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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.guerra na Ucrânia domina a atualidade, instalando-se no quotidiano com imagens e palavras mais que preocupantes. Na cobertura mediática  dos terríveis acontecimentos, ressurgem em Portugal velhas incorreções a pedirem renovada correção e vigilância. Assim, relembrando, para evitar mais erros:

– Relativamente a evacuação, é este nome, como o verbo evacuar, apenas aplicável a espaços, e não a pessoas. Está, portanto, errada a seguinte sequência: «O primeiro-ministro afirmou hoje que Portugal tem um plano de evacuação de cidadãos portugueses e luso-ucranianos da Ucrânia [...]» (agência Lusa, 24/03/2022). Boa alternativa são formas como «plano de retirada/transferência de cidadãos» ou «plano de evacuação para retirada/transferência de cidadãos». O Ciberdúvidas tem desaconselhado este uso muito controverso: "Evacuar indivíduos?" e "Evacuação".

– Acerca dos Acordos de Minsk, celebrados em 2015 e agora nulos, ouviu-se a pronúncia errónea "acórdos", com o tónico aberto, quando a forma correta é "acôrdos", com o tónico fechado (ouvir como se pronuncia bem e depois mal este plural numa mesma peça da RTP, aqui, em 22/02/2022). No Consultório e no Pelourinho, tem-se insistido na necessidade de corrigir este aspeto.

– Sobre o contraste entre humanitário e humano, um título informa que «Comissário alerta para crise humanitária de "proporções históricas"» (Notícias ao Minuto, 27/02/2022), com uma frase que exibe a expressão «crise humanitária», de correção muito discutível e, portanto, não preferível a «crise humana». Registem-se, a propósito, as expressões corretas «corredor humanitário» (ver Infopédia e aqui) ou «ajuda humanitária» (ver Priberam), em que o adjetivo figura com adequação, no sentido genérico de «que procura o bem da humanidade». Ao longo dos 25  anos do Ciberdúvidas, foram muitas as ocasiões em que se comentaram os usos de humanitário; por exemplo, em "Humanitário e humano" e "Quando é que um drama pode ser 'humanitário'?".

– Relembra-se, por último, que o uso de OTAN (no Brasil e em quase* todos os países latinos, incluindo em Portugal) é preferível ao da sigla inglesa NATO, que, surgida nos países anglófonos, se tem tornado recorrente na imprensa portuguesa, numa cedência à pressão anglicista, situação já abordada no Ciberdúvidas, em "NATO ou OTAN?" e "O capitulacionismo à OTAN".

* Em Itália, usa-se a sigla inglesa NATO, muito embora a denominação completa seja italiana – Organizzazione del Trattato del Nord Atlantico –, como evidencia a Enciclopédia Treccani (consultada em 4 de março de 2022).

2. Quotidiana também se tornou a preocupação com a covid-19, desde que se foi dando conta da desta doença em finais de 2019. Em 2 março de 2022, assinalou-se o segundo ano da identificação, em Portugal, dos primeiros dois casos de covid-19; e, em 11 de março de 2022, perfazem-se dois anos da declaração de pandemia pela OMS. «Ano dois» é, portanto, uma das novas entradas da rubrica A Covid-19 na língua, que recebe igualmente as expressões «doença sazonal», relativa à previsão segundo a qual a doença provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2 passará a ser sazonal, e Stalkerware, uma aplicação que serve para espiar o que outros fazem em linha, sobretudo parceiros românticos.

3. São sete as novas perguntas disponíveis no Consultório, a respeito da (im)possibilidade de crase de a com o artigo a no começo de oração; o significado do adjetivo restrito; a regência da locução «ter pressa»; a sigla de «Campeonato Africano das Nações»; a forma de catalão em palavras compostas; o valor condicional da conjunção copulativa e; e o uso reflexo de propor-se.

4. Na Montra de Livros, apresentam-se duas obras:  Falar(es) Bracarense(s). Janelas da transformação de um espaço rural, de José Teixeira (Edições Húmus, 2021), cujo caráter inovador assenta na introdução de pesquisa linguística em espaço urbano, desenvolvida na cidade de Braga, com o objetivo de preservar a memórias de falares bracarenses; e Verbos no Passado – 100 exercícios com explicaçãoda autoria de Diana Oliveira e Sofia Rente e editado pela editora Lidel, que tem por objetivo facilitar a aprendizagem dos tempos verbais do passado do modo indicativo no contexto do Português como Língua Estrangeira (PLE).

5. Em O Nosso Idioma, disponibiliza-se uma crónica da linguista brasileira Edleise Mendes (Universidade Federal da Bahia), que assinala a reabertura do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, ocorrida em 31 de julho de 2021. Texto dito pela autora na emissão do programa Páginas de Português pela Antena 2, em 27 de fevereiro de 2022.

6. Entre os programas de rádio que, na rádio pública de Portugal, são dedicados à língua portuguesa, relevo para:

Língua de Todos (RDP África), cuja emissão de sexta-feira, 04/03/2022 (às 13h20*) se centra no Duvidário: 100 dúvidas da língua portuguesa, um instrumento de consulta elaborado na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, para ajudar os falantes do idioma;

Páginas de Português (Antena 2 ), que, no domingo, 06/03/2022, 12h30*, dá destaque à aplicação Gogenius, criada pela Universidade Autónoma de Lisboa (UAB) para a área de Português como Língua Segunda e Língua Estrangeira, e inclui uma crónica da professora Carla Marques dedicada ao verbo resistir, que caracteriza a ação de muitos ucranianos nos tempos que vivemos.

Palavras Cruzadas (Antena 2 ), um programa diário realizada por Dalila Carvalho na  Antena 2, onde, de 7 a 11 de março, o convidado é Jaime Nogueira Pinto, politólogo, professor, analista político português, para falar da linguagem política (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*).

* Hora oficial de Portuga continental

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Tal como se esperava, às primeiras horas da madrugada de 24 de fevereiro, teve início a invasão da Ucrânia pelas tropas russas, que, no mesmo dia, tomaram a central nuclear de Chernóbil e, a 25 de fevereiro, cercavam  já  a capital Kiev. Esta ação militar foi descrita pelo presidente russo Vladimir Putin como tendo o objetivo central  de «desnazificar» a Ucrânia – neologismo usado na justificação do que chamou de «operação militar especial»: «Defender as pessoas que há oito anos sofrem perseguição e genocídio pelo regime de Kiev». Por seu turno, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky entende esta ofensiva  como uma «guerra de agressão», tal como é considerada pela maioria dos países ocidentais.

Primeira imagem: Banksy, grafitti de uma pomba em armadura de corpo, numa parede em Belém, Palestina.

2. Ao mesmo tempo que se assiste ao início de uma guerra na Europa, o planeta encontra-se ainda a braços com o problema da covid-19, cuja evolução  reclama continuamente novas medidas e intervenções. Em Portugal, redefinem-se as regras relativas ao isolamento e aos testes a realizar («Isolamento + testes»), enquanto noutros países continuamos a encontrar manifestações antivacinas, como a de George Becali, presidente do Steaua de Bucareste, da Roménia, que proibiu os jogadores do seu clube de receberem a vacina contra a covid-19 («presidente antivacinas»). Já no Brasil, promove-se uma a reação contra a campanha de desinformação que anuncia o final da pandemia e os efeitos negativos da vacina em crianças («Criminoso»). As três expressões assinaladas constituem as três novas entradas em A Covid-19 na Língua

3. As questões que chegaram ao longo da semana ao Consultório do Ciberdúvidas denotam uma tendência para dúvidas relacionadas com a distinção entre classes de palavras (nome vs. adjetivo), funções sintáticas (complemento de nome vs. modificador do nome) ou relativas à classe a que pertence uma palavra, como pouco. Outro conjunto de questões incide sobre a correção de estruturas como «de até», "em referente a" (que deverá ser substituída por «no referente a») ou da frase «61% dos portugueses não leram um só livro no último ano». 

4. A morfologia é um domínio bastante complexo para qualquer estudante de  língua portuguesa. Se se tratar de um estudante de Português Língua Estrangeira, as dificuldades serão ainda mais acrescidas. Não obstante, a compreensão de alguns fenómenos de formação de palavras, no âmbito, por exemplo, da derivação poderá revelar-se um instrumento útil na aprendizagem da língua, como explica neste apontamento Inês Gama, colaboradora do Ciberdúvidas. 

5.  O conflito entre a Rússia e a Ucrânia tem também implicações sociolinguísticas, que podem inclusive relacionar-se com questões de solidariedade e união, as quais levam a equacionar a importância da língua e da cultura na união de um país. É o caso do artigo de Renato Epifânio, professor universitário e presidente do Movimento Internacional Lusófono, texto que aqui transcrevemos com a devida vénia.

6.  Das sonoridades das línguas portuguesa e ucraniana à questão do bilinguismo e suas consequências sociais e políticas, escreve o tradutor Serge Lunin, num artigo aqui transcrito, com a devida vénia, e divulgado originalmente no blogue Certas Palavras do professor universitário Marco Neves.

7. Nos programas da rádio pública portuguesa relacionados com a língua, abordam-se os temas do ensino do português como língua não materna (Língua de Todos, da RDP África*) e a importância do ensino do latim para a aprendizagem do português (Páginas de Português, da Antena 2**).  O programa Palavras Cruzadas, igualmente na Antena 2, convida Carmo Jardim, antiga paraquedista e fundadora da SIM – Solidariedade Internacional a Moçambique***.

8. Devido ao feriado no dia de Carnaval, 1 de março, a próxima atualização do Ciberdúvidas tem lugar apenas na sexta-feira, 4 de março. 

 

* sexta-feira, 25 de fevereiro, às 13h20, com repetição no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00 (hora oficial de Portugal continental).

** domingo, 27 de fevereiro, às 12h30, com repetição no sábado, 5 de março, às 15h30 (hora oficial de Portugal continental).

