Pergunta:
Estou a fazer um trabalho de Retórica sobre o discurso de Júlio César de Shakespeare e precisava de saber mais sobre as seguintes figuras: aposiopese, cleuasmo, hipotipose, paralipse.
Obrigado.
Resposta:
Segundo o Dicionário de Termos Literários (Massaud Moisés, Editora Cultrix, 2002), entende-se aposiopese como «silêncio súbito, interrupção, reticências»; a referida obra acresenta ainda: «[C]onsiste na suspensão de um pensamento já iniciado, por meio de corte repentino na cadeia sintática. Espécie de anacoluto consciente, a aposiopese assinala o momento em que o escritor interrompe bruscamente a sequência das ideias, 1) ao perceber que vai adiantar raciocínios ou surpresas, 2) quando pretende dar ênfase às palavras, ou 3) quando se dá conta de que vai dizer mais do que deseja. No geral, a aposiopese evidencia-se, graficamente, pelas reticências, mas nem todo sinal suspensivo denota a presença deste recurso estilístico» (exemplo: «Esse homem era… esse homem era… esse homem tinha sido…», Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, 1844, ato II, cena XIV).
Por hipotipose, o mesmo dicionário considera que «ocorre quando, nas descrições, se pintam os fatos de que se fala como se o que se diz estivesse realmente diante dos olhos», juntando o seguinte esclarecimento: «[Trata-se de] uma figura em que concorrem a descrição e a narração no mesmo ato discursivo, guardando cada uma delas as suas características distintivas. Se no quadro pictórico o olhar capta de um só golpe os traços que representam a ação e a descrição, no texto literário, as frases indicativas do movimento narrativo, bem como os pormenores descritivos, podem ser captados na sua identidade própria, integrando o mesmo contexto verbal» (exemplo: «Lesta e loura, vejo-a subindo os patama...