Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Jacinto Braga Economista Setúbal, Portugal 483

Em resposta de 23 de março de 2007 (https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/era-uma-vez/19978), diz-se que «era uma vez» “pode ser classificada sintacticamente como complemento circunstancial de tempo” e dá como exemplo «Era uma vez um gato que tinha duas botas pretas».

Ora, sendo «que tinha duas botas pretas» uma oração subordinada, se «era uma vez» é complemento, não existe verbo para uma oração subordinante!

Quer-me parecer que mais lógico é considerar «era» núcleo do sintagma verbal, e apenas «uma vez» complemento circunstancial.Se for assim (e também se não for), resta saber a função de «um gato».

Dado que nós também diríamos «era uma vez dois gatos» (e não «eram uma vez dois gatos»), «gato» ou «gatos» pode ser o sujeito?

Ou teremos de admitir que temos aqui um uso de especial de ser equivalente a haver? «Havia uma vez dois gatos» não levanta dúvida nenhuma.

Grato pela vossa atenção e serviço à comunidade.

Hakeel Gabriel Professor Luanda, Angola 746

Em «vi-os aos dois», «comprei-as a todas», qual é a função sintáctica dos termos em destaque de acordo com a Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário[1], a Nomenclatura Gramatical Portuguesa (1967) e a Nomenclatura Gramatical Brasileira (1959)?

 

[1 N. E. – Esta terminologia, conhecida pela sigla  TLEBS e, entre 2004 e 2007, aplicada no ensino básico e secundário de Portugal, foi substituída em 2008 pelo Dicionário Terminológico, que constitui, conforme se lê na Direção-Geral de Educação, «um documento de consulta, com função reguladora de termos e conceitos sobre o conhecimento explícito da língua, de forma a acabar com a deriva terminológica». Sobre a TLEBS e a polémica que gerou, consultem-se os artigos reunidos pelo Ciberdúvidas aqui.]

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 564

Relativamente ao verbo combinar, deparei-me com esta construção: «Combinámos para irmos à pista num sábado.»

Perguntava-vos se podemos usar esta construção.

Obrigado.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 435

Perguntava-vos se é possível aceitarmos esta construção frásica:

«Não gosto de os ver a chorarem por terem fome e eu não ter nada para lhes dar.»

Obrigado.

Rui Wahnon Tradutor aposentado Colares, Sintra, Portugal 842

Vi na televisão a seguinte frase numa legenda, que julgo ser incorrecta[*]: «Não vamos ir».

Agradecia um comentário, perante a atitude de um colega que a defendeu e não aceitou os meus argumentos.

Desde já grato.

 

[* N. E. – O consulente adota a norma ortográfica de 1945.]

Raquel Santos Estudante Porto, Portugal 680

Li atentamente todas as respostas que deram sobre o uso de nomeadamente. A dúvida recai no elemento precedente.

Observem-se as seguintes frases:

a) Fátima recebe católicos, nomeadamente, europeus, latinos e asiáticos.

b) Fátima recebe, nomeadamente, europeus, latinos e asiáticos.

A frase b) estaria correta? Para mim falta-lhe um nome que seja especificado / esclarecido posteriormente pelo nomeadamente. Nesta frase poderia ser «católicos» ou «várias pessoas. O que o nomeadamente faz é especificar, dar exemplos, desses católicos ou dessas pessoas. Porém, se não há referência na frase aos mesmos, esta estaria correta?

Bem hajam pelo vosso excelente trabalho!

Judy Coutinho Aposentada Índia 1K

«Prefiro ir a pé à praia» ou «prefiro ir a pé para a praia»?

Qual é correto?

Obrigada

Maria José Bolton Professora Inglaterra, Reino Unido 408

Agradecia que me explicassem o seguinte:

a) a razão do uso do infinitivo pessoal com «que tal...?» – ex: «Já é tarde! Que tal te levantares?»

b) Como classificar «que tal»?

Obrigadíssima pelo vosso trabalho e dedicação em prol do português!

Jorge Castro Ribeiro Docente Aveiro, Portugal 776

Na oralidade é comum usar o artigo no plural antes do nome de grupos musicais de rock, pop e outros estilos populares urbanos. Dizemos «os Deolinda», «os Xutos e Pontapés», «os GNR», «os Queen» ou «os U2», por exemplo, em referência àqueles grupos musicais.

Todavia não dizemos "os Orquestra Gulbenkian" ou "os Banda Sinfónica Portuguesa" ou "os quinteto de Mário Laginha" (esta seria muito má...) ou "os Rancho Folclórico do Cartaxo" (não sei se existe) ou "os Tuna Universitária de Aveiro".

Porque é que isto acontece? Penso que num texto escrito não é admissível usar as primeiras formulações, ou é?

Filomena Sousa Professora Coimbra, Portugal 506

Na frase «siga até à estrada alcatroada», o verbo seguir deve ser considerado principal intransitivo (e «até à estrada alcatroada», modificador do grupo verbal), pois poderíamos dizer «Siga», «Siga depois», «Siga pela estrada alcatroada»?

Muito obrigada.