Conforme Base XV 1.º) do novo Acordo Ortográfico, em Obs.: «Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, etc.»
Ora, no Portal da Língua Portuguesa aparece a indicação seguinte: Ortografia Antiga (PE), Ortografia Antiga (PB) e Ortografia Nova, respectivamente: pára-quedas, pára-quedas e pára-quedas (tal como para-quedismo e para-quedista).
Por outro lado, pesquisando no vocabulário do mesmo portal, encontra-se paraquedas com a indicação de «variação ortográfica de para-quedas» (mas, assim, deixa de estar conforme com a Base XV, creio).
[...]
Gostaria do vosso comentário sobre a grafia correcta a adoptar.
Obrigado.
Sou autora de uma gramática da língua portuguesa para italianos. Estou a fazer um folheto, a pedido da editora Zanichelli, para inserir em cada volume sobre o acordo ortográfico. A minha dúvida está na supressão do acento gráfico diferenciador nas paroxítonas na flexão de alguns verbos. Assim: amámos perde o acento? pode/pôde?
E a grafia de crê, lê, vê, crêem, lêem, vêem? Continua?
Obrigada pela atenção.
Gostaria de ser esclarecida sobre as palavras acima referidas (bem-vindo, boas-vindas, bem-estar), no sentido de perceber se as mesmas alteram ou não a sua grafia, ao abrigo do novo Acordo Ortográfico (AO).
Antecipadamente grata.
No Acordo Ortográfico de 1990, na Base XIX, 1.º, lê-se:
«f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste
caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário
Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).»
E com o clítico?
«Louvo a Deus; louvo-O.»
A maiúscula passa a ser facultativa?
Como fica, agora, a palavra supra-sumo?
Na palavra inspecção, o c antes de ç indica que a pronúncia do e anterior é aberta (é) — não é essa a origem desta grafia?
Porque é que o Acordo não diferenciou os casos de consoantes mudas e inúteis destes outros casos em que, sendo mudas, têm porém função útil e evidente?
Desde já, gostaria de formalmente registar meu agradecimento à Vossa Senhoria D´Silvas Filho por ter-me tão gentilmente respondido noutra questão.
Quanto a prolação do p em Egipto aí em Portugal e demais países lusófonos, vejo que a maioria, se não todos os especialistas, diz que é mudo; mas eu gostaria de saber o porquê de este mesmo p ser prolado no prefixo egipto em vocábulos como egiptologista, egiptólogo, egiptologia. Por que pode-se prolar o p num prefixo e não se pode prolar num substantivo — ou ao menos por motivo de congruência mantê-lo intacto em Egipto?
E quanto a palavra óptimo — eu consultei o sítio da Academia Brasileira de Letras e vi que lá está, em seu vocabulário, consignada a forma vocabular tanto com p como sem ele; ficando óptimo ao lado de ótimo, pelo que entendi uma facultatividade aparente. Esta continuará lícita com a entrada em vigor do Novo acordo Ortográfico? Só passará a escrever-se ótimo sem o p em Portugal e demais países lusófonos?
Obrigado por vossa atenção. Um grande e fraterno abraço para vós.
Um conjunto de deputados brasileiros está lutando por autorização de modificação do acordo ortográfico. A minha primeira reação foi de repúdio. Falei com os meus botões, no meu fraco castelhano, «ya empezamos»... Ainda o acordo não foi implementado em todos os países, e já querem modificar. Nunca mais temos acordo... No entanto, devemos dar uma chance à inteligência alheia e pensar que eles devem ter pensado nisso também. Se, apesar disso, queriam modificações, é porque teriam supostas sérias razões. Dois eram os aspetos sobre os quais recaíam as modificações. O trema. Sempre pensei que a anulação do trema não trouxesse problema algum. No entanto, desafio a compararem as conjugações do verbo intuir e arguir tal como elas estão hoje dicionarizadas em Portugal. Que salgalhada! Reparem por favor detalhada, sinóptica e exaustivamente para acentuação das formas conjugadas... Sei que está prevista a modificação. Os brasileiros já acentuam arguir como intuir. Quero ver o que vão fazer os portugueses. Nem tudo está previsto no acordo...
