Correio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Fernando Kvistgaard Dinamarca 1K

Num pequeno livro que escrevi, descrevendo paralelismos entre a história de Portugal e a da Dinamarca desde o século XII, tentei mostrar que, estranhamente, Portugal era mais conhecido naqueles tempos do que agora, tratando dos dois Estados-Nação mais antigos da Europa.

Entrando finalmente no assunto que me levou a escrever estas linhas, e que tem mais a ver com a nossa língua: há dois dias não pude deixar de me constranger ao ouvir no noticiário de um dos canais de TV daqui, referir-se ao ensino do brasileiro na Universidade de Copenhaga. Por motivos de cortes nas despesas, o ensino de várias línguas, como o árabe, o chinês o brasileiro e outras, deveram ser restringidas. Tanto a pessoa entrevistada (leitor da universidade) como a entrevistadora, referiram várias vezes o “brasileiro”. Não me contive e enviei de imediato um e-mail à estação da TV e ao entrevistado. Como era de esperar (aqui na Dinamarca responde-se sempre a qualquer carta ou e-mail) recebi resposta. Da parte do leitor, justificando-se que ele quis referir-se a “estudos brasileiros” quando disse o "ensino do brasileiro"; de parte da TV, pediram desculpa pelo equívoco.

Vezes sem conta tenho também refilado sobre a presentação dos boletins meteorológicos, quando há mau ou bom tempo em Espanha em vez de, pelo menos, dizer na Península Ibérica.

De quem é a culpa deste estado lastimoso sobre o conhecimento de Portugal? Felizmente ainda temos o Ronaldo que nos ajuda. Nas páginas da Internet, quando há opções para a escolha da língua, o que vemos como símbolo da língua portuguesa? Claro, a bandeira do Brasil. Nem tão pouco a União Europeia, para onde também escrevi, se dá conta disto, quando subsidia o sistema de tradução livre “Babylon”.

As embaixadas e os consulados portugueses parece que só se ocupam de recepções, quando deviam estar vigilantes quanto ao que se passa nos países onde representam Portugal, controlando o que se ensina sobre Portugal nas escolas, etc.

Melhores cumprimentos, de um que não adere ao AO.

Helenilson Pereira da Silva Garanhuns – Brasil 1K

Como pôde Portugal aprovar o Acordo Ortográfico sem exigir um estudo por parte dos filólogos nesta questão? A Academia Brasileira de Letras impôs este Acordo, quando apenas dois homens (Antônio Houaiss – Brasil – e João Malaca Casteleiro – Portugal ) prepararam o texto. E atualmente, a Academia Brasileira de Letras tem apenas Evanildo Bechara como especialista. Aliás, é bom que se diga que aqui no Brasil temos a Academia Brasileira de Filologia, cujos 40 membros são especialistas. Por que eles não foram consultados? Há ainda a Associação Brasileira de Linguística composta de 4000 membros, todos especialistas, bem como a Associação de Linguística Aplicada do Brasil, composta de 3000 membros, os quais não foram consultados. Do mesmo modo, a Academia das Ciências de Lisboa conta apenas com João Malaca Casteleiro. Há a Associação Portuguesa de Linguística, a qual não foi consultada, e, ainda, o Instituto de Linguística Teórica e Computacionall, o qual ficou com a tarefa de preparar o Vocabulário Ortográfico Português. Se o VOLP da ABL está cheio de incoerência, quanto mais os vocabulários portugueses? O VOLP da Porto Editora difere do VOP do ILTEC, e ambos diferem do VOALP da ACL.

Salvador Laviano Neto São Paulo – Brasil 1K

Quero expressar as minhas sinceras congratulações em relação ao excelente trabalho de V. Sas.

Como brasileiro, noto a rápida degeneração de nosso falar e é com alegria que encontrei os conceitos explicados, neste sítio, de forma tão agradável, para aqueles que apreciam o nosso lindo e querido idioma bem escrito.

Apesar das nossas diferenças em algumas formas de construção de frases e em algumas palavras, sempre apreciei o Português falado em Portugal.

Quero que fique registrado (eis uma de nossas pequenas diferenças de grafia) o meu agradecimento pelos novos conhecimentos que adquiri como resultado de seus esforços em esclarecer as dúvidas de seus consulentes e, espero, poder me tornar um deles, regularmente, pois sempre tenho dúvidas relativas ao vernáculo.

Cordialmente,

Luísa Ferreira Redondo Portugal 1K

Sinto-me, imensamente, grata pela atenção. A explicação deixou-me satisfeita.

A vossa forma de dar, abrindo-nos a porta sempre que precisamos, parece ter qualquer coisa de fascinante. Prática que, anos atrás, era impensável. Que bom! A todos, as minhas felicitações.

Mais uma vez, muito obrigada.

António Gomes de Almeida Portugal Portugal 1K

O erro é tão frequente, tornou-se tão habitual, que há quem me diga que não vale a pena eu andar, como ando, há muito tempo, a refilar contra ele, porque já não tem remédio... Refiro-me à palavra meteorologia, ao Boletim Meteorógico e palavras aparentadas. É que me faz muita impressão escutar tão frequentemente, mesmo aos mais cotados locutores e outros faladores das nossas rádios e das nossas televisões, as expressões metriológico, metriologia e por aí adiante...

O curioso é que os próprios meteorologistas  – ou, pelo menos, muitos deles  – também repetem a asneira, e falam alegremente dos seus Boletins Metriológicos...

