Recentemente, deparei-me com um tópico envolvendo a escrita no nosso idioma que acabou por me gerar duas dúvidas próximas entre si, por isso tomo a liberdade de apresentá-las em conjunto ao Ciberdúvidas. Trata-se do uso do se junto a verbos no infinitivo e no gerúndio (excluindo da discussão verbos pronominais/reflexivos, que sem dúvida exigiriam o se).
Fui informado que em diversos casos envolvendo o infinitivo impessoal, já carregando ele impessoalidade e valor passivo, será dispensável o uso do se tanto como índice de indeterminação do sujeito quanto como pronome apassivador. Cito alguns exemplos: «Fazer o bem é importante» (e não «Fazer-se o bem»), «Osso duro de roer» (e não «duro de roer-se»), «Hora de chamar a polícia» (e não «de chamar-se a polícia»). Gostaria de perguntar se, em casos como esses, o uso do se é meramente dispensável ou, mais do que isso, é proibido. Se meu entendimento (leigo) não é falho, suponho que a presença do se simplesmente assinalaria a voz passiva ou o índice de indeterminação do sujeito (conforme o caso), daí a dúvida quanto a uma estrita proibição de seu uso em decorrência do infinitivo impessoal.
No entanto, o assunto trouxe-me outra dúvida, para mim mais difícil ainda de resolver. A linha de pensamento exposta acima, se correta, aplicar-se-ia ao gerúndio também? Dizendo de outro modo, o gerúndio pode tornar o índice de indeterminação do sujeito e o pronome apassivador se igualmente dispensáveis? Apresento alguns casos a seguir e sobre eles gostaria de perguntar se o se é necessário, facultativo ou, até mesmo, proibido.
1) «Levando-se em conta a crise, bom seria aumentar a poupança.»
2) «A obra desses poetas, considerando-se o pouco que viveram, é vastíssima.»
3) «Pensando-se em casos como o dele, não pode haver dúvidas quanto ao perigo de fumar.»
4) «Vivendo-se, daí vem a paciência.»
Muito obrigado.
Parabéns pelo site!
Na frase «Não consigo jogar ténis sem óculos de sol», considera-se o verbo conseguir um verbo auxiliar?
Obrigada, desde já, pela vossa disponibilidade.
Não percebo a razão pela qual o adjectivo se subdivide em classes e não em subclasses como o nome.
Só agora tenho de leccionar a Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS) e, por isso, surgiu-me esta dúvida.
Obrigada.
Gostaria de saber qual a transitividade do verbo acreditar e do verbo esquecer e também porque está errada a seguinte frase:
«Acredita-se serem possíveis que as atividades laborais do mercado informal possam, num certo momento, propiciar a transição para o emprego assalariado formal.»
Por favor, estou com dúvidas em relação a três frases e, uma vez que o vosso site me tem sido útil e esclarecedor todas as vezes que necessito, tomei a liberdade de pedir a vossa atenção.
Como é que é correcto dizer-se:
«Mesmo que assim não fosse», ou «mesmo se assim não fosse»?
«Metemo-nos por uma rua», ou «metemo-nos numa rua»?
«Estávamos de acordo em como as nossas misérias já nos chegam», «estávamos de acordo que as nossas nossas misérias já nos chegam», ou nenhuma está correcta?
Muito obrigado.
Prezada equipa do Ciberdúvidas, agradeço-lhe pelas respostas sempre esclarecedoras e por verdadeiramente manter um intercâmbio entre as diferentes variantes da nossa língua portuguesa. Estou a fazer um trabalho na escola sobre alguns fenómenos fonéticos. Gostaria que, se possível, auxiliassem-me nesta tarefa. Minha professora passou um livro, A Língua de Eulália, de Marcos Bagno, que descreve com uma novela sociolinguística o tema proposto para o trabalho, o rotacismo. Procurei num outro livro, Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno também, que descreve apenas o dito fenómeno num ponto que visa apenas o preconceito e a discriminação. Gostaria de uma explicação linguística adequada e uma descrição do fenómeno na língua portuguesa. O que ele é? Ele ocorreu no passado, logo no início da língua? Ocorre hoje? É adequado à língua moderna? Como é a relação deste fenómeno com o preconceito e a discriminação?
Desde já, adianto-lhes meus agradecimentos.
Quanto à presença ou ausência dos artigos a e o, as seguintes frases estão corretas?
«Correr a toda a velocidade.»
«Salvá-la a todo custo.»
«Empurrar a toda a força.»
Estaria correto que «Salvá-la a todo custo» se escreve sem o artigo o, pois a frase possui o sentido de «salvá-la a qualquer custo» e não «salvá-la com muito custo»?
Em primeiro lugar, parabéns pelo vosso excelente sítio.
Gostaria de saber como se faria a pronominalização dos complemento directo e indirecto na frase:
«O ancião contaria aos ouvintes a história.»
Será: «... transmitir-lhes-ia», «transmitir-lhas-ia» ou «transmitir-lha-ia»?
A segunda tem a ver com o pronome ser a, logo lhes + a.
Devo, no entanto, acrescentar que optaria pela primeira hipótese.
Agradeço, desde já, a vossa atenção.
Atenciosamente,
No seu Dicionário de Questões Vernáculas ("Um", p. 574), Napoleão M. de Almeida afirma que «constitui erro em português o abusivo emprego do indefinido "um", como o faz o francês, como o faz o inglês». Uma vez que o autor é brasileiro e o referido dicionário aborda questões que dizem respeito mais ao português do Brasil do que ao português europeu, gostaria de saber se é, de facto, incorrecto dizer/escrever frases como, por exemplo: «Hoje em dia as pessoas comportam-se de uma maneira egoísta». Ou se é preferível dizer: «Hoje em dia as pessoas comportam-se de maneira egoísta.»
Grata pela ajuda.
Gostaria de pedir um esclarecimento sobre a frase seguinte:
«O director dirigiu-se à representante das educadoras do Berçário/Creche perguntando-a, relativamente aos horários, como eram geridos os problemas quando a Creche era gerida pelo AA.»
Houve alguém que me disse que não concordava com «perguntando-a» mas sim perguntando-lhe, mas não me soube clarificar. Qual é a correcta?
Obrigado pelo esclarecimento.
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