A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que os nomes oficiais são os seguintes: COVID-19, para referir a doença do coronavírus; e SARS-CoV-2, para o novo ou "segundo" coronavírus da síndrome respiratória aguda severa.
Sobre estas denominações, convém assinalar que as siglas, acrónimos e denominações associadas referentes à doença e ao vírus causador provêm todas do inglês e têm aceitação e uso internacionais. Assim:
1. Ao vírus causador da doença, o Comité Internacional para a Taxonomia dos Vírus (International Committee on Taxonomy of Viruses – ICTV) atribuiu em 11/02/20201 o nome de «severe acute respiratory syndrome coronavirus 2», literalmente «coronavírus de síndrome respiratória aguda severa 2», cuja abreviação é SARS-CoV-22.
2. A OMS anunciou em 11/02/2020 que a doença passaria a ser designada pelo acrónimo COVID-19, que representa a expressão inglesa «coronavirus disease». Este acrónimo é formado pelos elementos truncados CO- e -VI-, sílabas extraídas do inglês coronavirus, a que se junta a inicial D do vocábulo também inglês disease («doença»). O algarismo final, separado por um hífen, indica o ano em que o vírus foi identificado.
Observe-se que, no momento em que se elabora esta resposta, há ainda em Portugal, mesmo em documentos disponíveis em linha, certas oscilações no uso, as quais podem não ser conformes à descrição feita nos pontos 1 e 2: por exemplo, numa das páginas Direção-Geral de Saúde; consultada em 10/03/2020), lê-se a sequência «O novo coronavírus, intitulado COVID-19...», indicativa de alguma confusão entre a doença e o coronavírus. É de esperar um progressivo alinhamento terminológico com os usos que se vão generalizando a nível mundial.
Acrescente-se que as recomendações da Fundéu BBVA sobre o uso mediático do espanhol à volta desta crise podem ser úteis e facilmente transpostas para o português. Entre elas, destaca-se a da maior adequação semântica da atribuição do género feminino à forma COVID-19 (trata-se de uma doença): «a COVID-19»; outra recomendação aproveitável é a de legitimarem-se formas analíticas como «doença do coronavírus» ou «pneumonia do coronavírus», em alternativa ao termo COVID-19. Já quanto à possibilidade de, em espanhol, se empregar o acrónimo como nome comum, sob a forma covid-19, parece esta de problemático aportuguesamento como "covid-19"; com efeito, além dos nomes próprios, entre itens do léxico comum do português, só os estrangeirismos, incluindo os latinismos, exibem -d final (David, download, apud – cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa)3.
1 Como se pode ler no ICTV (consultado em 10/03/2020), «For an outbreak of a new viral disease, there are three names to be decided: for the disease, the virus and the species. The World Health Organization (WHO) is responsible for the first, expert virologists for the second, the ICTV for the third», ou seja: «Para um surto de uma nova doença viral, são decididos três nomes: o da doença, o do vírus e o da espécie. A OMS é responsável pleo primeiro; os especialistas em virologia, pelo segundo; e o ICTV, pelo terceiro.» Ler também o que se aplica ao espanhol nas recomendações da Fundéu BBVA – "COVID-19, el nombre de la enfermedad del coronavírus" (12/02/2020).
2 O algarismo final 2, separado por um hífen, indica que se tratará de um "irmão" ou variante do coronavírus SARS-CoV, conforme de infere da leitura de um relatório que o Grupo de Estudo do Coronavírus (Cororonavirus Study Group) do ICTV publicou em 11/02/2020 com o título original "Severe acute respiratory syndrome-related coronavirus: The species and its viruses – a statement of the Coronavirus Study Group" (disponível em bioRxiv, consultado em 10/03/2020). Note-se, em todo o caso, que há quem conteste esta classificação, como se pode confirmar pelos comentários associados à fonte consultada.
3 Ler também, na Fundéu BBVA, lista de recomendações intitulada "Coronavirus, claves de redacción", de 27/02/2020 (consultado em 10/03/2020).
[N. E. (29/03/2020) – Tendo em conta que passou à linguagem corrente como denominação frequente da doença assim chamada, a forma covid-19, como nome comum escrito com minúsculas, torna-se aceitável, embora se trate de um caso com características inovadoras no contexto da ortografia de nomes comuns, conforme se observa no parágrafo final da resposta. Refira-se que, na comunicação social portuguesa, se tem detetado também a forma Covid-19, com maiúscula inicial, uso discutível, se se pensar em entidades que seguem o critério de escreverem integralmente os acrónimos quase sempre com maiúsculas, a não ser em casos consagrados pelo uso (cf. ponto 10.11 do Código de Redação do português para as instituições europeias); mas, sendo COVID-19 ou covid-19 de criação recente, será de supor que não se justifique aceitar Covid-19 nem como forma preferencial, nem como exceção recomendável. Seja como for, em matéria de uso de maiúsculas e minúsculas, existe certa margem de variação cuja limitação se afigura, por enquanto, uma tarefa para os livros de estilo e guias de redação utilizados em diferentes tipos de atividade profissional e institucional. Acrescente-se que, quanto à pronúncia de coronavírus, recomenda-se em Portugal a que soa "curônavírus" (cf. ponto 4 da Abertura de 02/03/2020), confirmada, aliás, pela transcrição fonética do dicionário de português da Porto Editora (em linha na Infopédia): [kuronɐˈviruʃ]. Por outras palavras, no português de Portugal, o o da primeira sílaba – co- – do elemento corona é proferido como um [u]. Quer este dicionário quer o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa já incluem não só o vocábulo coronavírus, mas também o termo referente à doença causada pelo novo coronavírus: covid-19/COVID-19.]