Eu ouço locutores espanhóis, franceses, etc., e a todos eles ouço essas palavras com o meteoro inicial bem pronunciado. Porque não se passa o mesmo com os nossos?

(…)

P.S. – Num dia de aniversário do então Instituto de Meteorologia, enviei uma mensagem ao respectivo director, dando-lhe os parabéns e instando-o a que aproveitasse a data para chamar a atenção dos seus colaboradores – que, também eles, são habituais corruptores da meteorologia, a qual lhes deveria merecer algum respeito... A resposta visível foi, pouco tempo depois, mudarem o nome do  Instituto para "Do Mar e da Atmosfera"!... Seria para evitarem tanta repetição do erro?...

(…)

Paulo Coelho 1K

É com regularidade que consulto os vosso site e acho o máximo. É impossível não ficar maravilhado com os detalhes da língua portuguesa mesmo quando não consigo replicar com a mesma correção.

Excelente trabalho. Parabéns.

Joaquim Faria :: Professor Universidade do Porto :: Portugal 2K

Reparo com pena que em nome da forma mais uma vez se sacrificou o conteúdo.

O design é sem dúvida excelente. Parabéns.

Contudo, a utilidade baixou drasticamente:

1. O motor de procura é agora aleatório e por isso perde-se mais tempo nas buscas. Por exemplo se colocar «Vende-se ou vendem-se» o resultado aparece diluído no meio de centenas de entradas.

2. Depois de identificada a entrada procurada é-nos indicado que existe uma resposta anterior, mas não existe hiperligação para ela e a partir da busca inicial temos de utilizar um comando de procura do browser se a queremos encontrar.

3. Se colocar apenas «vende-se» no motor de busca, ele não devolve nenhum resultado.

4. As hiperligações na maioria das páginas não estão desformatadas como sugere o texto de rodapé… desapareceram pura e simplesmente.

Ou seja, está mais bonito, mas menos funcional e por isso menos útil. É uma pena – repito com tristeza.

Atentamente,

Miguel Romeiro Ferreira Portugal 5K

Em [comentário] à resposta sobre o significado de virtualidades poder incluir «potencialidades», gostaria de dizer que fiz um pesquisa em cinco dicionários online (Dicionário Aberto, Aurélio, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Michaelis -  Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora) e, em todos eles, a mesma resposta: «Qualidade ou carácter do que é virtual.» O dicionário referido pelo consultor D´Silvas Filho não é consultável online, mas, curiosamente, é um dicionário de origem brasileira, onde, em alguns casos, palavras homónimas têm significados distintos, sendo porventura este caso. Também eu, como Vera Castro, acho que este termo é mal aplicado, vendo-se a sua utilização no sentido – quanto a mim errado – de «virtudes». E, independentemente de até podermos conceder esse sentido à palavra, custa-me entender porque tanto se ouve e vê na televisão, por exemplo, a sua utilização, em vez da pacífica e com certeza conhecida virtudes.

Perdoem-me a opinião, mas às vezes soa-me a pedantismo trapalhão.

Manuel Sá Lisboa ‒ Portugal 1K

Estranho a V/ necessidade de fundos. Os 200 000 000 de falantes brasileiros não chegam para suportar este meio de propaganda do acordês?

Há uns anos contribuiria de bom grado para o Ciberdúvidas.

Hoje, nem um cêntimo.

João de Brito Portugal 1K
Este espaço seria perfeito, se quem a ele recorre tivesse um horizonte temporal para o retorno ou até a certeza de que tal retorno aconteceria. Mas como não há nada perfeito neste mundo, vou retomar o assunto, cuja forma de apresentação estava pendente de uma informação que ainda não chegou.

Assunto: «Ainda sobre frase, oração e período»...«Mas, se o consulente sabe de uma alternativa à compartimentação do DT ou tem investigação elaborada nesse sentido, resta-nos esperar pela divulgação de tais propostas».

Carlos Rocha:: 29/09/2011

Comentário: Parece-me óbvio que só «um quadro teórico capaz de os (fenómenos da comunicação) explicar ou interpretar globalmente» interessa para o caso.

A comunicação linguística realiza-se numa sucessão de planos, replicando-se do maior para o mais pequeno, um pouco como as matrioskas. O contexto dá sentido ao texto; o texto (período), à frase; a frase, à palavra; a palavra à sílaba. Como estamos num processo de explicitação, é natural e essencial que este sentido e esta ordem sejam respeitados. A tradicional abordagem ocasional e circunstancial dos conteúdos não contempla a sua articulação e inevitavelmente falha o mecanismo da comunicação linguística, que é o âmago da questão. Fornece peças, mas não as monta. E fatalmente as coisas não funcionam. Então, o que se impõe, na planificação, é organizar os conteúdos, quer segundo o eixo sintagmático, quer segundo o eixo paradigmático. Pondo as peças ao acaso, nunca se fará funcionar um motor!

No caso que motivou esta troca de ideias, parece-me óbvio, mais uma vez, que a sequência, geradora de sentido, seria: OBRA-TEXTO-PARÁGRAFO-PERÍODO-ORAÇÃO...

O erro começa logo nos Novos Programas, para o serviço dos quais o DT foi concebido: ao colocarem o domínio CEL à parte dos outros, cometem o pecado original de não considerarem estes como conhecimento explícito...