Ambas as formas apresentadas – «direcionado a» e «direcionado para» – são válidas.
Com o significado de «conferir direção, rumo, orientação a; dirigir, apontar; concentrar (atenção, esforços etc.) em» (Dicionário Eletrônico Houaiss, Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss/Objetiva, 2001), o verbo direcionar vem geralmente acompanhado da preposição para (cf. abonações, ibidem), mas no uso literário e não literário também ocorre frequentemente a proposição a (cf. Corpus do Português de Mark Davies e Michael Ferreira). O mesmo se pode dizer do particípio passado direcionado, que aparece associado quer a para quer à preposição a.
Observe-se, porém, que, na perspetiva da norma de Portugal, considera-se que o verbo direcionar é muitas vezes supérfluo, sobretudo quando significa «destinado (a alguém/alguma coisa/algum lugar)1, dado o léxico já dispor do verbo dirigir, que tem uso significativo nessa aceção e constrói regência com a preposição a. Por exemplo, em vez de se dizer/escrever «direcionamos o trabalho de geoprocessamento às empresas que precisam de dados sobre sua clientela» (exemplo do Corpus do Português), prefere-se outra formulação: «dirigimos o trabalho de geoprocessamento às empresas que precisam de dados sobre sua clientela».
1Efetivamente, a preposição a regida pelo verbo direcionar parece um decalque de «dirigir a», em que a marca o constituinte que representa o recebedor: «A pergunta foi direcionada ao João.» Já a preposição para, quando regida por direcionar, assume um valor de movimento com tendência para um limite, finalidade, direção, perspetiva, permitindo que o verbo se torne sinónimo de orientar: «A casa está direcionada para norte.» Sobre a diferença entre as preposições a e para, consultar Celso Cunha e Lindley Cintra (1984), Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 567.