DÚVIDAS

Complementos e modificadores dos nomes redondilha, soneto e poesia
Na frase: «As redondilhas da lírica tradicional de Camões têm influência da poesia palaciana.» qual a função sintática desempenhada pelos constituintes: «da lírica tradicional», «de Camões» e «palaciana»? E na frase: «O soneto petrarquista influenciou Camões» qual a função sintática de «petrarquista»? E ainda na frase: «A poesia camoniana apresenta marcas clássicas» [o que são] «camoniana» e «clássicas»? Grata pela atenção.
Sobre as funções sintáticas do advérbio não
Desejava saber se o advérbio de negação desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal. Por exemplo: «Eu não o tenho visto ultimamente.» Análise sintática: «Eu» – sujeito simples; «não o tenho visto ultimamente» - predicado; «o» – complemento direto; «ultimamente» – modificador do grupo verbal (O advérbio não não desempenha nenhuma função sintática.) ou «(…) não» – modificador do grupo verbal; «o» – complemento direto; «ultimamente» – modificador do grupo verbal A minha dúvida advém do seguinte: 1. Os modificadores do grupo verbal dão-nos informações acessórias sobre a realização da ação, isto é, indicam-nos as circunstâncias da realização da ação (como os antigos complementos circunstanciais); 2. Nunca vi na antiga terminologia gramatical um complemento circunstancial de negação; 3. Na verdade, com um não não estamos a modificar a ação/dar informação sobre as circunstâncias da realização da ação – estamos apenas a negar essa ação (frase afirmativa vs. frase negativa). Será que “negar a ação” é “modificá-la”? Se se considerar que estamos a “modificá-la”, não existe aqui uma certa confusão conceptual? Consultei o Dicionário Terminológico (DT), que nos apresenta o seguinte, a propósito do advérbio de negação: «Advérbio de negação Advérbio cujo significado contribui para reverter o valor de verdade de uma frase afirmativa ou para negar um constituinte. Este advérbio pode ser um modificador do grupo verbal ou de um constituinte do grupo verbal.» Negação frásica: (i) O João [não] comprou flores à Ana. [Análise sintática desta frase: «O João» – sujeito simples; «não comprou flores à Ana» – predicado; «não» – modificador do grupo verbal (???); «flores» – complemento direto; à Ana – complemento indireto] Negação de constituinte: (iii) O João [comprou à Ana ontem [não flores]], mas livros. (modifica o grupo nominal complemento direto) [Análise sintática desta frase: «O João» – sujeito simples; «comprou à Ana ontem não flores, mas livros» – predicado; «à Ana» – complemento indireto; «ontem» – modificador do grupo verbal; «não flores, mas livros» – complemento direto] O não fica de fora. Ficará também de fora na frase de cima (i). Parece-me haver nesta entrada do DT um conceito diferente de “modificador do grupo verbal”… Obrigada pela atenção concedida.
A formação de infelizmente (II)
Têm-me surgido cada vez mais dúvidas no âmbito dos processos de formação de palavras por derivação. Por exemplo: infeliz é uma palavra derivada por prefixação; felizmente é uma palavra derivada por sufixação. E infelizmente? É derivada por sufixação (infeliz+-mente) ou por prefixação e sufixação (in-+feliz+-mente)? O Dicionário Terminológico apresenta a derivação por prefixação ou por sufixação e a parassíntese surge como o único caso em que são adicionados prefixos e sufixos... Obrigada.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa