Tal como já foi dito numa resposta anterior, há uma certa flexibilidade em relação ao emprego do ponto a seguir a cada uma das letras das siglas, dos acrónimos, assim como das formas abreviadas das palavras.
Cunha e Cintra, no capítulo dedicado à pontuação, e mais especificamente no âmbito do ponto, nas Observações, afirmam: «Além de servir para marcar uma pausa longa, o ponto tem outra utilidade. é o sinal que se emprega depois de qualquer palavra escrita abreviadamente. Assim: V. S.ª (Vossa Senhoria), Dr. (Doutor), C. F. C. (Conselho Federal de Cultura), I. N. I. C. (Instituto Nacional de Investigação Científica. Note-se que, se a palavra assim reduzida estiver no fim do período, este encerra-se com o ponto abreviativo, pois não se coloca outro ponto depois dele» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 647).
Se seguirmos indicação, dever-se-ia escrever D. T. sempre que nos referíssemos ao diretor de turma, assim como O. N. U. para designarmos a Organização das Nações Unidas.
No entanto, apercebemo-nos de que esta regra não tem sido posta em prática, pois não vemos nem as siglas nem os acrónimos escritos com o ponto após cada uma das letras. Pode parecer uma incongruência, mas a mesma gramática acima citada não aplica essa regra na parte dedicada às siglas [e aos acrónimos], pois não coloca os respetivos pontos nos exemplos da lista comprovativa do «processo de criação vocabular que consiste em reduzir longos títulos a meras siglas [e acrónimos], constituídos das letras iniciais das palavras que os compõem: ONU, UNESCO (= United Nations Educational, Scientif and Cultural Organization), OEA (= Organização dos Estados Americanos), OUA (= Organização da Unidade Africana), ABI (= Associação Brasileira da Imprensa), APU (= Aliança Povo Unido), PCP (= Partido Comunista Português), PPM (= Partido Popular Monárquico), PS (= Partido Socialista), PSD (= Partido Social Democrático), PDS (= Partido Democrático Social), PD (= Partido Democrático Trabalhista), PMDB (= Partido do Movimento Democrático Brasileiro), PT (= Partido dos Trabalhadores), MPLA (= Movimento Popular de Libertação de Angola), PAIGC (= Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), MEC (= Ministério da Educação e Cultura), CGTP (= Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), UGT (= União Geral dos Trabalhadores), UNE (= União Nacional de Estudantes), TAP (= Transportes Aéreos Portugueses), VARIG (= Viação Aérea Rio-Grandense), FIFA (Féderation Internationale de Football Association») (idem, p. 116).
Por outro lado, se tivermos em conta os vocabulários ortográficos, verificamos que as abreviaturas se encontram registadas com o ponto (ou no final da abreviatura ou após cada uma das letras representantes de cada palavra. Por exemplo, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2009, regista do seguinte modo as abreviaturas: A. (= autor), AA. (= autores), a. C. (= antes de Cristo), A. D. (= aguarda deferimento; ou Anno Domini, no ano do Senhor), adj. (= adjetivo), A. R. (= aviso de receção), Av. ou av. (= avenida), câm. (= câmara), cap. (= capítulo), Da. (= dona)*, Dr. (= doutor), Dra. (= doutora), E. D. (= espera deferimento), E. M. (= estado-maior), N. da D. (= nota da direção), N. da E. (= nota da editora), N. do E. (= nota do editor), P. F. ou p. f. (= por favor), Prof. ou prof. (= professor), Prof.ª ou prof.ª (= professora), rub. (= rubrica), S. O. S. (save our souls), X. P. T. O. [= de qualidade excelente; Χριστδζ (Cristo)].
Perante estas referências, consideramos aconselhável o emprego do ponto a separar em D. T., de diretor de turma, uma vez que se trata de uma abreviatura. Em relação às siglas e aos acrónimos cuja grafia já se encontra legitimada pelo uso – e pelas gramáticas – sem os pontos a separar as letras, poderemos escrevê-los de um ou de outro modo. Se optarmos pela colocação dos pontos, marcamos a nossa posição de puristas da língua, se preferirmos a forma simplificada, estaremos de acordo com a prática corrente.
De qualquer modo, é de referir que o emprego do ponto nestes casos não pode ser considerado errado.
Nota: Sobre este tema, aconselha-se a leitura de uma outra resposta sobre os casos particulares das reduções.
* Não é de recomendar esta abreviatura, uma vez que as mais conhecidas são D. e D.ª. Cf. A abreviatura da forma de tratamento Dona.