*** de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50 (hora oficial de Portugal continental). 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A atualidade na Europa continua marcada pela crise russo-ucraniana, com a Federação Russa a reconhecer as repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, na Ucrânia, gesto político formalizado em 21 de fevereiro de 2022. Na declaração que fez, o presidente Putin defendeu uma visão histórica que remonta a Catarina a Grande e a Lenine, considerando a queda do Muro de Berlim uma catástrofe geopolítica a reparar, começando pela Ucrânia (anexação?) e deixando adivinhar o recuo da fronteira oriental da OTAN a limites, se não iguais, próximos dos de 1989. Mencionar a palavra guerra torna-se, portanto, redundante, porque fica patente a escalada bélica, confirmada pela ativação mediática de vocábulos em seu torno. Em O Nosso Idioma, evidencia-se a constituição desse campo lexical, que, em português, conjuga duas heranças linguísticas, a germânica e a latina, conforme aponta a professora Carla Marques. Nesta rubrica, a mesma consultora, com Carlos Rocha, comenta algumas das palavras que são notícia: desde neologismos como putinologia aos topónimos envolvidos nesta crise – por exemplo, nomes geográficos com forma portuguesa estável como Ucrânia ou Crimeia e outros sem tradição em português, caso de Donbas (ucraniano) ou Donbass (russo).

Na imagem, "Aldeia à beira do rio" (1900), de Serhii Vasylkivsky (1854-1917). Fonte: Internet Encyclopaedia of Ukraine.

2.  Entretanto, vários países, incluindo Portugal, levantam ou atenuam ainda mais as medidas sanitárias restritivas perante o que parece um recuo significativo da pandemia. Sobre o tema, a rubrica A covid-19 na língua inclui três novas entradas: antibióticos, relativamente à redução do consumo de antibióticos em Portugal, favorecida pelo novo coronavírus; faseamento, termo recorrente na referência ao combate da covid-19; e SILBA (abreviação da expressão científica inglesa SARS-CoV-2 Inactivated for Lung B and T cell Activation), um acrónimo que denomina a vacina portuguesa, administrada por inalação, ainda em fase de ensaios clínicos na biotecnológica Immunethep.

3. Quando se diz «quero crer na paz», fala-se daquilo em que se acredita ou do que se deseja? A pergunta diz respeito a um tipo de modalidade – a modalidade desiderativa – e tem resposta no Consultório. Outras perguntas: a frase «juntei o feijão na água, quando entra pela janela o mais belo pássaro» configura um erro de concordância temporal? Qual é o sujeito de «o assassino era o escriba»? Pode-se omitir o de da locução «antes de»? Qual a origem da preposição desde?

4. Em Diversidades, transcrevem-se com a devida vénia dois artigos: um do professor universitário Paulo Batista Ramos, sobre a terminologia associada ao cibercrime (revista Sábado, em 17 de fevereiro de 2022); e outro da linguista e professora universitária Margarita Correia, para assinalar o Dia Internacional da Língua Materna, comemorado a 21 de fevereiro (ver Diário de Notícias).

5. Nas Controvérsias, disponibiliza-se mais um contributo sobre as relações da gramática com as representações de género, do professor Carlos Ascenso André (página pessoal do Facebook, em 13 de fevereiro de 2022), que se pronuncia sobre a forma "presidenta" e sobre o masculino plural.

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1. Enquanto ao longe se ouvem os ecos de guerra, a Europa vai procurando retomar a antiga "normalidade". Gradualmente, trilha-se o caminho que levará «de pandemia a endemia», que abre espaço ao gradual abandono das medidas impostas pelos diferentes governos, pelo facto de se considerar que a situação evoluirá no sentido de a doença tender a aparecer em determinadas regiões com um número de casos controlados. Em Portugal, esta nova conceção está na base do mais recente pacote de medidas, que aponta para um conjunto de passos seguros na forma como se lida com a realidade sanitária. Por essa razão, considera-se que o país se encontra no momento no «nível 1 da pandemia», estando o vírus a fazer um percurso que o levará a ser considerado como um «vírus endémico», o que prefigura a possibilidade de a covid-19 vir a ser tratada como uma doença sazonal. São três novas entradas na rubrica A covid-19 na língua.

2. Com a aproximação da época do Entrudo chegam ao Consultório do Ciberdúvidas questões que evocam temas relacionados com o período festivo, relacionadas com os verbos carnavalear, carnavalar e carnavelejar e com uma deturpação lexical presente na letra de um samba da cantora brasileira Clementina de Jesus. A estas respostas vêm juntar-se ainda as seguintes: "O uso frásico de opinar", "O nós de modéstia", "Nesse/desse vs. Naquele/daquele", "Humano e 'ser humano'", "A classe de palavras de conforme II" e "Tornar todos eles personagens".

3. Em Viana do Castelo, luta-se contra a escassez de mão de obra com um portal intitulado Work in Viana, o que evidencia um recurso injustificado ao inglês. Esta opção motiva uma nota para o Pelourinho, da autoria do jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

4. Na Montra de Livros, apresentamos o mais recente número da revista Palavras – Revista em Linha, editada pela professora universitária e linguista Margarita Correia. Esta publicação é dedicada ao tema do português como língua pluricêntrica e conta com a colaboração de diversos linguistas e de um conjunto de responsáveis políticos cuja ação tem incidência no tema em discussão.

5. Mais uma vez palavra guerra dá matéria à reflexão linguística. Desta feita, com a crónica do tradutor e professor universitário Marco Neves, na qual se identifica a origem da palavra e se passa em revista alguma da sua história linguística (aqui transcrita com a devida vénia).

6.  Nas Controvérsias, regista-se a crónica da professora universitária Edleise Mendes, na qual a autora reflete sobre a avaliação do uso da língua como forma de discriminação, particularmente em ambiente digital (crónica difundida no programa Páginas de Português, da Antena 2).

7. Entre os eventos de interesse, destacamos: 

— O 6.º Encontro Mensal sobre Discurso Académico (EMDA), orientado pela professora universitária Margarita Correia, que será dedicado ao tema da terminologia do discurso académico em português, com lugar no dia 23 de fevereiro, entre as 18h e as 19h30 (conferência digital de acesso livre– mais informações aqui).

— O espetáculo A Divina Comédia de Dante contada às crianças, que se realizará na Biblioteca Palácio Galveias, no dia 26 de fevereiro, pelas 11h e pelas 15h.

8. Os programas da rádio pública portuguesa dedicados ao português* centrar-se-ão na 2.ª Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE 2022), trazendo à antena especialista que abordarão temáticas relacionadas com o evento (notícia). O programa Palavras Cruzadas** tratará questões linguísticas relacionadas com o futebol, trazendo à antena o antigo jornalista e comentador desportivo Fernando Correia.

 

*O Programa Língua de Todos, da RDP África será difundido na sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022, pelas 13h20, com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00; o programa Páginas de Português, na Antena 2 terá lugar no domingo, 20 de fevereiro, pelas 12h30, com repetição no sábado seguinte, 26 de fevereiro, às 15h30.  

**de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Para incredulidade de muitos, a palavra guerra "normaliza-se"* nas notícias a respeito da crise da Ucrânia, sinistramente evocativas das vésperas da Primeira ou da Segunda Guerras Mundiais. O presidente ucraniano sugere até que o ataque russo está agendado: será na quarta-feira, 16 de fevereiro. A sensação de absurdo e negatividade do ambiente europeu adensa, portanto, a grave crise mundial causada pela covid-19 e por grande turbulência social, a que agora se associam os protestos dos chamados «comboio(s) da liberdade» no Canadá, em França ou na Bélgica. Mesmo assim, em Portugal um ténue sinal de esperança parece vir da descida do índice de transmissibilidade do SARS-CoV-2 – diz-se mesmo que caiu «a pique» –, e a Direção-Geral de Saúde apela ao «reforço vacinal». Entretanto, a identificação da proteína N promete uma vacinação «eficaz e duradoura». As quatro expressões sublinhadas constituem, nesta atualização, as novas entradas da rubrica A covid-19 na língua.

* Sobre a origem de guerra, leia-se a publicação do tradutor e professor universitário Marco Neves em Certas Palavras em 14 de fevereiro de 2022. Sobre normalizar, é verbo que se tornou recorrente num sentido parafraseável como «aceitar ou referir de forma acrítica e anódina comportamentos sociais ou políticos inaceitáveis». Na imagem, de Meneses Ferreira, “Noite de S. O. S.”, João Ninguém, soldado da Grande Guerra. Impressões humorísticas do C. E. P., Lisboa, 1921 (fonte: Carlos Silveira, "A Arte em tempo de Guerra", A Guerra de 1914-1918).

2. O verbo imprimir tem dois particípios passados, ocorrendo a forma regular (imprimido) em tempos compostos («tinha imprimido») e a forma irregular (impresso) na voz passiva («foi impresso»). Mas não é verdade que se diz «foi imprimida grande dinâmica ao processo»? Será este uso incorreto? A resposta inclui-se no Consultório, num conjunto de questões que também abordam a sintaxe de verbos (evadir e alargar) e topónimos (denominações de arruamentos e edifícios), os valores semânticos  associados às orações (por exemplo, introduzidas por «mesmo quando» ou «ainda quando») e a opção entre variantes («até acima» vs. «até cima»).

3. O princípio de objetividade e isenção da linguagem mediática tem sido comprometido pela proliferação de conteúdos desinformativos e manipuladores. No Ciberdúvidas, transcrevem-se, com a devida vénia, duas crónicas da linguista Margarita Correia centradas neste tema: a primeira (Diário de Notícias, 7 de fevereiro de 2022) fica disponível em O Nosso Idioma e diz respeito a uma suposta intenção de substituir a palavra mãe por «pessoa lactante»; e a segunda (ibidem, 14 de fevereiro de 2022) inclui-se na rubrica Ensino e nela a autora critica a forma como, em Portugal, certo título noticioso deturpou o sentido de um relatório do Conselho Nacional de Educação.

