DÚVIDAS

Memória = «dissertação»
Qual o significado (conceito) da palavra memória tal como aparece nos seguintes títulos [de obras da primeira metade do século XIX]1: «Memória sobre a descripção física, e económica do lugar da Marinha Grande, e suas vizinhanças pertencente ao Bispado de Leiria»2; «Memória politico económica em que se mostra a necessidade da conservação da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro…»; e «Corografia ou memoria economica, estadistica, e topográfica do reino do Algarve»? Muito obrigado. 1 Manteve-se a ortografia original. 2 “Memoria sobre a descripção fisica e economica do lugar da Marinha Grande e suas vizinhanças”, in Memorias Economicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa, Tomo V, Lisboa, 1815, pp. 257-277 (referência retirada de Saul António Gomes, Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas – 2. Marinha Grande, Palimage Editores e Centro de História da Sociedade e da Cultura, 2005, p. 31.
Futuro do conjuntivo em orações adverbiais condicionais
Sei que o presente do indicativo pode também expressar ideia de futuro («Amanhã saio bem cedo» = sairei/vou sair). Mas me bateu a dúvida de se é correto usar o presente do indicativo numa frase como «se tenho tempo, vou com você ao cinema», quando se quer expressar condição no futuro – não atividade regular. O uso do futuro do subjuntivo me soa perfeito e melhor aos meus ouvidos: «se tiver tempo, vou com você ao cinema» (ou «irei», num contexto mais formal). Dou aulas a falantes de inglês, que tendem a usar o presente do indicativo e não o futuro do subjuntivo. Acredito que minha exaustiva exposição ao inglês acabou por dificultar minha avaliação da frase. Agradeço!
A pronúncia de -em final em Portugal
Acabo de ver, por acaso, a vossa resposta n.º 17 034 e gostaria de manifestar minha estranheza pelo facto de este site, sistematicamente, impor a pronúncia do chamado português europeu padrão (baseado na pronúncia de Lisboa), obliterando as outras realizações de pronúncias da língua portuguesa. Estou a falar, neste caso concreto, da pronúncia do ditongo escrito em que é só (e apenas só) na região de Lisboa que tem a pronúncia [ɐ̃j]. No resto de Portugal, não é pronunciado assim e em outros países de expressão portuguesa (como meu caso) também não. Por isso, eu acho estranho que o Ciberdúvidas não alerte que em outras variantes do português palavras como «têm, veem, vêm, deem, etc.» não são pronunciadas com dois ditongos, um a seguir ao outro ['ɐ̃jɐ̃j], mas são pronunciadas com uma vogal seguida de um ditongo ['eẽj]. Espero ter, humildemente, dado um contributo com esta pequena chamada de atenção e que eu esteja enganado ao pensar que o Ciberdúvidas quer «impor» a pronúncia lisboeta a não lisboetas e a não portugueses.
«Chico da rua»
Gostava de conhecer o significado desta expressão (possivelmente calão ou rima metida a martelo) que aparece na canção Eu Sou Maria-Rapaz, da Nani, que participou no Festival RTP da Canção de 1992. Eis o contexto: Chamas-me chico-da-rua e dizes que assim não dá Chamas-me pedra-de-lua, Maria-rapaz, sei lá Sou como a meloa, boa, só para quem provar Sou como a castanha, estranha, amor, que ao tocar te pica a mão Por dentro tão bom sabor e toda coração.
«Todo o corpo» e «todo corpo»
Como é que se deve dizer o Princípio de Arquimedes em português? Na Wikipédia leio: «Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo.» É possível a forma «Todo o corpo...»? Tenho lido alguma versão com esta outra forma. Em geral, em enunciados deste tipo (outro exemplo seria «Todo homem é mortal») é possível ou mesmo recomendável pôr um o após todo? Muito obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa