Saramago, o Ibérico
«Os romances mais recentes de José Saramago contêm centenas de espanholismos. Não estranhamos. O castelhano foi sempre uma fonte onde [nós, os portugueses] saciámos a sede. Mas o atenuar das fronteiras económicas pode acelerar o processo. É isso o que desejamos?»
Artigo do crítico literário e professor universitário português Fernando Venâncio, publicado originariamente no semanário "Expresso" de 1 de de Abril de 2006....
Textos publicados pelo autor
Saramago, o Ibérico
«Os romances mais recentes de José Saramago contêm centenas de espanholismos. Não estranhamos. O castelhano foi sempre uma fonte onde [nós, os portugueses] saciámos a sede. Mas o atenuar das fronteiras económicas pode acelerar o processo. É isso o que desejamos?»
Artigo do crítico literário e professor universitário português Fernando Venâncio, publicado originariamente no semanário "Expresso" de 1 de de Abril de 2006....
Houaiss e a grandeza
O maios e o menos do pretendido «dicionário da lusofonia»
«Publicado no Brasil, em 2001, em papel e CD-ROM, o [Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa] comporta 228 000 termos diferentes. E, visto muitos deles terem mais de uma acepção, atinge 380 000 definições. É obra, e ficamos todos bem-vistos. Tendo-se querido obter "um dicionário da lusofonia", foram reunidos vocábulos de todos os países de língua oficial portuguesa, e é patente uma especial atenção à linguagem de Portugal. [Porém,] as novidades da edição portuguesa,...
A «contextura», um conceito polémico no século XIX
Segundo o ensaísta António Feliciano de Castilho, é na sintaxe que se encerra o «génio» da língua. As leis que comandam as conexões entre as formas elementares do idioma são, não apenas de difícil revogação, senão mesmo garantia de estabilidade das marcas distintivas do mesmo. É, porém, no prolongamento desta coesão sintáctica que se estende um domínio ainda mais individualizante, e por isso exactamente de maior melindre. Denomina-o Castilho, com outros autores, umas vezes «construção», outra......
A incerteza em linha
No «Alfa» para o Porto, o revisor, ar compenetrado mas afável, vem verificar o bilhete. Devolve-lho com um «Muito obrigado», uma cortesia que só fica bem à empresa. No banco ao lado, segue uma senhora. Ao entregar-lhe o bilhete, o revisor diz: «Muito obrigada». Um casal mais à frente receberá do revisor um convicto «Muito obrigados». O viajante ainda pensou armar-lhe uma espera, a instruí-lo, mas hoje prefere imaginar que, todos os dias, anda um senhor revisor, país acima país abaixo, adaptan......
