A expressão «estar de luto»
Li a expressão "estar em luto" e não me soou bem. Fui pesquisar e descobri um artigo que terminava com esta frase: «Somos pais em luto, não temos de ser pais de luto.»
Será que existem as duas construções frásicas com sentidos diferentes?
Talvez + imperfeito do conjuntivo
Podemos utilizar o advérbio talvez com o presente ou com o pretérito imperfeito do conjuntivo, sendo que com este último tempo verbal a ideia de dúvida é mais intensa e pode referir-se a ações presentes, futuras ou passadas.
Neste sentido, está correto dizermos "Não me sinto bem. Talvez deva/devesse ir ao médico agora." (valor de presente), ou "Estou doente. Talvez seja/fosse melhor ficar em casa amanhã" (valor de futuro).
Mas parece-me incorreto dizer "Ainda não sei onde vou de férias. Talvez fosse ao Brasil." ou "Talvez houvesse mais trânsito atualmente". Nestas duas frases, parece-me que apenas podemos utilizar o presente do conjuntivo.
Se assim for, em que circunstâncias temos de usar o presente ou o imperfeito do conjuntivo com o advérbio talvez?
Muito obrigada.
Atos ilocutórios indiretos
Gostaria de esclarecer a seguinte questão: nas frases «Pode dizer-me as horas?» e «Sabes a que horas começa o filme?», estamos perante atos de fala diretos ou indiretos e o porquê?
Nas frases «Tenciono fazer uma viagem a Paris daqui a dois meses» e «Espero que não chegues atrasado» por que razão são classificadas como atos ilocutórios diretivos?
Por último, por que razão a frase «Acho mal que tenhas respondido dessa forma» configura um ato ilocutório expressivo e não assertivo?
Muito obrigada pela atenção dispensada.
O termo fusco-rubro
Existe algum termo que defina «castanho arruivado»? "Fusco-rubro", como me disseram, mas de que duvidei?
O hífen em «pró-União Ibérica»
«Sou pró-União Ibérica.»
Neste caso, o hífen está bem colocado?
Mesmo sendo «União Ibérica» uma expressão composta, não leva hífen?
Obrigada.
O uso pronominal do verbo orientar
«Ele é o viajante que se orienta pelas estrelas.»
Nessa frase há a voz passiva sintética?
A expressão «pelas estrelas» é o agente da passiva em uma voz passiva sintética?
Na passiva sintética é correto usar o sujeito paciente antes do verbo como na frase acima (o viajante que se orienta) e nestas frases?
«Apartamentos se alugam.»
«Um erro se cometeu.»
«Casas se vendem.»
«Uma recompensa se ofereceu.»
Verbo de estado com valor perfetivo num poema de Álvaro de Campos
Estando a lecionar a alunos do 12.º ano o poema "Aniversário" de Álvaro de Campos, decidi elaborar uma ficha de trabalho para treinar o aspeto verbal e surgiram-me algumas dúvidas.
No excerto «O que eu fui de serões de meia-província», poderei considerar que está presente o valor aspetual iterativo, no sentido em que o sujeito lírico quer referir que vivenciou vários serões em família?
Quando afirma «Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças», posso considerar o valor aspetual perfetivo (pela presença dos advérbios «já não»)?
Antecipadamente grata pela atenção dispensada.
Certamente e provavelmente
Há quem diga por aí afora que provavelmente significa «possivelmente», assim como há quem diga que significa «certamente».
Porém, pelo menos para mim, possivelmente não quer dizer que seja a mesma coisa que certamente!
Estou certo? Qual dos dois é o significado da palavra provavelmente na realidade?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Análise e classificação de «o que»
A dúvida coloca-se em relação à frase:
«Os conteúdos são os que saíram no último teste.»
O meu entendimento é o seguinte:
«Os conteúdos são os que saíram no último teste» = «os conteúdos são os [conteúdos] que saíram no último teste» = «os conteúdos são aqueles que saíram no...»
Predicativo do Sujeito – os [conteúdos/aqueles] que saíram no último teste – or. subordinada adj. relativa restritiva
Função sintática do pronome relativo – sujeito («os conteúdos saíram no último teste»)
Função sintática da oração subordinada: modificador do nome restritivo (= «os conteúdos 'saídos' no último teste»; «os conteúdos já avaliados»).
Na gramática de Lindley Cintra e Celso Cunha, lê-se:
«As orações subordinadas adjetivas vêm normalmente introduzidas por um PRONOME RELATIVO, e exercem a função de ADJUNTO NOMINAL, de um substantivo ou pronome antecedente» (os destaques são dos autores).
O exemplo dado para a situação em que o pronome é o antecedente é:
«O/que tu vês/é belo;/mais belo o/que suspeitas;/ e o/que ignoras/muito mais belo ainda» (Raul Brandão).
Vejo este exemplo como equivalente apresentado em cima. Bem sei que esta gramática está desatualizada e eu não tenho trabalhado com a nova terminologia gramatical (Dicionário Terminológico – DT), mas as atualizações não ocorreram na classificação básica da subordinação (adverbiais/adjetivas/substantivas), pois não?
A verdade é que o DT apresenta o «o que» como introdutor da oração subordinada substantiva relativa, embora sem dar exemplos. Poderá ser uma gralha?
Como ensino, sobretudo, Latim, sempre que tenho dúvidas, recorro à gramática latina. Este tipo de construção (pronome antecedente da oração relativa) é muito comum em latim:
Is qui aliēnum appĕtit suum amittit (Fedro): «aquele que cobiça o alheio perde o seu» (Is – pronome demonstrativo, no nominativo singular masculino; qui – pronome relativo, no nominativo singular masculino) (...)
atque ea quae animos effeminant important (César): «(...) e importam aquelas coisas que efeminam os espíritos» (ea – pron. demonstrativo, no acusativo plural neutro; quae – pronome relativo no nominativo plural neutro).
Do mesmo modo, tenho dificuldades em compreender a classificação de oração subordinada substantiva relativa em exemplos como «Não sei [O QUE DISSESTE]», lido num outro esclarecimento vosso, pois vejo o o como antecedente do que, podendo ser substituído por aquilo, e assumindo a oração subordinada um valor atributivo («Não sei aquilo que foi dito por ti/Não sei o dito por ti»).
Escrevendo esta oração subordinada em latim, não teria alternativa a não ser a subordinada relativa com o pronome no neutro: Nescio QUOD dixisti.
Agradeço os esclarecimentos que me possam dar, pois eu e diversos colegas não conseguimos chegar a um entendimento.
Locução coordenativa correlativa: «não só... mas também»
Como dividiriam e classificariam as orações da seguinte frase:
«Não só pinto quadros, como também faço esculturas»?
