Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Rui Tavares Médico Porto, Portugal 21K

Como se pode causar tamanha e aberrante alteração à ortografia pondo em causa os princípios mais básicos da escrita em relação à própria origem da palavra (e não só)? Como cidadão não aceito tal "aborto ortográfico" (AO90) porque o mesmo foi imposto sem existir uma consulta alargada e acima de tudo sem consenso da própria sociedade! O AO90 não vem unificar absolutamente nada! Depois de ler atentamente e por algumas vezes o que o AO90 pretende modificar fiquei com a certeza da ingenuidade do mesmo, senão mesmo que algo bem mais obscuro poderá estar por detrás de tal vil atentado contra a Língua Portuguesa! Escrevo e leio centenas de páginas por dia na minha actividade técnica e acreditem que este AO90 veio dificultar em muito o sentido da escrita!

João de Brito Professor aposentado Vila Real, Portugal 19K

Nem é um comentário, nem é uma pergunta. É uma dica. Acabo de ler as vossas entradas deste assunto e não encontrei a sugestão que se segue (que retiro, se vi mal). As pessoas em geral não são muito sensíveis à explicação técnica de que o verbo haver é um verbo impessoal. Parece-me mais eficaz fazer-lhes ver que, no tempo presente (modo indicativo), ninguém diz (nem eles próprios) «aqui HÃO muitas pessoas», mas toda a gente diz «aqui HÁ muitas pessoas».

Pedro Melo Médico Porto, Portugal 10K

Aparentemente com o Acordo Ortográfico de 1990 óptica passou a ótica. Já tínhamos uma ótica, relacionada com áreas anatómicas e aparelhos distintos. Parece-me que nada se ganhou com esta alteração, apenas mais confusão. Não será preferível – e tecnicamente desejável – manter a grafia anterior?

Obrigado.

João Ferreira Estudante Lisboa, Portugal 10K

Há umas quantas coisas que não percebo no Acordo Ortográfico. Foi tão longe ao ponto de eliminar consoantes mudas que nem sempre são mudas, o acento em pára que tanta falta faz, tornar opcional o acento em verbos acabados em -ámos que tanta confusão me faz pois muitas vezes não sei como os hei-de ler. No entanto, foi tão conservador noutras coisas que faria sentido terem sido alteradas. Que curiosamente parecem ser as coisas que mais oposição do Brasil teriam.

Parece que o AO foi mais audaz nas alterações que afectam os portugueses, mas bastante cuidadoso com as alterações que afectam os brasileiros. Portanto, a par da retirada dos acentos em vêem, aplaudo a retirada dos acentos nos ditongos abertos. Poucas são as ambiguidades criadas, e as que haja, são muito mais fáceis de resolver pelo contexto do que a retirada dos acentos em -ámos e pára, que ainda assim foi em frente. Por este motivo não percebo qual é o racional de o AO manter os acentos nas palavras agudas. São tão desnecessários quanto os das palavras graves.

Heroi é tão perceptível quanto heroico. Estanho é termos heroico mas herói. Sinceramente, acho que foi uma oportunidade perdida de nos livrarmos de mais uns acentos desnecessários: «Os hoteis do Algarve exigem que preenchamos demasiados papeis.» Até posso compreender que o objectivo do AO era aproximar as grafias dos vários países e que apenas a retirada dos acentos nas palavras graves contribuía mais para esse efeito. Mas acho que acima de tudo deve estar a qualidade linguística do acordo e acho que em termos linguísticos teria feito mais sentido remover estes acentos. Faz-me pensar se o AO não terá dado demasiada prioridade à aproximação das grafias tendo descurado o aspecto linguístico.

Mas já que a questão era aproximar as grafias, houve uma outra oportunidade perdida. Eu sou de Portugal e pronuncio termómetro, quilómetro, Andrómeda, etc, com aquele Ó fechado. Embora pronuncie fenómeno, come, etc, com O aberto e isto nunca me fez confusão nenhuma. Também temos palavras como "também", em que o E nasal final é fechado (posteriormente ditonguizado), mas como não existe um E nasal aberto usa-se o acento agudo de forma neutra apenas para marcar a sílaba tónica e não o timbre da vogal. Uma forma que teria contribuído imenso para aproximar as grafias teria sido definir que os acentos em vogais antes de consoantes nasais são neutros (esta regra poderia eventualmente ser aperfeiçoada), i.e., apenas marcam a sílaba tónica e não o timbre da vogal. Isto não tem desvantagens pois não há qualquer ambiguidade entre palavras causadas por essa alteração (não há pares mínimos). 

Apenas se deixaria de saber o timbre da vogal através do acento, tal como acontece na maior da palavras. E relembro que para alguns dialectos, o acento agudo já funciona dessa forma, pois eu tanto pronuncio a vogal aberta como fechada apesar de terem acento agudo. Esta teria sido uma mudança que teria unificado imensas palavras, passaria a haver uma só grafia: fenómeno, quilómetro, termómetro, efémero, etc. 

Mais uma vez não compreendo o racional linguístico por trás do AO ao adoptar certas alterações e evitar outras que fariam tanto ou mais sentido que as alterações adoptadas.

João Barbosa 10K

O tópico é acerca do «foram abusadas».

De facto, não há nada como matar a língua, deixando-a quietinha, para que não se mexa e não respire.

O povo faz ou desfaz a língua. Há casos de claro atropelo, outros resultam de uma evolução lógica.

Escrever obrigatoriamente, considerando como única via de formulação, «foram vítimas de abuso sexual», em vez de «foram abusadas» ou de «foram abusadas sexualmente» é uma dúzia de punhais espetados nas costas da língua.

Penso que errado é “violar” o caminho da língua.

Wim Simoens Assessor pedagógico Bredene (Flandres), Bélgica 6K

Sou flamengo (Bélgica) e estudo a língua portuguesa. Estou interessado na pronúncia do português antigo. Já encontrei vários documentos explicando a pronúncia e as mudanças que aconteceram durante os séculos. Há websites com material audiofónico para ouvir o som do português antigo?

Carlos Martínez Sánchez Tradutor e intérprete Múrcia, Espanha 7K

Gostava de saber se esta teoria é certa ou errada: para trabalhar na televisão e na rádio, é preciso tirar aulas de dicção. Aliás, o falar português neutro se faz por respeito ao público e credibilidade objetiva, para isso é preciso articular melhor, falar mais devagar e evitar regionalismos para todo o país perceber. Este português neutro é artificial, ou seja, não pertence a nenhuma região, nem sequer à própria Lisboa nem a Coimbra. Também serve para não dar opiniões sobre a notícia, ou seja, um bom pivô deve ser isento. Por exemplo, quem imagina um apresentador com sotaque alentejano ou açoriano? Não seria levado a sério pelo público.

Ângelo Vaz Portugal 6K

Inadmissível que, num Concurso para crianças ("Pequenos Gigantes"), quer a apresentadora quer o júri desconheçam que, em Portugal, o símbolo decimal é a "vírgula" e não o "ponto"!

De facto, apesar de, nos monitores, aparecer, correctamente, a "vírgula", eles (apresentadora + júri) insistem no "ponto" (por exemplo, dizem nove ponto sete!)!

Por outro lado, parece-me ter ouvido, a propósito duma quadra dum grupo, "mantermos", em vez de "mantivermos". Terei ouvido bem?!

Fazendo votos para que haja um pouco mais de cuidado com a Língua Portuguesa, subscrevo-me,

Ney de Castro Mesquita Sobrinho Campo Grande, Brasil 6K

Parabéns ao sítio Ciberdúvidas e à sua valorosa equipa pelo novo visual do sítio. Mais uma vez vós protagonizastes um espetáculo de competência que se soma a tantos outros já protagonizados por vós. Parabéns! Parabéns! Parabéns! O Ciberdúvidas segue sendo o máximo.

José Borges de Azevedo 9K

Se escrevem conforme o novo AO não tem a mínima legitimidade para falar a favor ou contra... não passa de uma página que escreve com erros ortográficos.