É comum observar-se a expressão "Se ocorre P, então ocorre Q", tanto na linguagem coloquial quanto em contexto técnico.
Neste caso, ocorrem-me duas possíveis classificações, que parecem ser, em princípio, conflitantes.
1) A oração «Se ocorre P» é subordinada adverbial condicional, e a oração «então ocorre Q» é a oração principal, em que «então» desempenha função de advérbio. Observa-se que a omissão ou troca de "então" não resulta em qualquer diferença nas sentenças.
2) A oração «Se ocorre P» não parece assumir o papel de oração coordenada sindética. Contudo, é possível omitir-se a partícula se e manter-se a sentença «Ocorre P, então ocorre Q», de sorte que ocorram duas orações coordenadas, sendo a segunda uma oração sindética conclusiva.
Parece-me razoável concluir que a ocorrência de se na primeira oração implica a classificação obtida em (1), dado que não é possível atribuir a se outro valor morfológico senão o valor de conjunção.
Gostaria, por gentileza, de vossa opinião a respeito do assunto.
Grato.
Encontrei a frase «Duvido que o Zé fosse capaz de fazer uma coisa dessas» nas soluções dum livro de exercícios de Português para estrangeiros.
Embora as regras da consecutio temporum indiquem que a subordinada deveria levar o conjuntivo presente «Duvido que o Zé seja capaz de fazer uma coisa dessas», ao mesmo tempo, parece-me correta a utilização do imperfeito, com o fim de atribuir à oração uma perspetiva presente de um momento no passado: duvido (agora) que o Zé fosse capaz (no passado)...
Por outro lado, poderíamos utilizar o pretérito-mais-que-perfeito do conjuntivo: «Duvido que o Zé tenha sido capaz de fazer uma coisa dessas»?
Muito obrigada pela ajuda.
Após um fadista cantar, normalmente o público manifesta o seu agrado pelo artista.
Em bom português escrito, o público exclama: "Há fadista!" ou "Ah, fadista!"? Ou será de outro modo?
Agradeço a ajuda. Obrigado.
Estou à procura da origem específica da palavra cachaça.
Pelo que consegui achar até agora, entendo que este nome foi dado à bebida pelos escravos africanos no Brasil.
Há uma chance grande de ter origem em uma língua banta. Infelizmente é muito difícil descobrir mais.O fato de que existem várias línguas bantas não me ajuda.
Um professor brasileiro [...] acha que a palavra vem do quicongo. Mas ele não dá nenhuma referência, nem menciona a palavra original.
Eu procurei no dicionário português-quimbundu, mas não consegui aqui achar nenhuma palavra parecida, a não ser um destilado de cana-de-açúcar que se chama kisungu em quimbundu.
Gostaria muito conhecer a origem específica da palavra cachaça (qual língua, qual palavra, qual significado original).
Se puderem ajudar-me com isto, ficaria muito obrigado e feliz.
Obrigado.
Considerando estas duas definições,
(1) «bó | interj. bó interjeição [Regionalismo] Expressão que indica admiração ou espanto. = ORA ESSA "bó» (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; consultado em 04-05-2020].
(2) «bô adj. Pop. e ant. O mesmo que bom: “pois que tinha bô lugar”. G. Vicente, J. da Beira.» (in Novo Diccionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo 1913)
Como devemos escrever/dizer: "bó" ou"bô"?
Bó! — Bô!
Bó-era! — Bô-era!
Bó-geira — Bô-geira
Bó! Já agora? — Bô! Já agora?
Bó! Não querias mais nada? — Bô! Não querias mais nada?
Bó! Quem me dera? — Bô! Quem me dera?
Muito obrigado.
Desconsiderando a substituição do futuro do pretérito simples do indicativo pelo pretérito imperfeito do indicativo em condicionais, que os lusofalantes fazem, gostaria de saber a diferença de significação entre:
(1) «Se ele não tivesse roubado isso, nós teríamos fugido.»
(2) «Se ele não roubasse isso, nós fugiríamos.»
Não consigo identificar a distinção de condicional contrafatual quando formada pelo (1) pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo e pelo (2) pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito simples do indicativo. E ainda, não sei se é possível combinar as formas supracitadas e quais seriam os novos significados, como em:
(3) «Se ele não tivesse roubado isso, nós ganharíamos»;
(4) «Se ele não roubasse isso, nós teríamos ganhado».
Obrigado pela atenção.
A palavra acarta está errada na seguinte frase? Deveria ser acarreta?
«Escrevo-lhe sobre um tema que tem estado em agenda e que necessita de clarificação e algumas elucidações, na vertente das repercussões que o mesmo acarta para a privacidade de cada um de nós.»
Obrigada!
Que advérbios de tempo é que podem ser usados com a perífrase «ter vindo a» mais infinitivo? Os que indicam tempo passado ou presente?
Pode usar-se atualmente com a mesma locução, como em: «Atualmente tem vindo a dar-se esse fenómeno»? Pode essa perífrase denotar o mesmo que um verbo finito acompanhado da preposição a seguida dum infinitivo, sendo equivalente a «Atualmente está a dar-se esse fenómeno»?
Obrigado
Donde surgiu "mó": de mor (maior) ou muito? Por exemplo, «ela é mó linda».
Li em algum sítio de português que isso veio de muito, mas eu discordo.
É normal ouvir também «ele é o maior babaca», então me parece que vem de maior, e não de muito, como dizem alguns.
Gostava de saber se o adjectivo elegível tem o significado de «qualificado». Por exemplo: «os trabalhadores elegíveis podem receber um subsídio de 100 euros.»
Perguntei a vários portugueses e eles responderam que sim, equivalente à expressão «que reúnam os requisitos». Contudo, não consegui encontrar este significado («qualificado») nos dicionários portugueses.
Obrigado.
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