Demais em Rebelo Gonçalves
Se Rebelo Gonçalves, no seu Vocabulário da Língua Portuguesa, apenas consigna «demais» como advérbio de modo1, atribuindo a «de mais» a função supletiva de locução adverbial de quantidade, qual o motivo por que, em Ciberdúvidas, vários consultores têm tecido considerações acerca do correcto uso de «demais» como advérbio de quantidade? Será que o destinatário-alvo tem sido os falantes brasileiros? Na verdade, tanto o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa como o Dicionário Houaiss (versão portuguesa) averbam unanimemente a acepção quantitativa de tal advérbio como um brasileirismo.
Em vista disso, compete perguntar:
a) Não será abusivo classificar e utilizar «demais» como advérbio de quantidade, se o vocabulário ortográfico vigente em Portugal ainda não foi substituído? (Se assim não fosse, razões não haveria para que os dicionários supracitados tivessem sido tão escrupulosos na sua descrição!)
b) Que força de lei têm os argumentos aduzidos em Ciberdúvidas em favor do uso de «demais» enquanto advérbio de quantidade?
Saudações cordiais.
1 Excluo desta questão o valor pronominal do vocábulo.
