José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Porquê <i>jiadista</i>, e não

Versão integral da carta enviada ao semanário Expresso, que a publicou (com cortes de vários extratos) na edição de 25 de outubro de 2014 – em resposta ao que escrevera uma semana antes a colunista Ana Cristina Leonardo, no caderno Atual, sobre o Ciberdúvidas e o que aqui se recomendava quanto à grafia “jihadista"/jiadista. Acrescentou-se, no fim, uma nota a este esclarecimento.

 

O anómalo

Desde a reforma ortográfica de 1911 que deixou de haver palavras com o "h" entre vogais. Por isso, passou a escrever-se (em vez de ahi), coerente (em vez de coherente), exortar (em vez de exhortar), inibir (em vez deinhibir), proibir (em vez de prohibir), sair (em vez de sahir) – ...

O misterioso CPP... quê?

Paulo Pena e José António Cerejo

Público, 27/09/2014

Pergunta:

Diz-se «alarde ao», ou «alarde do»?

Obrigado.

Resposta:

Vejamos estas abonações de clássicos da literatura portuguesa, transcritos no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa (2001), na entrada alarde, alardo [«(do árabe al-ard, "exibição", "revista militar"). Exibição aparatosa; acto de alardear. = aparato, jactância, ostentação ≠ discrição»]:

«Não por alarde de honras, nem pelo luxo da farda» (Eça de Queirós, A Relíquia, pág. 78).

«Fazia alarde das suas conquistas amorosas.»

«Ele, muito sisudo, não fez alardo da sua obra a Felícia»  (Camilo Castelo Branco, A Corja, pág. 95).

O mesmo atesta Énio Ramalho no seu Novo Dicionário Estrutural, Estilístico e Sintáctico da Língua Portuguesa (Lello Editores, Porto):

«Alarde. Fazer alarde de [ele era um vaidoso que em toda a parte fazia alarde dos seus êxitos (se vangloriava, se gabava).»

Como (não) «escrever com os pés»

«Ao que o nosso jornal apurou, "terão havido contactos 
junto de pessoas que tinham pedido para analisar os valores
de indemnizações no âmbito de anteriores planos de rescisão para
voltarem a negociar e a RTP estava a propor valores mais altos."»

"Diário de Notícias", 23 de agosto de 2014