No documentário “Spartacus – por detrás do mito”, transmitido na RTP-1 em 12 de Dezembro p. p, com tradução de Maria João B. Reis e locução de Eládio Clímaco, houve algumas incorrecções no domínio da língua portuguesa.
Em primeiro lugar, poderá questionar-se a utilização do termo Spartacus, já que existe em português a respectiva tradução: Espártaco.
Depois, há que referir a palavra elite, que foi pronunciada como esdrúxula (“élite”) na frase «Não é de certeza o suficiente para perturbar a vida quotidiana da elite de Roma». Embora o e inicial seja aberto, como se trata de uma palavra grave, a sílaba tónica é a penúltima (-li-).
De seguida, a palavra líderes («Os líderes romanos começam a ter dificuldade em reagir adequadamente ao perigo que enfrentam») foi pronunciada com a quase supressão da vogal e da penúltima sílaba. Ora, esta vogal deverá ser pronunciada (lí-de-res, e não “lídres”), tal como em cadáveres
As últimas observações incidem sobre os termos “statu”, “crucifixão” e “crucifixados”.
Não existe em português o termo “statu”, utilizado na frase «Ele sabe que, para o homem que salvar Roma, haverá honrarias, poder e “statu”»: ou se utiliza o termo latino (o ‘status’) ou uma palavra portuguesa (prestígio, distinção).
Os outros dois termos foram assim utilizados: «A crucifixão é um castigo que é aplicado aos escravos. Os cidadãos romanos não são crucifixados (…)»
Nada a obstar sobre a opção crucifixão (do latim ‘crucifxio, -onis’), em detrimento da variante mais popular crucificação. Mas onde terão a tradutora e o locutor descoberto o verbo “crucifixar”, em vez de crucificar?!
Só mesmo para crucificarem a língua…