DÚVIDAS

O comparativo na frase «ela é falaz, tanto quanto a ilusão»
As minhas questões estão relacionadas com a subsequente frase: «Ela falaz é tão quanto a Ilusão.» Nesta frase, cuja ordem está invertida por motivos estilísticos, deverei manter o advérbio tão, o qual é usado em lugar de tanto antes de adjetivos e de advérbios, tendo em vista a ordem natural da frase «ela é tão falaz quanto a Ilusão», ou deverei mudar o tão para tanto por não se seguir um adjetivo ou um advérbio? E, por igual nesta frase, deverei manter o quanto ou posso alterá-lo para quão, uma vez que está implícito um adjetivo, sendo «ela falaz é tão quão a Ilusão» equivalente a «ela falaz é tão quão (falaz é a) Ilusão»? Obrigado desde já pela atenção.
A concordância do possessivo com o substantivo gente na frase «gente mascarada... expurgava as suas almas»
A dúvida que se prende é com utilização da palavra gente, que por vezes pode revelar-se um pouco "traiçoeira". Na frase em consideração tenho alguma dificuldade em conseguir perceber se a mesma está ou não correcta[*]. Podem ajudar-me, por favor? «(...) Gente mascarada em torno de uma fogueira de labaredas altas unia as vozes e num só cântico dançava, bebia, expurgava as suas almas como se estivesse possuída.» Obrigado. [*N.E. – Manteve-se a forma correcta, anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, no quadro do qual se escreve agora correta.]
A combinação pronominal lho em Júlio Dinis
Num artigo do consultório deparou-se-me a citação seguinte: «A irritação ditava-lhe uma violenta resposta, mas já lho não permitia a consciência.» (Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais. 1860). Esta frase suscitou-me a dúvida seguinte cujo esclarecimento antecipadamente agradeço. Pergunto se, corretamente, não deverá antes escrever-se: «…mas já não lha permitia a consciência», isto é, escrever «lha» em vez de «lho», porquanto na 2.ª oração estamos referindo-nos à violenta resposta.
Uso e omissão do artigo indefinido
Quando é que se deve usar o artigo indefinido e quando é que se o deve[*] omitir? Nalgumas situações os substantivos soam melhor com artigo e noutras soam melhor sem artigo. Por exemplo, as frases «tens namorada?» e «sou professor» soam melhor do que as frases «tens uma namorada?» e «sou um professor», mas as frases «comprei uma camisola» e «ontem falei com uns turistas espanhóis» soam melhor do que as frases «comprei camisola» e «ontem falei com turistas espanhóis».   [*N.E. – Mantém-se a sequência «se o», embora a sua gramaticalidade seja controversa.]
A vírgula em «E você, vai passar as férias onde?»
O uso da vírgula nas situações abaixo se justifica? Não estariam elas separando elementos que têm relação sintática (no caso, o sujeito ‘«você’» do predicado ‘«gosta’»)? Na fala, há uma pausa enfática depois do pronome, o que, acredito, deve induzir muitos escreventes a utilizarem a vírgula supondo ser ‘«você»’ um vocativo. Exemplos: «E você(,) como está?» «E você, vai passar as férias onde?» Fico agradecido pela atenção.
O uso de transgénero no plural
Estou escrevendo um conteúdo científico e os revisores corrigiram minha escrita de «pessoas transgênero» para «pessoas transgêneros». Para mim, a palavra transgênero nesse caso é invariável, pois se desmembrarmos a palavra em trans+gênero, obtemos o sentido de «troca de gênero». Ou seja, «pessoas (no plural) de gênero (no singular) trocado». O argumento dos revisores é que existe mais de um gênero, portanto o correto para eles seria pessoas transgêneros (tudo no plural). Acredito que se o termo transgênero for utilizado isoladamente, como um substantivo, ele possa variar em número (ex: «os transgêneros da nossa comunidade»), porém quando utilizado como adjetivo, deveria ser invariável (ex: as pessoas transgênero da nossa comunidade). Gostaria de saber se meu raciocínio está correto ou se estou equivocado. Obrigado desde já!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa