Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Nas Breves do Expresso de 24 de novembro de 2012 (Primeiro Caderno, p. 11) diz-se:

«AUTÁRQUICAS — Isabel Magalhães, independente, ex-bastonária de Jorge Sampaio em Cascais e ex-vereadora da oposição (eleita nas listas do CDS) no mandato de José Luís Judas, vai candidatar-se a Cascais.»

«Falar repetidamente» de um determinado assunto nada tem que ver com «falar consecutivamente» sobre esse mesmo assunto como se aponta neste texto publicado no jornal i do dia 19 de novembro de 2012, que a seguir se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao díário português.

 

Um  lagar posto a

Em matéria de língua portuguesa, basta estar atento e o insólito aparece mesmo nas situações mais inesperadas. Surge onde está a linguagem e esta está por todo lado. Um dia destes à mesa dei comigo a ler o contrarrótulo de uma garrafa de azeite Esporão. O texto rezava assim:

Não há corretores ortográficos e sintáticos perfeitos. E, um vaticínio: ainda que evoluam muito, atentas as quase infinitas variáveis da língua, os corretores automáticos nunca conseguirão substituir integralmente a revisão humana. Ela irá porventura ser cada vez menos necessária para os erros ortográficos e para alguns erros sintáticos, mas irá ser sempre necessária para assegurar textos gramaticamente escorreitos. Os corretores automáticos poderão, porém, libertar a revisão humana da sua fe...

«O prazo pode determinar a validade, a validade não afecta o prazo», alerta o jornalista Wilton Fonseca, a propósito da frase «[os medicamentos] estão próximos do prazo de validade». In jornal "i" de 12/11/2012.

 

 

A questão é o «prazo de validade», ou a maneira como uma simples notícia – a criação de um banco de medicamentos e produtos de saúde para os mais carenciados – pode ser transformada num quebra-cabeças.

A diferença entre ambos os verbos, neste apontamentodo jornalista Wilton Fonseca, publicado no jornal i, a propósito de uma outra palavra mal utilizada pelo primeiro-ministro português.

 

Com a sua “refundação”, Passos Coelho mostrou mais uma vez a pouca familiaridade com que ele e o seu Governo tratam a língua portuguesa. A incapacidade de exprimir claramente uma ideia demonstra incapacidade mental e ideológica.

«Acontecimento maior do noticiário internacional da altura, a discussão do orçamento espanhol “virou” discussão “dos pressupostos espanhóis”». Uma má tradução reveladora da falta do serviço regular da agência de notícias portuguesa, em greve nesse dia.

 

Erros maciços

Há dias, percorrendo a programação dos diferentes canais de televisão disponibilizada pela Zon, deparei-me com esta sinopse do filme Terramoto no Gelo (15 de outubro de 2012):

«Na véspera de Natal uma massiça placa de gelo colapsa na Russia provocando uma onda de choque por todo o Alaska deixando uma família isolada no meio da neve dependendo de si mesmos para sobreviver.»

«Depois do quase total desaparecimento da prosa por assim dizer jornalística (e “jornalística” é o pior que se pode dizer de uma prosa) do ponto e vírgula, das perifrásticas, dos tempos composto e, de um modo geral, de tudo o que vá além do pretérito perfeito e do modo indicativo (sobrevivem ainda, penosamente, uma ou outra incursão no condicional ou no futuro), parece que a “smsização” da língua chegou aos sinais de pontuação.»

 

«Que o português da malta da TV importe (via Brasil, pagando duas vezes direitos alfandegários linguísticos) uma pronúncia inglesa para uma palavra latina já é (como a outra dizendo saine die) idiotice de mais.»

Sérgio de Andrade publicou ontem no JN uma excelente crónica acerca dos papagaios de TV que pronunciam “Éme Ai Ti”, “Efe Bi Ai” e “Ci Ai Ei”, em vez de MIT, FBI e Cia, com o que hão-de auforicamente sentir-se como ...