Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Ditosa língua

«O português carregará ainda alguma febre imperial no corpo e é natural que desconfiem dele. Mas acontece que a repressão é mecânica e a língua é biológica. Se chega às terras de outros povos na bagagem do colonizador, em breve sai e se desnuda e se alimenta, e adormece e procria. As armaduras ficam no chão, enferrujadas, podres. A formação orgânica progride.»

 

 

[texto lido pela escritora portuguesa Hélia Correia na entrega do Prémio Camões que lhe foi atribuído por unanimidade do júri, para o presente ano de 2015, no qual confessa a sua  «paixão pela língua portuguesa [que] cega não será, superlativa muito menos [, mas] rica, porque vem das boas famílias dos antigos e o que recebeu multiplicou». A cerimónia realizou-se em Lisboa, no dia 7 p.p., e  o texto, lido na altura, transcrevemo-lo do jornal “Público”.]

Um cubico sem aspas

«Todos naquele cubico são mbora boa gente*. E muitos sabem disso. Podiam andar sem aspas, mas parece que ainda não chegou o tempo. Gírias e calões só na informalidade. Na escola e no trabalho são, por recomendação, evitados. O que me alegra é saber que pelo menos têm terra e são angolanos.»

Assim se refere Edno Pimentel à gíria luandense, que integra um sem-número de palavras de origem banta (do quimbundo e do chócue), contribuindo para definir cada vez mais a identidade do português falado em Angola. Crónica publicada no semanário Nova Gazeta, em 9 de julho de 2015.

* Para os significados de cubico e mbora, consultar o glossário associado ao texto integral.

A saudação «Boas!»

Crónica do escritor português Miguel Esteves Cardoso sobre uma fórmula de saudação que está a disseminar-se coloquialmente, no português de Portugal. Transcrição da sua coluna no jornal Público, em 9 de julho de 2015.

O fantasma dos “biliões” na economia angolana

Aqui há dias, juntou-se à grelha de programas da TPA um “Especial Informação” e, como se previa, os fantasmas voltaram à acção.

A princípio, o debate parecia muito monótono, dava tempo para tirar água às azeitonas, pois nada se perdia. Era fatídico, até mesmo para os olhos, assistir àquele painel de blá-blá-blá...

 

A escorregadela no “explôda”

«(…) O  que é que esta Europa pretende, se pretende que tudo isto explôda, pode ser… Ou então encontrar uma solução para que a Grécia possa estar num quadro mais fácil.»

António Esteves Martins, correspondente da RTP, em Bruxelas, Telejornal da RTP, 5/07/2015

 

 

O uso do hífen segundo o Acordo Ortográfico

«De uso controvertido desde sempre, o emprego do hífen, mesmo com as novas regras definidas pelo recente Acordo Ortográfico, continua criando dificuldades para a compreensão do usuário da língua portuguesa», começa por recordar o autor, nesta excelente sistematização que elaborou, com data de 2008, sobre o que mudou – ou não – com a nova reforma do português escrito, nesta área tradicionalmente problemática, dada a dispersão e incoerência nalguns casos de critérios da norma até aqui em vigor. As regras que prevaleceram e/ou foram mais bem clarificadas – ou não, também... – é o que aqui ele enuncia, com a exposição dividida em duas partes, sob os seguintes subtítulos: «(1) Usa-se o hífen; e (2) Não se usa o hífen.» Em cada tópico acrescentaram-se exemplos e, também, observações consideradas necessárias pelo autor ao esclarecimento de cada um deles.

Segue, na íntegra, com a devida vénia ao professor Roberto Sarmento Lima. (...)

«Alfabetização com

Um erro muito comum, a confusão entre adesão e aderência, cometido desta feita por quem mais obrigação tinha de evitar "misturas" de dois nomes formados a partir do mesmo verbo, aderir. «São, ambos, filhos da mesma mãe, vivem juntos, mas são diferentes», lembra-se nesta crónica sobre o português em Angola, transcrita do semanário Nova Gazeta, de 2 de julho de 2015.

Estamos à altura da língua que temos?<br> Um teste muito simples

Artigo-reflexão da autoria do deputado português José Ribeiro e Castro e publicado no Diário de Notícias, em 31/05/2015, sobre «o último acto de um dossiê deplorável». Trata-se da aprovação, em 10/04/2015, pelo parlamento português, do Acordo relativo ao Tribunal Unificado de Patentes, que impõe o uso do inglês, do francês e do alemão ao regime europeu de patentes, excluindo outras línguas, entre elas, o português.

O que era o machimbombo da Estrela

Machimbombo é uma palavra portuguesa que significa elevador mecânico, mas que caiu totalmente em desuso em Portugal – mas, como se refere nesta anterior resposta, de uso corrente em Angola e em Moçambique.

O que se transcreve em baixo é a história – e a morte – do antecessor do emblemático elétrico 28 de Lisboa, conforme notícia da revista Ilustração Portuguesa n.º 386, em 17 de julho de 1913. Chamava-se, então, "machimbombo da Estrela".

E, do que dela pelo menos parece legítimo concluir, é a comprovação de que a palavra machimbombo, provinda do inglês machine pump, já se usava em Portugal no início do século XX.

A vírgula em 4 regras simples

«A vírgula é um dos elementos que causam mais confusão na língua portuguesa. Pouca gente sabe ao certo onde deve e onde não deve usá-la. O motivo disso é bem simples: sempre nos ensinaram do jeito errado!», começa por lembrar o professor brasileiro André Gazola nesta sua explicação disponível na página Português? É Fácil! – que, com a devida vénia, transcrevemos a seguir, como mais um apontamento sobre o (bom) uso da vírgula e da pontuação em geral [ver Textos Relacionados, ao lado]. Acrescentando, de seguida: «Você deve lembrar da sua professora falando coisas como “a vírgula é usada para indicar pausa”, “prestem atenção em como vocês falam, quando tiver pausa, usem vírgula”. Isso é besteira, pois cada um de nós fala de um jeito diferente, usa pausas diferentes e, basicamente, decide como quer falar. Mas não podemos simplesmente decidir onde vai e onde não vai vírgula. Ela tem poder demais para ser arbitrária. Quer ver o poder da vírgula? Assista [a este] vídeo [em baixo]*.»

O vídeo e o texto que assinalaram os 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) já o tínhamos disponibilizado nesta mesma rubrica, aqui.