Luciano Eduardo de Oliveira - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Luciano Eduardo de Oliveira
Luciano Eduardo de Oliveira
12K

Luciano Eduardo de Oliveira, poliglota, tradutor, professor de idiomas, formado em Letras na Unifac Faculdades Integradas de Botucatu.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Estou com uma dúvida.

Quando vou informar que estou chegando em uma determinada rua, qual a forma correta em falar:

«Estou virando na rua XPTO agora», ou «Estou entrando na rua XPTO agora»?

Resposta:

O verbo virar, no caso apresentado, corresponde a «voltar, dobrar», ou seja, «mudar de direção para uma determinada rua». É comum dizer-se: «Vire na 1.ª rua à direita/esquerda.»

Ora, se se mudou a direção para uma determinada rua, já se mudou/passou para outra, o que significa que já se está a entrar na rua que se pretende.

Importa não esquecer, também, que o verbo entrar indica «começar», ou seja, é o movimento que antecede ao estar/ficar. Portanto, as duas formas passam praticamente a mesma ideia.

Nota: A única diferença que se pode inferir é que na frase com o verbo virar está explícito o movimento de mudança de direção, enquanto na 2.ª fase só se indica a chegada/entrada na rua, não havendo qualquer outra informação sobre o tipo de percurso feito (se foi em linha reta ou se se virou...).

Pergunta:

Quais as alternativas possíveis nos exemplos abaixo?

1) «O motorista recusou-se a sujeitar-se ao exame de bafômetro»;

2) «O motorista recusou-se a sujeitar ao exame de bafômetro»;

3) «O motorista recusou-se sujeitar ao exame de bafômetro»;

4) «O motorista recusou-se sujeitar-se ao exame de bafômetro»;

5) «O motorista recusou sujeitar-se ao exame de bafômetro.»

Pelo excelente serviço sempre cordialmente prestado, desde já agradeço.

Resposta:

Estão corretas duas frases, a primeira e a última:

1) «O motorista recusou-se a sujeitar-se ao exame de bafômetro.»

5) «O motorista recusou sujeitar-se ao exame de bafômetro.»

O verbo recusar pode ser usado na forma simples (recusar) e na forma pronominal (recusar-se), mas a sintaxe das duas formas é diferente.

Se se optar pela forma simples (frase 5), não se usa a preposição. Exemplos:

   «Recusar uma oferta.»

   «Ela recusou trabalhar.»

   «Nunca recuso nada.»

   «O presidente do tribunal recusou os argumentos.»

   «Ele recusou que eles trabalhassem naquelas condições».

Se se preferir a forma pronominal (frase 1), sujeitar-se, implica obrigatoriamente a utilização da preposição argumental a. Exemplos:

   «Recuso-me ao cumprimento deste horário.»

   «Recusou-se a que eles viessem sem serem convidados.»

   «Se o sistema se recusar a funcionar…»

   «Ele recusou-se a aceitar a organização de um referendo.»

   «Parece que os jovens se recusam a aprender.»

Por sua vez, a sintaxe do verbo sujeitar é idêntica à de recusar. Enquanto forma pronominal (sujeitar-se), com o valor de «estar sujeito a», implica o...

Pergunta:

Como se pronuncia a palavra acuidade no Brasil?

Resposta:

Com hiato: a.cu:i.da.de, como se pode ver na notação do Dicionário Aulete (os dois-pontos indicam que as vogais se pronunciam separadamente).

Pergunta:

Fiz recentemente uma prova de concurso público e acredito que em uma questão sobre orações subordinadas havia duas respostas corretas.

Segundo o gabarito, a questão correta era:

O período «A empresa tem trezentos funcionários, que moram em Londrina» é composto por uma oração subordinada explicativa que limita o sentido de «funcionários» ao explicar que, de todos os funcionários da empresa, apenas trezentos moram em Londrina.

No entanto, havia uma outra questão possivelmente correta, era ela:

Na frase «É fundamental que você compareça à reunião», há uma oração subordinada substantiva subjetiva que atua como sujeito do verbo da oração principal.

Após pesquisas, encontrei um exemplo exatamente igual à segunda questão, a qual afimava estar correta. Como a pesquisa foi feita pela Internet, e como sabemos que existem muitos sites não confiáveis, gostaria de uma posição a respeito da mesma.

Resposta:

A frase «A empresa tem trezentos funcionários, que moram em Londrina» é de fato composta por uma oração subordinada (adjetiva) explicativa, mas não diz que apenas trezentos funcionários moram em Londrina.

Na frase «É fundamental que você compareça à reunião», há uma oração subordinada substantiva subjetiva/completiva que atua como sujeito do verbo da oração principal. – Correto. Seria igual a dizer «É fundamental o seu comparecimento à reunião», em que se vê claramente que «o seu comparecimento» é sujeito da oração.

Pergunta:

Gostaria de esclarecer uma dúvida. Qual é a maneira correta de falar a seguinte expressão: «isso são problemas seus», ou «isso são problemas de vocês», «esse grito de guerra seus», ou «esse grito de guerra de vocês»?

Qual seria a forma mais correta e o porquê?

Resposta:

Não estou acostumado a ouvir «de vocês» como possessivo, mas tem até uma função interessante: a de desfazer a ambiguidade contida no pronome seu, já que «problemas seus» podem ser da pessoa ou pessoas a quem se fala ou da pessoa ou pessoas de quem se fala. De qualquer forma, recomendo seus, que é a forma canônica. Na comunicação informal, não vejo por que não lançar mão de «de vocês», sobretudo se houver ambiguidade.

Os portugueses resolvem a questão com o pronome vosso para se referirem a um grupo, mas duvido de que essa solução seja aplicável no Brasil.