Pergunta:
Vejo frequentemente, em jornais e televisão, mulheres serem designadas simplesmente pelo apelido («Albuquerque vai a Paris...»), em vez do nome próprio. Creio que a regra em português é os homens poderem ser tratados dessa forma, mas não as mulheres. Parece-me, pois, puro sexismo e imitação de hábitos e regras de outras línguas, para além de retirar clareza ao dito/lido. Acontece-me, por vezes, só perceber a meio do texto que se trata de uma mulher e não de um homem!
Agradeço a vossa resposta a este assunto.
Resposta:
Na escrita jornalística é corrente dar-se às mulheres com cargos políticos ou outros de relevância pública o mesmo tratamento conferido aos homens – por regra, identificados primeiro pelo nome completo como são conhecidos e, ao logo do texto (até por razões de encurtamento de palavras e de economia de espaço), apenas pelo apelido1. Com uma condição, porém: o apelido tem de ser facilmente reconhecível de quem se fala.
Por exemplo: Aníbal Cavaco Silva… Cavaco Silva… Cavaco (nunca só Silva); ou: José Mourinho… Mourinho.
Não é o caso referido pela consulente. A ministra portuguesa das Finanças não é reconhecida no país só pelo respetivo apelido, mas pelo nome + apelido: Maria Luís Albuquerque. Quem a identificaria na frase referida («Albuquerque vai a Paris…»)?
Ao contrário, por sinal, da sua antecessora, Manuela Ferreira Leite – cujo apelido, Ferreira Leite, é suficientemente clarificador de quem se tratava, se acaso o nome fosse omitido no decurso de uma eventual notícia com ele relacionada: Manuela Ferreira Leite… Ferreira Leite.
É exatamente esse ponto – a perceção imediata de quem ou do que se fala, sem margem nenhuma de dúvida ou ambiguidade – uma das regras basilares de qualquer notícia.