Com compostos hifenizados não se costuma considerar a existência de um acento principal a que todos os constituintes se subordinem. Pode é dizer-se que existe um grupo acentual, cujo acento principal recai sobre a sílaba Mon-, havendo um acento secundário em Trás-.
Refira-se que M.ª Helena Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Edições Caminho, 2003), propõem uma distinção com pertinência para a compreensão de casos como Trás-os-Montes, ao distinguirem «palavra morfológica» de «palavra prosódica». Embora as autoras em referência não o digam assim, podemos considerar que «palavra morfológica» é a forma que na grafia se representa por uma sequência de carateres que se separa por um espaço em branco de outras à esquerda e à direita. A «palavra prosódica» é identificada por um único acento principal. As mesmas autoras assinalam que há palavras morfológicas desprovidas de acento (p. ex., preposições, pronomes átonos) e palavras morfológicas que apresentam mais do que um acento, as quais incluem duas ou mais palavras prosódicas (diminutivos sufixados com -zinho, -zito – reporterzinho; advérbios de modo – belamente; compostos – afro-asiático, porta-óculos, surdo-mudo; a construção verbal com mesóclise – dar-lhe-emos; exemplos de Mateus et al. 2003: 1062).
O caso de Trás-os-Montes, que é o de um composto, inclui-se, portanto, nas palavras morfológicas que abrangem mais do que uma palavra prosódica.