4. Ainda em Portugal, acredita-se frequentemente que o país é linguisticamente muito uniforme. O retrato que o portal Ethnologue faz (com algumas incorreções, reconheça-se) não pode ser mais contrário a esta visão, conforme explicou o professor Marco Neves num apontamento publicado no Sapo 24, em 23 de maio de 2021 e no qual discutiu igualmente o valor que têm as línguas quando comparadas (ver Diversidades).

5. Há cem anos, a Semana de Arte Moderna, que decorreu em São Paulo entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, revelava um Brasil moderno e artisticamente intrépido, pronto a ultrapassar limites, mesmo que tal implicasse pôr em causa convenções, como as do modelo de língua literária oitocentista. A efeméride tem, naturalmente, sido assinalada com vários eventos no Brasil, mas Portugal também não fica alheio ao aniversário. Registe-se, por exemplo, o colóquio sobre o Modernismo brasileiro realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 15 de fevereiro de 2022, das 14h30 às 19h30.

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1. Terrorismo foi a palavra que entrou no dia 10 de fevereiro em casa dos portugueses, acompanhada da notícia de que um jovem planeava um ataque na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com a intenção de matar estudantes dessa instituição. O jovem, que foi detido pela polícia judiciária, será provavelmente indiciado pela prática do «crime de terrorismo». O uso deste termo causou estranheza, na medida em que, habitualmente, ele se encontra associado a um quadro de violência contra a integridade nacional por motivações religiosas, ideológicas ou políticas, o que, ao que se sabe, será uma realidade que não descreverá as intenções do jovem em questão. No entanto, a sua intenção continua a ser considerada uma forma de terrorismo, dado que a lei portuguesa tem um entendimento bastante mais lato da semântica desta palavra, aplicando-a a qualquer tipo de violência que atenta contra a integridade de pessoas ou instituições ou que vise a intimidação de grupos de pessoas ou da população em geral.

Recordamos alguns textos relacionados com a palavra terrorismo que podem ser lidos no Ciberdúvidas: «Terrorismo com significados diferentes», «Do medo e do terror»  , «Chamar «insurgentes» a terroristas?!» e «Ataques e atentados – verdadeiros e... linguísticos» 

2. Noutro plano, a covid-19 continua a motivar o aparecimento de novas expressões que vão descrevendo os contornos da doença no palco nacional e mundial. É este o contexto que convoca a utilização de «ACT Accelerator», «Dark Web vs. Deep Web», «Máscara(s) em queda» e «Teletrabalho veio para ficar», quatro novas entradas que passam a integrar A covid-19 na língua.

3. A língua veicula ideologias que traduzem formas de ver o mundo. Se assim é, deverá a língua também traduzir a mudança na forma como se interpretam os factos desse mesmo mundo? É esta a questão que se encontra na base da possibilidade de substituição da palavra escravo pela expressão «pessoa escravizada», que se analisa no Consultório. Relativas ao uso de palavras cuja adequação e correção se questiona são também as questões que incidem sobre as palavras especializandopamprincipiologismo e Ataulfo. No campo da ortoépia, chega-nos uma dúvida relacionada com a pronúncia do "e" átono em Portugal e, no âmbito da pontuação, uma dúvida sobre o uso da vírgula nalguns contextos de coordenação.

4. O conceito e a formação do termo metaverso constitui o tema do apontamento da consultora Sara Mourato, que aborda esta palavra, que se centra na ideia de «mudança de universo». 

5. Em Na 1.º pessoa e em Diversidades, transcrevemos, com a devida vénia, os seguintes textos: 

— Uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, cronista do Público, à volta do termo humblebrag, cuja forma portuguesa, no entender do autor, se deveria procurar, de modo a permitir nomear a realidade que diz respeito às formas de autoelogio disfarçado;

— A evolução do ensino da língua grega em Portugal está no centro do artigo do vice-reitor da Universidade de Coimbra Delfim Leão, divulgado no Dia Internacional da Língua Grega, celebrado a 9 de fevereiro;

— A divulgação de um método que permite avaliar a distância criada entre o português, o castelhano e o galego no percurso evolutivo destas línguas, pelo professor e tradutor Marco Neves.

6. Entre a informação mais relevante, destacamos:

— O II Congresso de Português como Língua Estrangeira, a decorrer na Columbia University e que poderá ser acompanhado virtualmente nos dias 1 e 2 de abril de 2022 (a chamada de trabalhos ainda decorre – mais informações aqui);

— O festival cultural Portugal-Galiza, que se realizará entre 7 e 22 de fevereiro de 2022, com eventos nas cidades de Braga, Ponteareas, Redondela e Santiago de Compostela (programa). 

