DÚVIDAS

«Vi-lhe fechar o cofre»
(frase de Machado de Assis)
Em D. Casmurro, Machado de Assis escreve: «Vi-lhe fechar o cofre.» em vez de «vi-o», por conta da transitividade direta. Achei a seguinte explicação em um site: «Orações subordinadas objetivas diretas reduzidas de infinitivo permitem o lhe quando seguidas por um verbo que possui regência direta. Exemplo: "Vi-o fechar o cofre." "Vi-lhe fechar o cofre."» Qual é a razão para tal uso? Encontra-se respaldo na norma culta? Grato!
«Eu e os meus amigos»
vs. «Os meus amigos e eu»
Posso dizer «Eu e os meus amigos», ou «Os meus amigos e eu»? Uma falante da língua francesa disse-me que em francês não pode existir a segunda possibilidade[1], mas na língua portuguesa não me soam mal ambas as hipóteses supracitadas. Estarei errada? Grata pela vossa atenção.   [N.E. (1/07/2019) – Trata-se de um equívoco, porque em francês, por uma questão de delicadeza, o recomendado é «mes amis et moi» (= «os meus amigos e eu»), ou seja, o pronome de 1.ª pessoa vem depois da referência a outras pessoas – «ma femme et moi» (= «a minha mulher e eu»), e não «moi et ma femme»). Cf. moi na versão em linha do Dictionnaire Larousse)].
Análise da frase «é tão cedo ainda e tão tarde o que sei»
Tenho uma dúvida sobre esta frase, a qual julgo que está mal construída. Não sei o que quer dizer: «É tão cedo ainda e já tão tarde o que sei.» Aparece na canção "No dia seguinte", interpretada por Paulo Brissos (Festival RTP da Canção 1993), com letra de Nuno Gomes dos Santos e música de Jan Van Dijck. Contexto: «Era tão certo o amor que eu inventei/Estava tão perto e, mesmo assim, não sei/Se fui eu que bebi demais, se fui eu que entornei/Este copo de água da sede que não matei/Se fui eu que bebi demais, se fui eu que entornei/Este copo de água da sede que não matei/É tão cedo ainda e já tão tarde o que sei.» Obrigado.
«Já não» e «não... mais»
Gostaria de saber quando usar de já e mais, por exemplo, «já não tenho ganas de o fazer», «não tenho mais ganas de o fazer». Júlio Moreira refere que é erro usar de mais em lugar de já. Mas a que situações é que esse uso se aplica? Em que casos é que se emprega «já não» e «não mais»? Lendo José Luís Peixoto, tenho vindo a observar a presença de já não, embora noutras passagens ele se valha de não mais. Quando é que se deve usar «não mais» e quando «já não» de acordo com a norma culta portuguesa? Reconhecido imensamente ao vosso trabalho.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa