DÚVIDAS

A locução «com vista(s) a»
Antes de apresentar a minha dúvida, gostava de felicitá-los pelo incrível trabalho que têm feito em prol da promoção da língua portuguesa, nossa língua comum! Cá vai a minha dúvida: Gostava de saber em qual opção a regência está correcta: a) «As actividades são propostas com vista NO desenvolvimento de competências…» b) «As actividades são propostas com vista AO desenvolvimento de competências…» Qual frase usar? Qual está correcta e porquê? Caso seja possível, por favor, indiquem-me autores que tratem da questão! Muito obrigado!   [NE – Como o consulente se identifica como angolano, mantém-se a ortografia usada no original, a do Acordo Ortográfico de 1945.]
Neologismos e estrangeirismos
Li diversos textos sobre o assunto (inclusive um dos Senhores) e, com a leitura dos textos, fica claro que o entendimento é: neologismo é uma coisa, e estrangeirismo é outra. Porém... bate uma dúvida cruel: quando aportuguesamos uma palavra, não estamos diante de um neologismo? Não dá para entender xampu, que é da gente como estrangeirismo. O gramático Fernando Pestana cita que alguns gramáticos consideram os estrangeirismos como neologismos: «Além disso, muitos gramáticos entendem que os estrangeirismos são neologismos, uma vez que palavras novas (mesmo que estrangeiras) podem ser incorporadas à nossa língua.» Entretanto eu nunca vi esses gramáticos! Na gramática do autor citado, ele também faz a distinção de um termo para outro e cita também que o estrangeirismo também pode ser adaptado, ou seja, ele parece ser contrário a minha "estranha" visão. Obs.: Até a palavra estrangeira, quando passa a ser usada de maneira inédita pelos falantes de português, eu acho que pode ser uma espécie de neologismo. Podem me ajudar? 
A expressão «à memória»
Sei que o tema já foi aqui trazido, mas sem contextualização. Tenho, infelizmente, passado algum tempo num determinado cemitério e tenho ficado intrigada com o facto de as lápides das campas e dos ossários dizerem todas «À memória de». Contudo, nas placas colocadas nos ossários – em particular, mas não só –, existe a nítida intenção de recordar alguém e não, propriamente, a de homenagear ou dedicar o espaço / a placa a alguém. Assim, no meu entender, a inscrição mais correta deveria ser «Em memória de» fulano tal, em vez de «À memória de...», mas não tenho encontrado nenhuma que corrobore o meu ponto de vista. Será que estou enganada?
Consultar e «fazer consultas»
Deve dizer-se "O médico fez dez consultas" ou "Dez doentes consultaram o médico"? Em linguagem corrente, diz-se que foi o médico que fez as consultas. Mas, de facto e tecnicamente, são os doentes que, perante um problema de saúde que os aflige, consultam o médico para uma orientação diagnóstica e terapêutica. Se em vez de dizer "consultei dez doentes", disser "fiz dez consultas", o problema só se agrava. Qual é a forma correta? Ou ambas são corretas? Obrigado.
O pronome clítico o e o verbo estar
Essa questão surgiu após um impasse que tive com um colega, também revisor de texto, a respeito do uso do verbo estar com pronomes acusativos como o, lo, no. Gostaria, portanto, de esclarecer alguns pontos e, se possível, obter exemplos de uso literário dessas construções. Em frases copulativas, como: «O aluno está cansado.» «A porta está aberta.» «Tu estás feliz?» seria possível substituir o predicativo por um pronome acusativo, formando expressões como "O aluno está-o”, “A porta está-o” ou “Tu está-lo?”? Essas formas aparecem em algum registro literário, regional ou arcaico do português? No português europeu, na locução estar + a + infinitivo, há diferença entre «Ele está-o a fazer» e «Ele está a fazê-lo»? Existe preferência normativa ou diferença de estilo entre as duas formas? Quando o pronome sobe para o auxiliar (estar), as adaptações fonéticas continuam válidas? Por exemplo: estás + o → está-lo; estão + o → estão-no. Formas como «Tu está-lo a terminar» ou «Eles estão-no a construir» são aceitas? No português do Brasil, com estar + gerúndio, qual das opções é mais adequada ou usual: «Ele o está fazendo», «Ele está fazendo-o» ou simplesmente «Ele está fazendo isso»? Por fim, fora das locuções (estar a + infinitivo / estar + gerúndio), é possível empregar «Ele está-o» (sem verbo posterior) para retomar algo já mencionado, equivalente a «Ele está nisso»? Agradeço desde já pela atenção e, se possível, gostaria de exemplos de uso literário (clássico ou moderno) dessas construções, caso existam. 
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