7. Os programas Língua de Todos*, da RDP África, e Páginas de Português**, da Antena 2, serão dedicados esta semana à  2.ª Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE), que se realiza em Brasília, de 16 a 18 de fevereiro de 2022 (notícia). O programa Palavras Cruzadas***, por seu turno, centrar-se-á em diferentes questões relacionadas com as sondagens (notícia).

 

*sexta-feira, 11 de fevereiro, às 13h20

**domingo, 13 de fevereiro, às 12h30

 ***de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50

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1. Nos noticiários, multiplicam-se imagens e relatos de conflitos: uns têm natureza político-militar, do Mali ao Iémen, ou da Ucrânia a Taiwan (na Formosa); outros decorrem de um enorme mal-estar social, agravado pela pandemia e pela hostilidade, espontânea ou instrumentalizada, a políticas sanitárias restritivas, como tem sucedido na Europa e agora no Canadá. Por outro lado, avança a vacinação, para já, com vista a saber viver com o coronavírus e as suas inevitáveis mutações, pelo que as autoridades decretam o alívio das medidas de contenção. Entretanto, anunciou-se que a vacina da Moderna se denomina agora Spikeavax; e o diretor-executivo desta farmacêutica bem como o da Pfizer preveem, além de uma quarta dose de proteção, a necessidade de a vacina ser tomada todos os anos. Spikeavax e «vacinação anual» são, portanto, duas expressões relevantes da atualidade que passam a ter entrada na rubrica A covid-19 na língua.

2. Será que a etimologia de uma palavra dá o seu verdadeiro significado? A pergunta é feita no Consultório, a par de outras questões, relativas às áreas da toponímia (o uso de Pousa e a grafia de Xique-Xique), da semântica (os valores das orações concessivas), da morfologia (o sufixo -oca) e da fonologia associada à fonética (a pronúncia do "r forte" em Portugal).

3. O programa da recandidatura do atual presidente do Sporting Clube de Portugal pode salientar-se por vários motivos, mas um deles é linguístico: o excesso de termos em inglês. No Pelourinho, o jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, dedica um apontamento a mais um caso de excessos anglicistas no mundo futebolístico.

4. A propósito da maioria absoluta alcançada pelo Partido Socialista nas eleições legislativas realizadas em Portugal em 30 de janeiro de 2022, a professora Carla Marques reflete sobre os significados da palavra maioria em O Nosso Idioma. Também aqui se disponibiliza uma lista de 20 insultos mais ou menos conhecidos, da autoria do professor José Ferreira e publicado no magazine digital Ncultura em 6 de fevereiro de 2022.

5. Na rubrica Controvérsias, transcreve-se com a  devida vénia a crítica que Miguel Esteves Cardoso, em crónica incluída no Público, em 6 de fevereiro de 2022, dirigiu a um exemplo da inversão do sujeito numa interrogativa global como «Tem a Itália os políticos que merece?». Trata-se da frase que serviu de título a um artigo que o jornalista Jorge Almeida Fernandes assinou no mesmo jornal em 5 de janeiro.

6. Três temas da atualidade que justificam referência:

– A vitória de Portugal, pela segunda vez, na final do Campeonato Europeu de Futsal em 6 de fevereiro de 2022. Sobre esta modalidade, ler "Futsal vs. futebol de salão" (8 de julho de 2009), do jornalista João Querido Manha.

– A preocupação em Portugal com a proliferação das vespas velutinas – ou asiáticas –, que prejudicam gravemente a apicultura e ameaçam a saúde pública, conforme se confirma aqui e aqui. Vespa velutina é o nome científico desta espécie de origem asiática, que compreende várias subespécies, entre elas a introduzida na Europa, a Vespa velutina nigrithorax, conforme se esclarece na página do projeto Gesvespa.

– O Dia Internacional da Língua Grega, comemorado a 9 de fevereiro, lembra a importância do legado do grego antigo em muitas línguas de hoje – para o grego moderno, obviamente, e para muitas outras, incluindo o português. Do grego provém abundante vocabulário científico e não só¹, como é o caso de entousiasmós, «transporte divino», que deu origem a entusiasmo, como lembra o embaixador grego em Lisboa, Ionnis Metaxas, ouvido pelo jornalista Leonídio Paulo Ferreira, no artigo publicado no Diário de Notícias do dia 5 de fevereiro de 2022.

¹ Vide, entre outros textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: Do português ao grego + A influência do grego e do latim no português + «Ver-se grego» + «Presente(s) de grego» A expressão «erro de simpatia» + A etimologia do zoónimo onça  +  Nomes que caranguejam + Hipo- («cavalo») vs. hipo- («inferior, sob»)O significado de teodidata + O termo médico hipospadia + Radicais gregos de doenças + Prefixos gregos e latinos + Dicionário Grego-Português

