O nosso idioma // Neologismos Como falar buzinês Um código para o uso da buzina «[E]stou a aprender a linguagem portuguesa da buzinação e já vi que não será nesta vida que eu hei-de dominá-la» – lamenta o escritor Miguel Esteves Cardoso, que fala de um código para o uso da buzina do automóvel, o «buzinês», e cria termos para dois tipos de buzinadela – «cortinadela» e «curtinatória». * in jornal Público de 9 de julho de 2021. Miguel Esteves Cardoso · 12 de julho de 2021 · 2K
O nosso idioma // Neologismos A família "covid" Neologismos formados a partir de covid A dinâmica lexical, motivada pela pandemia, tem trazido novas palavras ao léxico português. Em particular, a palavra covid tem gerado uma família de palavras que se vai alargando de tal forma que já se fala em "covidês" (a língua da covid). Crónica da autora , emitida no programa Páginas de Português do dia 21 de janeiro, na Antena 2. Carla Marques · 15 de fevereiro de 2021 · 1K
O nosso idioma // Neologismos O que é colorismo? Discriminação pelo tom de pele Em torno da discriminação pela cor de pele, a jornalista brasileira Layane Moises Coelho define não só a expressão colorismo, «(...) usado frequentemente refere-se ao modo como cada indivíduo é tratado, dependendo do tom de pele», como traz para o centro da mesa outros termos relacionados com o tom de pele e, consequentemente, com a discriminação racial. Artigo de opinião originalmente publicado no jornal eletrónico Voz das Comunidades no dia 21 de fevereiro de 2019. Layane Moises Coelho · 22 de outubro de 2020 · 6K
O nosso idioma // Neologismos A uberização do karma O neologismo que conduz o destino da atualidade política brasileira Para o jornalista português João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, tem-se assistido nos últimos anos à uberização da vida política do Brasil, isto é, muitos políticos brasileiros parecem conduzidos por atos de traição e vingança, consumados de forma pronta, ironicamente ao estilo do serviço de transporte Uber. Crónica que o autor publicou no referido jornal em 30 de abril de 2020 e que aqui se transcreve com devida vénia. A forma karma, que é a do original transcrito e está registada como estrangeirismo, tem um aportuguesamento já dicionarizado: carma (cf. Dicionário Houaiss). Quanto ao título, ocorre o termo uberização – que pressupõe o verbo uberizar, um derivado no nome Uber –, pelo qual se entende o negócio apoiado nas tecnologias móveis que liga, através de uma plataforma digital, o consumidor ao fornecedor de produtos e serviços de forma personalizada e o mais diretamente possível (cf. Alexandra Leitão, "Uberização da economia", Jornal Económico, 05/09/2017). O nome comum e o verbo donde procede têm também sido empregados em tom crítico, porque a oferta de serviços pelas plataformas digitais acaba por se tornar frequentemente uma estratégia empresarial para fugir às responsabilidades sociais decorrentes da admissão de trabalhadores (muitas vezes chamados "colaboradores"; cf. Safaa Dib, "A uberização desregulada do trabalho", Jornal Económico, 17/01/2020). João Almeida Moreira · 7 de maio de 2020 · 2K
O nosso idioma // Neologismos Desconfina-me À volta de recentes usos da derivação do confinamento imposto pelo covid-19 A pandemia de covid-19 obrigou ao confinamento, e a este sucede afora o desconfinamento, palavra que até há poucas semanas só existia como possibilidade. Crónica publicada no jornal Público no dia 5 de maio de 2020. Miguel Esteves Cardoso · 6 de maio de 2020 · 3K
O nosso idioma // Neologismos O entãosismo A propósito dos debates à volta da atualidade política internacional na Europa, o historiador e cronista* Rui Tavares cria o neologismo entãosismo, com base no marcador discursivo «e então...?» e para traduzir o inglês whataboutism, termo aplicável a uma variante do argumento tu quoque, isto é, um contra-argumento falacioso através do qual se acusa o interlocutor de não praticar o que diz. * in jornal "Público" de 31 de agosto de 2018. Rui Tavares · 2 de setembro de 2018 · 5K
O nosso idioma // Neologismos Covfefe – o gerador de patetice O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, rematou uma das suas mensagens de Twitter com a forma "covfefe", que, não sendo palavra reconhecida do inglês, logo suscitou numerosas reações a respeito do que poderia ser. Gralha, lapso, neologismo arbitrário e idiossincrático? Há quem considere que foi simples erro de digitação, por coverage, o mesmo que «cobertura jornalística»*; mas o que o historiador e político português José Pacheco Pereira aí deteta é um sinal preocupante de crescente e perigosa loucura: «[...] Ele é Presidente dos EUA e o que diz e o que escreve tem sempre enorme importância, visto que o faz com os mesmos dedinhos com que pode digitar os códigos nucleares. E se ele estiver doido?» Texto publicado no jornal Público em 3/06/2017, que a seguir se transcreve na íntegra, com a devida vénia. *N. E. (11/06/2017) – Pode também tratar-se de deturpação fónica e gráfica de kerfuffle, usado no inglês britânico no sentido de «confusão; agitação desnecessária» (dicionário de inglês-português da Porto Editora). Agradece-se à Dr.ª Rosalina Goulão a chamada de atenção para esta explicação, bastante plausível. José Pacheco Pereira · 3 de junho de 2017 · 5K
O nosso idioma // Neologismos Venha o zangativo Crónica irónica do autor no jornal Público de 1/03/2017, apelando à consagração adjetivo "zangativo": «É pena não existir. (...) Já não há paciência para alternativas rebuscadas como insuportável ou encanitante. A pessoa que não se irrita nem se enfurece continua a ter o direito de se zangar, muito simplesmente. (...)» Miguel Esteves Cardoso · 1 de março de 2017 · 2K
O nosso idioma // Neologismos O feminino da palavra bispo A propósito da recente nomeação de uma mulher para ocupar o cargo de bispo na Igreja Anglicana, na Inglaterra, levantou-se o problema da sua designação em português: a episcopisa ou a bispa? Maria Regina Rocha · 26 de janeiro de 2015 · 63K
O nosso idioma // Neologismos A barafunda entre islamitas e islamistas Apesar de palavra controversa (ver Ainda o termo "islamista" vs. Islami(s)tas? + Textos Relacionados), a verdade é que islamista se tem imposto por permitir fazer mais facilmente a destrinça entre um muçulmano e aquele que «utiiza o islão como arma política». Ou seja: a diferença não é linguística, mas política – como observa o jornalista Wilton Fonseca em mais uma crónica publicada no jornal i. Wilton Fonseca · 10 de outubro de 2014 · 10K