José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Erro dito, erro (não) publicado?

«Alguma vez sente que Portugal é muito pequeno para si?

Não sei... Às vezes há coisas que gostava de fazer e [penso] que se calhar não são tão aceitáveis. Isso talvez vá de encontro à pergunta. Mas nós vamos crescendo e, sobretudo com a Internet, o mundo tornou-se muito pequenino. Há tipos na Malásia que eu considero meus vizinhos, porque hoje praticamente vemos as coisas a acontecer em direto.»

(...)

Pergunta:

Vejo frequentemente, em jornais e televisão, mulheres serem designadas simplesmente pelo apelido («Albuquerque vai a Paris...»), em vez do nome próprio. Creio que a regra em português é os homens poderem ser tratados dessa forma, mas não as mulheres. Parece-me, pois, puro sexismo e imitação de hábitos e regras de outras línguas, para além de retirar clareza ao dito/lido. Acontece-me, por vezes, só perceber a meio do texto que se trata de uma mulher e não de um homem!

Agradeço a vossa resposta a este assunto.

Resposta:

Na escrita jornalística é corrente dar-se às mulheres com cargos políticos ou outros de relevância pública o mesmo tratamento conferido aos  homens – por regra, identificados primeiro pelo nome completo como são conhecidos e, ao logo do texto (até por razões de encurtamento de palavras e de economia de espaço), apenas pelo apelido1. Com uma condição, porém: o apelido tem de ser facilmente reconhecível de quem se fala.

Por exemplo:  Aníbal Cavaco SilvaCavaco SilvaCavaco (nunca só Silva); ou:  José MourinhoMourinho.

Não é o caso referido pela consulente. A ministra portuguesa das Finanças não é reconhecida no país só pelo respetivo apelido, mas pelo nome + apelido: Maria Luís Albuquerque. Quem a identificaria na frase referida («Albuquerque vai a Paris…»)?

Ao contrário, por sinal, da sua antecessora, Manuela Ferreira Leite – cujo apelido, Ferreira Leite, é suficientemente clarificador de quem se tratava, se acaso o nome fosse omitido no decurso de uma eventual notícia com ele relacionada: Manuela Ferreira LeiteFerreira Leite.

É exatamente esse ponto – a perceção imediata de quem ou do que se fala, sem margem nenhuma de dúvida ou ambiguidade – uma das regras basilares de qualquer notícia.

Pergunta:

Qual é a origem da palavra Magriços utilizada aquando do Mundial de futebol de 1966?

Resposta:

Como poderá ver aqui e aqui, o nome dado aos jogadores da seleção de Portugal que disputou o Campeonato do Mundo de Futebol de 1966 baseou-se no episódio de Os Doze de Inglaterra, descrito por Camões no canto VI de Os Lusíadas. E, mais concretamente, num desses 12 cavaleiros do tempo do rei D. João I (1357-1433) que viajaram até Inglaterra para participarem num torneio em defesa de 12 damas inglesas que não tiveram quem, no seu próprio país, lhes defendesse a honra ofendida por outros tantos nobres seus conterrâneos. Chamava-se Álvaro Gonçalves Coutinho, mais conhecido como Grão Magriço (ou simplesmente o Magriço).

«Parece-nos, de facto, muito apropriada a ideia na medida daquilo que o Grão Magriço1 representa, o belo episódio que Luís de Camões canta em Os Lusíadas, um autêntico desportista que vai jogar a Inglaterra... e até ganhar» — escrevia em julho de 1966 o jornal A Bola, explicando a adoção do nome "Magriços", pela Federação Portuguesa de Futebol, para os jogador...

Pergunta:

Tenho particular interesse em conhecer a origem da expressão «pagar o pato» com sentido de «sofrer as consequências de atos praticados por outra pessoa» ou «pagar as despesas feitas por outra pessoa». Uns dizem que a palavra pato que aparece na expressão designa literalmente a ave aquática; outros estudiosos, porém, veem na palavra uma simplificação, por síncope, da palavra pacto. Afinal, qual a origem desta expressão?

Resposta:

Não há consenso sobre o significado preciso da expressão popular «pagar o pato» e, tão-pouco, quanto à sua real origem – tantas e tão diferentes são as explicações encontradas nas fontes consultadas, portuguesas ou brasileiras.

 

Significado:

•    «1) Sofrer as consequências de actos praticados por outra pessoa; 2) Pagar as despesas feitas por outra pessoa» [Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas, de António Nogueira Santos, Edições João Sá da Costa, Lisboa].

•    «Ser vítima, sofrer as consequências» [Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões, ed. Perspectivas e Realidades, Lisboa].

•    «O mesmo que que pagar as favas (= pagar o outrem fez)» [Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, Notícias Editorial, Lisboa].

•    «(...) Levar a culpa de mau feitio. Nota: A palavra pato nesta locução, segundo João Ribeiro (Frases Freitas – I – 92 ...

Uma rajada de

A errada pronuncia do plural da palavra acordo, neste  triplo tropeção do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,no papel de comentador político na SIC Notícias