Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Blanqueta — o que significa?

Resposta:

O Dicionário Eletrônico Houaiss regista o termo blanqueta (das artes gráficas) e diz que se trata de «película de borracha natural ou sintética que reveste o cilindro impressor das máquinas offset, transfere da matriz para o papel a imagem a ser impressa»; e acrescenta que é de «origem obscura».

O Aulete Digital atribui-lhe o mesmo significado, embora diga que deriva «do ing[lês] blanket».

Por sua vez, o Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, regista blanqueta, mas como vocábulo de Moçambique, também oriundo «do ing[lês] blanket», e diz que é «cobertor; manta».

Pergunta:

Existe "sabaeno" como sinônimo de "sabeu" ou "sabeísta", sendo estes últimos gentílicos do antigo País de Sabá?

Muito obrigado.

Resposta:

O Dicionário Eletrônico Houaiss regista o adjectivo e substantivo (nome) de dois géneros sabeu (do «lat[im] sabaeus,a,um "id."; f[orma] hist[órica] 1572 sabeas adj[etivo] fem[inino], 1720 sabêos, 1881 sabeus subst[antivo]»), tratando-se de «relativo ao antigo país de Sabá, no Sul da Arábia, ou o seu natural ou habitante» e «diz-se [ainda] de ou membro de antiga seita astrólatra que existia no Islã». Acolhe também sabeísta (de «sabeu + -ista») e sabeítasabeu + -ita»), mas esta última é forma não preferível. Define sabeísta, adjectivo, como «relativo ao sabeísmo» e, na qualidade de adjectivo e substantivo (nome) de dois géneros, «sectário do sabeísmo» ou «relativo ao antigo reino de Sabá, Sudoeste da Arábia, ou o seu natural ou habitante». O dicionário não acolhe "sabaeno".

O Dicionário da Língua Portuguesa 2008, da Porto Editora, também regista os três vocábulos, mas considera sabeu (adjectivo), tal como o Houaiss, «pertencente ou relativo ao reino de Sabá, no Sudoeste da Arábia antiga» e, na qualidade de nome (substantivo), «indivíduo pertencente ao povo dos Sabeus»; e «natural ou habitante de Sabá; sabeíta». Diz ainda que sabeíta é um adjectivo, tratando-se de «que ou pessoa que professa o sabeísmo». Quanto a sabeísta, regista o termo, mas remete para sabeíta, o termo preferível, segundo este dicionário. Também não acolhe "sabaeno".

Pergunta:

Eu queria saber o significado do «calhar que nem ginjas» e «que nem ginjas». É que escrevo um trabalho científico sobre fraseologismos gastronómicos e me resulta muito difícil encontrar a informação sobre fraseologismos portugueses. Também queria saber se em português existe «ir às cerejas» e se sim, o que quer dizer esse fraseologismo?

Obrigada!

Resposta:

O Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, de Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira, edição da Papiro Editora, regista a expressão «cair que nem ginjas», com o significado de «ser óptimo, excelente; ter bom sabor».

O Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, editado pela Editorial Notícias, acolhe «cair que nem ginjas» («cair bem») e «calhar que nem ginjas» («vir muito a propósito»); substancialmente, querem dizer a mesma coisa.

Não encontrei a expressão «ir às cerejas» nas obras consultadas; no primeiro dicionário referido, apareceu-me, sim, a expressão «como cereja no cimo do bolo», significando «em pleno; a matar; excelente; em cheio».

Pergunta:

Sempre referi como «condições atmosféricas», por exemplo, um temporal ou uma trovoada. Ultimamente tenho sido corrigida por pessoas, que me dizem serem essas «condições climatéricas» e não «atmosféricas». Isso vai contra o conceito de transitório que associava às condições atmosféricas.

Neste caso, o que é que está correcto?

Resposta:

Por extensão de sentido, atmosfera também é «conjunto de condições meteorológicas; tempo, ar, céu».

Assim, a expressão «condições atmosféricas» parece-me aceitável, dado que se trata das circunstâncias referentes ao conjunto de condições meteorológicas.

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

Cf. O que é verdade e mito nos provérbios populares sobre o clima

Pergunta:

Gostava de saber qual é a forma correcta: «normas "reguladoras"», ou «normas "regulatórias"». Ambas são válidas?

Grato pela atenção.

Resposta:

As obras consultadas não registam a palavra regulatório. Por outro lado, como todas acolhem o adjectivo e substantivo (nome) regulador, datado, na qualidade de substantivo, de 1789, parece-me que a forma preferível é «normas reguladoras».

[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]