Os modismos de linguagem na comunicação social têm, por regra, um efeito pernicioso: de tanto repetidos, não só "eucaliptam" tudo à volta, "secando" por completo outras opções lexicais, melhores, tantas vezes, como, pior ainda, passam a ser usados sem qualquer propriedade. É o caso, entre tantos outros, do verbo despoletar ou da expressão «correr atrás do prejuízo». O mais recente deles é o substantivo insurgente.
O mais recente e... o mais absurdo. Como é possível denominarem-se de insurgentes ou, sequer, de rebeldes grupos cuja suposta "insurreição" é a cruel decapitação de crianças, a matança de populações civis totalmente desprotegidas, semeando à volta a destruição e o terror, como fazem os criminosos jiadistas ligados ao Daesh, no Norte de Moçambique?
P.S. — Relacionados com este disparatado modismo, lá vêm os dois de sempre, nestes contextos noticiosos: o mau uso do adjetivo humanitário, designando indistintamente a tragédia humana decorrente dos mais de 700 assassinados na região e o apoio aos 100 mil deslocados, e o anómalo jihadista...
N.E. (agosto de 2021) — A confusão no emprego de ambos os adjetivos voltou a ser recorrente com o regresso a poder dos talibãs no Afeganistão e o cenário subsequente em matéria dos direitos das mulheres, nomeadamente. Erradamente, por exemplo, quando se refere que a ONU alerta para crise humanitária no Afeganistão e certo quando se escreve "Tragédia Humana iminente" no Afeganistão, ou no caso do acolhimento de refugiadas afegãs: Empresas portuguesas que querem contratar afegãs dizem que vai ser aberto corredor humanitário.