Pergunta:
Eu repito o substantivo ou o adjetivo que vem após o prefixo («intraurbano e interurbano», «microempresa e pequena empresa»). Mas, para os usuários da língua, ao menos aqui no Brasil, parece aceitável dotar o prefixo de certa autonomia.
Seria recomendável adicionar um hífen, nesse caso: «intra- e interurbano», «micro- e pequena empresa»?
Noto que micro e macro tendem a ter vida autônoma no futuro, pois já leio: «problemas macro», «numa visão micro».
Obrigada!
Resposta:
A escrita do uso em questão não tem ainda regra nem critério normativos.
Na oralidade, quando duas palavras derivadas por prefixação têm a mesma base e ocorrem coordenadas (por exemplo, «intraurbano e interurbano»), tem-se tornado frequente usar sozinho o prefixo da primeira em lugar da sua forma integral (como em «"intra" e interurbano», sendo "intra" uma elipse de intraurbano). Este processo lembra o que se verifica com uma sequência de advérbios de modo coordenados («cómoda e rapidamente», em vez de «comodamente e rapidamente»), com a diferença de, neste caso, a forma reduzida do primeiro advérbio ser marcada pela base da derivação (ou seja, «cómoda», substituindo «comodamente»), e não pelo sufixo (não se diz *«mente e rapidamente»).
Na escrita, a ortografia (tanto a do Acordo de 1990 como a anterior norma, de 1945) não prevê a possibilidade de um prefixo subentender uma palavra derivada inteira, mas, querendo evitar uma sequência coordenada como «intraurbano e interurbano»1, na qual se repete o adjetivo urbano, oferecem-se duas opções:
a) grafa-se o prefixo com hífen como se o mencionássemos («o prefixo intra-»), de modo a indicar o seu estatuto de forma não autónoma (ou presa): «intra- e interurbano»;
b) porém, visto que há prefixos que se comportam como formas autónomas («problemas macro»), pode aceitar-se que o prefixo com função elíptica também pode grafar-se como palavra autónoma, o que legitima «intra e interurbano», sequência em que intra ocorre sem hífen.
Quanto à situ...