Pergunta:
Estive a rever o Acordo Ortográfico devido a uma dúvida de tradução e fiquei com a sensação de que «príncipe-consorte» deveria estar unido com um hífen, mas a verdade é que na imprensa portuguesa encontro a expressão sobretudo sem ele.
Podem esclarecer-me, por favor?
Muito obrigado!
Resposta:
As associações de nome e adjetivo não são necessariamente escritas com hífen. A hifenização destes casos não é imposta por uma regra ortográfica, mas, sim, pela tradição de registo dicionarístico1. Por outras palavras, uma sequência de nome+adjetivo terá hífen se for considerado um composto; se não, então não se hifeniza. Existe, portanto, uma tarefa classificatória cujos critérios formais e semânticos são anteriores às regras ortográficas.
No caso de «príncipe consorte», não há lugar a hífen, tal como não se usa este sinal em «príncipe regente», «príncipe real» ou «príncipe imperial». Deste uso, é possível inferir que se tem considerado que estas sequências de nome+adjetivo são associações livres (ou quase) que ainda não têm significado verdadeiramente autónomo – por muito subjetivo que seja este juízo. Acrescente-se que consorte é um adjetivo dos dois géneros, equivalente a sócio, parceiro, cônjuge.
1 A Base XV do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, assim como a norma de 1945, refere compostos de nome+adjetivo, mas não deixa explícitos os critérios que permitem distinguir estes compostos das associações livres de nome+adjetivo.
Fontes: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2002),