DÚVIDAS

Singular e plural com a sigla SS (III Reich)
Desde sempre que vejo registado – livros, revistas e outros – a tristemente célebre Schutzstaffel, ou as suas variantes, de funções bélicas e administrativas, Allgemeine, Waffen, Totenkopfverbände, etc.,do Estado nazista (III Reich), indicadas por «(as) SS», de acordo com o duplo símbolo rúnico (?) de esses estilizados. Mas será correto escrever e dizer «(as) SS» (plural)? Só porque se abrevia com dois esses? Sendo uma força militar/ grupo paramilitar, tal como foi no nosso país a Legião Portuguesa, não será, porventura, mais correto escrever-se e dizer-se «(a) SS», como organização militar, que embora coletivo, por natureza, é uma unidade como organização? Obrigado.
A preposição por e a locução «por causa de» para hispanofalantes
Na minha profissão, sendo hispanofalantes a maioria dos meus alunos, deparo-me sistematicamente com o que me parece ser um uso indevido da preposição por (e as suas contrações), mas não tenho a certeza de como lhes explicar esta questão. Vejo muitas vezes formações como: O jogo foi cancelado pela tempestade. (devia ser «por causa da tempestade») Estamos confinados pela Covid. (devia ser «por causa da Covid») Não posso sair pela porta, visto que não tenho a chave. (pretende-se dizer «tenho de ficar em casa por causa da porta») A lei foi escrita pelo presidente, que cometeu um crime. (pretende-se dizer «por causa do crime do presidente») Os erros nas duas últimas frases parecem-me particularmente graves; gera-se confusão com as preposições de movimento e com os agentes da passiva. No entanto, há outras situações em que, aparentemente, podemos usar tanto por como «por causa de»: A caravela, pelas suas características, era a embarcação ideal para navegar naquelas condições. (ou "por causa das suas características") O livro, pela sua dificuldade, tem de ser lido por partes. (ou "por causa da sua dificuldade") O empregado, pela sua experiência, devia ser promovido. (ou "por causa da sua experiência") Como posso explicar em que casos posso ou não usar ambas as alternativas? Muito obrigado desde já.
A expressão mi-mi-mi
Em um mesmo jornal de grande circulação, no Brasil, tenho observado diferentes grafias para «imitar ou descrever alguém que reclama demais» ou para «satirizar e tirar sarro de reclamações ou brigas desnecessárias, servindo como argumento para as pessoas pararem de falar». Afinal, que grafia devemos adotar na escrita? “Mimimi”, “mi mi mi” ou “mi-mi-mi”? Eis os contextos: a) “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente em São Simão (GO).” (Marcelo Toledo e Luís Cláudio, Saúde, Folha de São Paulo, 04/03/2021); b) “Finalmente o futebol está de volta nesta quarta-feira! Depois de quase um mês de muito blá-blá-blá, mi mi mi e jogos horripilantes, vamos ter três jogos de verdade hoje. Palmeiras x Inter, Grêmio x Bahia, Athletico x Flamengo abrem as quartas de final da Copa do Brasil. Felizmente acabou a Copa América, uma das piores edições da história, que não deixará saudades.” (Ágora São Paulo, Esporte, Folha de São Paulo, 10/07/2019); e c) “Era um papel bastante distanciado, porque o Estado se comporta como reflexo da sociedade que o compõe, negando esse processo de morte. Desde novembro de 2018, temos uma normativa sobre os cuidados paliativos no SUS. Está aprovado, reconhecido. Precisamos agora ter quem faça. Temos que mostrar ao que viemos, sem mi-mi-mi.” (Paulo Markun, Colunas e Blogs, Folha de São Paulo, 21/08/2019)
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