Pergunta:
É aconselhável o uso da locução prepositiva «devido a» introduzindo orações causais reduzidas de infinitivo? Ex.:
«Não é bom que andemos de barco hoje devido ao mar estar bastante agitado...»
Resposta:
A frase em questão apresenta alguns problemas que condicionam a sua aceitabilidade.
Maria Helena de Moura Neves, no seu Guia de Usos do Português (São Paulo, Editora UNESP, 2003), considera que é legítimo o emprego da locução «devido a», sinónima de «em virtude de», «em razão de» e «por causa de», apesar de alguns normativistas não a aceitarem. Note-se, porém, que, seguindo-se à locução uma oração de infinitivo começada por uma expressão nominal introduzida por artigo definido («o mar», como acontece no exemplo em questão), seria de recomendar a não contração da preposição com o artigo; com efeito, se se escreve «em virtude de o mar estar agitado», então deveria ter cabimento desfazer a contração: «devido a o mar estar bastante agitado». Acontece que a não contração se afigura estranhíssima, o que poderá ser contornado de duas maneiras:
a) optando pela contração, o que significa fugir ao critério de separação no contexto em apreço – é a solução apresentada pelo consulente;
b) ou adotando outra construção: «devido ao mar, que está bastante agitado»; «devido à agitação do mar».
Do ponto de vista estilístico, a solução b) afigura-se preferível.