7. Finalmente, refira-se que as emissões de 7 a 11 de fevereiro do Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho na Antena 2 (às 9h50 e 18h50, de segunda a sexta), são dedicadas ao léxico do mundo mineiro. São conversas à volta da atividade mineira, inspiradas pelas Minas de San Francisco, de Fernando Namora (1919-1989), que relatou a vida em torno das minas da Panasqueira e da aldeia de S. Francisco.
Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Gradualmente, a Europa começa a aligeirar as medidas de restrição associadas à contenção da covid-19. É desta forma que a pandemia parece querer evoluir para um cenário de endemia, obrigando as populações a habituar-se a «viver com o vírus». É esta já a opção da Noruega, idêntica ao que já fora anunciada na Dinamarca e, que, previsivelmente, se alargará aos outros países europeus. Esta é uma das expressões que saltou, desta forma, para as páginas da imprensa portuguesa, dando conta de mais um passo dado no caminho da situação sanitária que domina o mundo. A esta entrada vem juntar-se BA.2, a designação de uma subvariante da ómicron, ambas com registo em A Covid-19 na Língua

*Primeira imagem: arte urbana 

2.  A origem de expressões que fazem parte dos usos correntes do português atual constitui uma das áreas de interesse dos consulentes do Ciberdúvidas. A comprová-lo estão as perguntas relacionadas com as origens do termo «cara-metade» e da expressão «minha joia». Às respostas dadas juntam-se também, nesta atualização do Consultório, esclarecimentos relativos à expressão «elegância florentina», à forma 'sabotear', que não tem registo dicionarístico, à colocação dos pronomes clíticos em contexto de coordenação de orações e ao feminino de nadador-salvador. Fechamos as atualizações com um esclarecimento relacionado com a problemática da expressão do género não binário do ponto de vista gramatical. 

3. Na  rubrica Diversidades, partilhamos uma entrevista ao filólogo e linguista Henrique Monteagudo, na qual, a partir do lançamento do manual O idioma galego baixo o franquismo. Da resistencia á normalización (Galaxia), se aborda a questão da situação do galego face à ação do franquismo (publicada no jornal La Voz de Galicia e aqui transcrita com a devida vénia). 

4. A afirmação da língua portuguesa no mundo é factual e, de acordo com cálculos recentes, poderá atingir até ao final do século a duplicação dos atuais 260 milhões de falantes. É deste facto que dá conta a notícia divulgada no sítio Comunidades Lusófonas (aqui partilhada com a devida vénia). É ainda a questão do português como língua pluricêntrica que dá mote à exposição em linha intitulada «Português, uma língua global», da responsabilidade do Observatório da Língua Portuguesa, que poderá ser visitada virtualmente aqui

5. Entre as notícias relacionadas com o ensino em Portugal, destacamos: 

— Os dados do relatório anual do Conselho Nacional de Educação, que alertam para o facto de Portugal ter poucos professores habilitados para lecionar num futuro próximo e também para a perda de 322 mil alunos numa década (notícia do Diário de Notícias);

— A abertura da 2.ª fase de candidaturas ao Mestrado em Estudos Africanos do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, para o ano de 2022/2023, até 14 de fevereiro (mais informação aqui).

6. Os programas da rádio pública portuguesa sobre o idioma oficial do país da CPLP trazem à antena convidados que abordarão os temas da morfossintaxe nas gramáticas crioulas de base lexical portuguesa* e da ação de formação de curta duração Das Aprendizagens Essenciais às Práticas na Aula de Português**, promovida pela Associação de Professores de Português em 15 de janeiro de 2022.

 

*Programa Língua de Todos, da RDP África (sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022, pelas 13h20, com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00)

 ** Programa Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 6 de fevereiro, pelas 12h30, com repetição no sábado seguinte, 12 de fevereiro, às 15h30)

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1. Em Portugal, apesar da pandemia, da grave crise ambiental e da ameaça bélica na fronteira russo-ucraniana, as atenções viram-se todas para o resultado das eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022, que deram uma inesperada maioria absoluta ao Partido Socialista (PS). Dias antes, António Costa, secretário-geral do PS e primeiro-ministro do governo cessante e do próximo que se constituirá, considerava que «hoje em dia, a maioria absoluta não é um poder absoluto, é ter condições para governar», argumentando que, com Marcelo Rebelo de Sousa, o atual Presidente da República, ninguém acreditaria numa «maioria absoluta que pisasse o risco» (Expresso, 13/01/2022). À expressão metafórica «pisar o risco» depressa se associou no comentário político a figura que vigia e previne essa veleidade, como é o caso em declarações do politólogo e ex-ministro Miguel Poiares Maduro (ver "Nasce Marcelo III, o tutor da maioria absoluta", de Ana Sá Lopes, no Público, em 01/02/2022), que vaticina ao Presidente da República Portuguesa o papel de "tutor" da nova situação política. Sobre a palavra tutor, recordem-se os registos desde o século XIII (com as variantes titor e tetor) e a etimologia latina, de tutor, oris, «guarda, defensor, protetor, curador, tutor», do verbo do latim tardio tuere, «ter debaixo da vista, defender, proteger» (cf. Dicionário Houaiss). Da mesma raiz vem o vocábulo tutela (ibidem). 

Entre respostas e artigos em arquivo, sugere-se também a leitura de "A etimologia de tutor", "Tutoria e tutório", "Tutorial", "Aulas de apoio tutorial", "O plural de aluno-tutorando" e "Tutelado".

