrar na ordem canónica e, logo, o constituinte «o Bernardo» ter a função de sujeito.
Por esta razão, a oração subordinada substantiva relativa «o que mais trabalha tem a função de predicativo do sujeito.
Disponha sempre!