O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
«Sem eira nem beira»
As prováveis origens de uma expressão popular

«Não ter eira nem beira» significa «ser muito pobre». Mas que têm as palavras eira e beira que ver com a pobreza? Um apontamento do historiador almadense Alexandre M. Flores dá conta do enquadramento histórico-cultural desta expressão.

De migas e sopa
História(s) da comida contada(s) por duas palavras

A palavra miga tem uma história antiga, que remonta ao latim, mas aquilo que denomina – um pedacinho de pão – é também velha presença na alimentação quotidiana, trazendo ecos do mundo rural. E quem fala de migas fala de sopas, como mostra o tradutor português Vítor Santos Lindgaard no apontamento que a seguir se transcreve, publicado no blogue do autor, Travessa do Fala-Só, em 2 de setembro de 2019.

Nove expressões populares <br> que nasceram no Brasil escravocrata
Ecos da história na língua em uso

«A dar com pau», «bucho cheio»,«disputar a nega», «nas coxas»«meia tigela» ou «para inglês ver» fazem parte, há muito, da linguagem popular de qualquer falante do português. Poucos saberão, no entanto, que elas chegaram até nós de um ignominioso e bem longo período da história do Brasil: a escravidão. 

[texto transcrito do portal brasileiro Vermelho, com a data de 4 de julho de 2019.]

Almece e atabefe *
Duas palavras de origem árabe que querem dizer o mesmo no Alentejo

É sabido que a herança da língua árabe perdura no centro e norte de Portugal através dos muitos empréstimos que o português, no seu período de formação, absorveu ao longo da  Idade Média. Almece e atabefe são dois exemplos, como denominações de produtos do leite, para surpresa do escritor português Miguel Esteves Cardoso, conforme relata na crónica que escreveu para o jornal Público do dia 25/01/2019**, com o título "Ou atabefe".

 

**Manteve-se a norma seguida no diário português, anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

42 belíssimas palavras que deixaram de ser utilizadas
Palavras que caíram no esquecimento.
Por VxMag

Lambisgoia, lanfranhudomalotapoloremeladosebasirigaita e suso são algumas das 42 palavras que caíram em desuso com o tempo – como se aponta neste  texto em linha no portal  Vortex Magazine, a seguir transcrito na íntegra, com a devida vénia.

 

Relógio
As origens metafóricas do instrumento que mede o tempo

As metáforas não são apenas artifícios possibilitados pela linguagem. Os instrumentos denominados relógios – do grego hōrológion, «quadrante solar em que se lê a hora», por via latina – são também «[...] metáforas porque fazem a mesma operação, no plano dos objetos, que as palavras fazem no plano do texto», revela a cronista brasileira Sofia Nestrovski, autora do artigo que, com a devida vénia a seguir se transcreve, do jornal Nexo (em 20/01/2019).

A linguagem do Natal
Da etimologia à pressão dos galicismos

Num texto de 1941 e retirado de Língua e Má Língua (1944), o escritor e jornalista português Agostinho de Campos (1870-1944) dava conta da etimologia do nome próprio Natal, comparando-o com os de outras línguas de origem europeia: Navidad, em castelhano; Noël, em francês; Natale, em italiano; Christmas, em inglês; Weihnachten, em alemão. Foca também a origem do vocábulo consoada, ainda hoje referente ao jantar da véspera de Natal. O autor identifica depois alguns aspetos da pressão que o francês exercia então na denominação de vários momentos desta quadra festiva.  Alguns termos ainda hoje perduram em Portugal, como sejam Pai Natal (no Brasil, Papai Noel), ao que parece uma adaptação de Père Noël, e o galicismo réveillon, para designar a festa da passagem de ano. Manteve-se a ortografia do original.

Porque se chama <i>canícula</i> ao período mais quente do ano?
A história de uma palavra com raízes na astronomia popular e nas crendices

A palavra canícula, geralmente entendida como «calor muito forte», encerra toda uma história que remonta à Antiguidade romana e à sua visão do universo. É o que conta neste texto e Guilherme de Almeida, professor aposentado e especialista em Física, autor, entre outros, do livro Grandeza e Unidade Físicas – terminologia, símbolos e recomendações.

«Sai-nos do couro»
A antiga significação de alguns vocábulos do campo lexical do trabalho

O escritor e humorista Miguel Esteves Cardoso revela* a ironia associada à etimologia de algumas palavras do campo lexical do trabalho.

* in jornal "Público" do dia 23 de setembro de 2018

A volta do y, do k e do w

« (...) Portugal decretara o fim do y (e do k, do w, do ph, do th, dos mm, dos mn e dos nn) na sua grande reforma ortográfica de 1911 que o Brasil, teimoso e desobediente, não seguira. Com isso, naqueles primórdios do século, o milenar Portugal já modernizara a sua língua enquanto o Brasil, que se julgava avançado e do Novo Mundo, continuara a escrever coisas como phonographo, Nictheroy e hypertrophia. Para piorar, condenara seus Ruys a um lado do Atlântico enquanto os Ruis ficavam do outro. (...)»

Assim se confessa o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro, que, em crónica publicada no Diário de Notícias de 2 de setembro de 2018, conta o que tem sido escrever o seu nome próprio com y no meio dos (des)entendimentos ortográficos entre o Brasil e Portugal.