 2. Entretanto, da França, chegam notícias de que 232 dias constitui o máximo de duração do resultado positivo em testes à covid-19. Na Dinamarca, impôs-se o basta! às restrições  sanitárias em vigor há praticamente dois anos, com o anúncio oficial de um plano para lhes pôr termo a partir de 1 de fevereiro de 2022 – o que faz deste país o primeiro da União Europeia a ter uma iniciativa do género, logo seguido da Finlândia, mais generalizadamente. Finalmente, a Organização Mundial de Saúde lança um alerta porque o aumento de resíduos médicos produzidos e distribuídos para o combate à pandemia estão a exercer uma pressão preocupante sobre os sistemas da sua gestão, ameaçando o ambiente e a saúde humana. São, portanto, três as novas entradas (em destaque) na rubrica A covid-19 na língua.

3. Ambas introduzem orações concessivas, mas será que a conjunção embora tem a mesma semântica que a locução «mesmo que»? A pergunta faz parte da atualização do Consultório, que inclui ainda questões acerca do feminino de mestre-escola, do significado do nome essa, do verbo caminhar e da sintaxe de haver.

4. Angola afirma cada vez mais a sua personalidade linguística no seio da CPLP, como evidencia o conjunto de estudos intitulado O Português de/em Angola – Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no Ensino (Opção Editora), obra apresentada na Montra de Livros.

5. Na rubrica O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, uma crónica bem-humorada de autoria do escritor Miguel Esteves Cardoso e incluída no jornal Público em 29 de janeiro, a respeito do uso idiomático do demonstrativo isso.

6. Um último registo para a primeira tradução de Os Lusíadas em língua árabe, um trabalho do professor Abdeljelil Larbi (Faculdade das Ciências Humanas e Sociais da Universidade Nova de Lisboa). Mais informação, aqui.

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1. Dia 30 de janeiro realizam-se em Portugal as eleições legislativas antecipadas. Este momento político foi antecedido, como é habitual, por um período de campanha política onde se esgrimiram argumentos e onde não faltaram metáforas de natureza diversa, algumas das quais muito esclarecedoras quanto à intenção de quem as criou ou usou, como assinala a professora Carla Marques neste apontamento dedicado ao tema. 

2. As descobertas científicas relacionadas com a covid-19 não param de evoluir. Desta feita, a comunidade científica veio revelar que a miocardite é 60 vezes mais grave em crianças infetadas com o vírus SARS-CoV-2 que não tenham sido vacinadas. Este termo passa, por esta razão, a integrar A Covid-19 na Língua e a ele juntam-se também «doença residente», fertilidade, superimunidade e «vacina contra a ómicron». 

3. Ao Consultório chegam expressões e provérbios cujo significado se procura determinar. São elas «saco de gatos» e «três vezes na cadeia é sinal de força». Registamos ainda a resposta às seguintes questões: a expressão «banquete pantagruélico» é um pleonasmo? É correto dizer «continente australiano»? Fórmula 1 escreve-se com maiúscula ou com minúscula? A expressão «nos dias úteis» é correta? Existe diferença entre «passear pelo parque» e «passear no parque»? O que são estrofes simétricas?

4. Na rubrica Pelourinho, um título de jornal motiva um apontamento do cofundador do Ciberdúvidas José Mário Costa, dedicado ao uso de insonso, uma variante de insosso, ensosso ou ainda de insulso

5. Entre os artigos relacionados com a língua, transcrevemos, com a devida vénia, os seguintes: 

— A reflexão da professora universitária Margarita Correia sobre as questões de política da língua presentes nos programas eleitorais dos partidos políticos, no Diário de Notícias de 24/01/2022.

— A crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso dedicada à pronúncia de dióspiro, in Público, de 27/01/ 2022.

— O artigo do jornalista Nuno Pacheco sobre as referências feitas pelos partidos políticos ao Acordo Ortográfico de 90 (ibidem).

6. Entre as propostas de interesse para a língua, destacamos a compilação de materiais didáticos disponibilizados pelo Instituto Camões e organizada pela Coordenação do Ensino do Português no Reino Unido e Ilhas do Canal, uma publicação destinada ao ensino-aprendizagem do português como língua de herança e como língua segunda. Referência ainda ao quiz Que palavras conheces de outros países de língua portuguesa?, dinamizado pela Associação de Professores de Português para o Jornal de Notícias

7.  Os programas da rádio pública portuguesa dedicados ao idioma oficial dos países da CPLP da semana presente têm  como tema o ensino do português língua não materna (Língua de Todos, da RDP África, na sexta, 28 de janeiro, às 13h20*) e a linguagem inclusiva (Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 30 de janeiro, às 12h30*). Os chavões usados na comunicação estratégica dão tema ao Palavras Cruzadas (às 09h50 e às 18h50*, de segunda a sexta), que convida a jornalista Alexandra Abreu Loureiro.

Hora oficial de Portugal continental.