Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Semântica nominal
Raquel Rodrigues Estudante Porto, Portugal 4K

Em 2008, [foi] dada uma resposta relativamente [ao tema de] todo. Depois de ler esta resposta, continuo com dúvidas relativamente a esta questão.

Quando os determinantes significam «inteiro», em frases como «comi o frango todo» ou «comi todo o frango», a segunda opção não me soa tão bem como a primeira. Não sei se existe algum motivo para isso, mas reconheço que pode ser apenas uma questão pessoal, de uso. Porém, quando o quantificador significa «qualquer» ou «cada» (ainda que, por vezes, me custe reconhecer em algumas frases este significado), nem sempre é possível intercambiar o lugar de todo/a.

Em frases como:

1. “procurei-o por todo o lado” vs. *”procurei-o pelo lado todo” (O significado é «qualquer» ou «inteiro»?)

2. “procurei-o por toda a parte” vs. *“procurei-o pela parte toda” (O significado é «qualquer» ou «inteiro»?)

3. “todo o bebé chora” vs. “o bebé todo chora” (no segundo caso, acho que se trata de um uso adverbial, tal como em “ficou todo zangado” e não significa o mesmo).

4. “todo o médico tem a sua maneira de lidar com os doentes” vs. *o médico todo tem a sua maneira de lidar com os doentes”.

5. “toda a gente chora” vs. “a gente toda chora” (no segundo caso trata-se de um uso adverbial?)

A minha dúvida relativamente ao significado deste quantificador, particularmente quando se indica que tem a aceção de «cada» e «qualquer», também está relacionada com os exemplos dados na resposta do Ciberdúvidas em 2008. Todos os exemplos estão [no] plural. Acho que quando se usa todos/as + artigo + substantivo estamos a falar da totalidade numérica de um dado conjunto (dos elementos desse conjunto). Porém, quando se usa todo/a + artigo + substantivo o significado é de «inteiro».

Relativamente às frases 1 e 2, reconheço que os substantivos lado e parte, ao serem polissémicos, possam ocasionar estas impossibilidades. Tanto assim, que se se usar [no] plural, a expressão apresenta outro significado: «por todos os lados» em frases como «uma ilha é uma porção de terra rodeada pelo mar por todos os lados». A sensação que tenho é que o uso dos quantificadores todo/a ([no] singular), com o significado de «qualquer» ou «cada» não é tão comum na variedade de português europeu e apresenta algumas restrições na posição de todo/a.

Gostaria por favor que me esclarecessem sobre estas questões. Desde já agradeço a vossa atenção e muito obrigada pelo vosso trabalho.

António José Osório de Castro Vilhena de Freitas Médico Funchal, Portugal 11K

Pergunta semelhante foi já respondida em 2003, por Marta Pereira, mas não tendo (eu) ficado convencido... decidi insistir. Espero que não levem a mal até porque, seguramente, nem todos os especialistas (não é o meu caso) estarão, sempre, de acordo sobre tudo.

Aqui vai: quando alguém pretende rogar perdão, solicitar indulgência, mostrar arrependimento ou suscitar absolvição por motivo de uma falha por si cometida, por algo que lhe pesa na consciência ... deve, forçosamente, «pedir desculpas»... ou pode, tão-somente, «apresentar desculpas»? «Apresento o meu mais profundo pedido de desculpas pelo acto que cometi», ou «apresento as minhas mais profundas desculpas pelo acto que cometi»?

Eu diria que só a primeira é que estará correcta... pois entendo, de forma empírica, que somente o sujeito ofendido é que pode, se assim entender, apresentar/outorgar as suas desculpas ao sujeito ofensor. Desculpá-lo, portanto. Perdoar. O sujeito ofensor deve solicitar/pedir que lhe concedam/outorguem/apresentem as respectivas desculpas ... mas deve, antes disso, pedir/rogar/requerer as mesmas. Porque se for o ente ofensor a «apresentar desculpas», diria até que se invertem os papéis, pois fica a clara impressão de que o ofendido é que está a precisar, ou à espera, de que alguém lhe transmita/dê/apresente/conceda as respectivas desculpas (por algo que, manifestamente, não cometeu). Uma completa inversão da realidade, no meu entender. Mas isto sou eu, um leigo na matéria, a pensar.

Qual é, por favor, o vosso entendimento?

Obrigado.

Miguel Graça Moura Lisboa, Portugal 13K

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«Estudar português» e «estudar o português». Existe alguma diferença entre as opções acima? Uma explicação que me foi dada é que a primeira exprime a ideia de estudar a disciplina de português, enquanto a segunda insiste mais na ideia de estudar a língua. Mas parece-me uma daquelas explicações espontâneas.

Se as duas possibilidades são corretas, há alguma diferença entre elas em termos de registo?

É que os meus alunos que estudaram no Brasil sempre dizem o segundo...

Agradeço desde já.

Diogo Morais Barbosa Revisor Lisboa, Portugal 2K

Será aceitável dizer «eu sei o que é um coma»? O artigo faz sentido, na frase? Ou devemos sempre dizer «Eu sei o que é estar num estado de coma»?

Maria Lopes Faro, Portugal 8K

Gostaria de confirmar se a palavra álbum é um nome comum ou um nome comum coletivo. Segundo alguns dicionários, define-se como:

1. Livro em branco para colecionar fotografias, postais, selos, recortes, etc. 2. Livro em branco em que se coleccionam notas, pequenas composições literárias, autógrafos, etc. 3. Livro com muitas ilustrações, geralmente acompanhadas de pequenos textos (ex.: álbum de banda desenhada). 4. Obra musical de longa duração, gravada em suporte físico (CD, vinil, etc.) ou digital.

Entendo que será um nome comum. Está correto?

Obrigada.