O pior de tudo no entanto é a não uniformização dos radicais. No Brasil se escreve e se escrevia fato mas factível, exceção mas excepcional. É curioso ver brasileiros contra este facto e dando razão aos portugueses de forma moderada quanto às consoantes mudas. Estas se deviam conservar quando fossem pronunciadas consideravelmente em uma formas dos radicais. Meditando bem, vi que esses deputados não estavam querendo boicotar o objetivo lusofônico de unicidade de escrita, mas simplesmente amavam a língua portuguesa, talvez mais do que muitos portugueses. Sou casado com um brasileira e reparei como a falta de uniformização dos radicais é muito pouco pedagógica. Posso garantir que pelo menos 95% dos brasileiros nem suspeita que excepcional possa significar com carácter de exceção. Para eles significa «espetacular» ou «específico» (no caso dos deficientes).
Gostaria de saber se, de acordo com a nova regra ortográfica, os nomes Raíssa e Larissa serão acentuados e porquê.
Tenho seguido com verdadeira paixão a questão do dito «Acordo» Ortográfico. Confesso que, desde o início, tenho sido manifestamente contra tal espécie de tratado, mas procurei conhecê-lo mais a fundo e encontrei aqui o documento na íntegra, que acabei de ler. Devo confessar que me deixou muito esclarecido mas que me levantou dúvidas. Assim sendo, coloco-vos algumas perguntas que peço que me sejam respondidas, pois, como já disse noutras ocasiões, sou quase um ignorante na matéria.
1. Há tantas possibilidades de opção apresentadas para a escrita. Dadas as circunstâncias, não se poderá continuar a escrever de modo exactamente igual ao que já se escreve agora depois de entrar em vigor este «acordo»?
2. Se sim, então qual o porquê do «acordo»?
3. Não será criar uma confusão desnecessária e inexistente hoje permitir uma série de facultatividades ortográficas quando uma palavra se diz de um só modo? Lembro que na redacção de 1945 as facultatividades resultavam da existência de várias formas orais, ao contrário do que se verifica agora.
4. Discordo de todo com a alínea b do ponto 1 da Base IV. Entendo que, se as consoantes lá estão, por qualquer motivo é, e passo a explicar. Na maior parte dos exemplos dados, as consoantes a suprimir são mudas, mas não em algumas palavras derivadas delas (óptimo com optimizar, entre outros). Estas letras pronunciam-se na linguagem corrente e em contexto erudito em certos casos, mas noutros servem para abrir a consoante que a antecede. Então e agora? Escreve-se nuns casos e não noutros?
5. Como poderemos de futuro distinguir ato (refiro-me a acto) de ato conjugação do verbo atar ou, como aparece noutro lado, pára de para senão pelo contexto?
6. Na sequência da pergunta anterior, não resultará daqui uma tremenda e acrescida dificuldade do estudo etimológico? Pergunto isto porque, visto que, por exemplo, afectação perde o c que abre o e e deixa de se ler "aféctação" e passa a ler-se "afetação", parece que passa a palavra a ser relativa não a afectar (isto é, fazer determinado efeito a algo) mas a «a fetar» (algo relativo a um feto).
7. Na mesma alínea é dado o exemplo do nome Egipto. Ora neste caso o p também se diz, mas é suprimido à mesma. Tendo em conta as questões anteriores e o princípio defendido pelos «tratantes» de que a uma mudança de grafia não corresponde uma mudança da maneira de falar, como explicar que deixemos de dizer "Egipto" ou "Egípcios" e comecemos a dizer "Egito" e "Egícios", entre outros?
8. Uma vez que a língua é portuguesa e não originária de outros países lusófonos, não deveria a nossa grafia prevalecer pura e simplesmente sobre as outras? Se a língua tende a diferenciar-se nos outros países, em especial no Brasil, e isso é algo de inevitável, então porquê insistir em tentar unificar o que não é uno, sacrificando a estabilidade da língua-mãe? Se eles querem escrever à maneira deles, porque não deixá-los? Às vezes fico com a impressão de que os nossos governantes se preocupam mais com o que se passa no estrangeiro do que no próprio país. Porém, creio que a esta pergunta nem vós sabeis nem ninguém mais sabe dar resposta...
9. Como especialistas da língua, qual a opinião do Ciberdúvidas quanto ao «acordo»?
Mudando de assunto, é dito na entrada do Ciberdúvidas que:
«A normalização do português europeu, instrumento fulcral em áreas como a comunicação social, a tradução e o ensino, é, actualmente, uma zona de ninguém. A investigação em linguística portuguesa com os países lusófonos em intercâmbio é uma quimera.»
Lamento discordar, pois é certo e sabido que tais tarefas já se encontram há décadas aos cuidados da Academia das Ciências. Como muitas das coisas neste nosso pobre e triste país, não será também neste caso desnecessária a criação de uma academia da língua?
Com os melhores cumprimentos e sinceros votos de boas festas para todos.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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