DÚVIDAS

Orações substantivas antes das principais

Em todas as gramáticas que consultei, as orações substantivas sempre estão depois das principais. Isso é uma regra?

Não posso colocar a subordinada substantiva antes da principal? Li uma resposta do Ciberdúvidas em que se diz que podemos ter as objetivas antes das principais; mas são apenas essas ou todas substantivas?

Na minha visão, podemos ter no mínimo a maioria, já que: conseguimos deslocar os objetos diretos, os indiretos, os sujeitos...

Mas sabemos que apenas a visão de um curioso não conta. Por isso peço ajuda aos Senhores.

Desde já agradeço a atenção.

Resposta

As orações subordinadas substantivas poderão ser colocadas antes do verbo.

Se se tratar de uma oração subordinada substantiva relativa, ela poderá surgir antes do verbo desempenhando a função sintática de sujeito. Esta é a sua posição mais frequente:

(1) «Quem lê muito tem outro conhecimento do mundo.»

A oração «Quem lê muito» pode, neste contexto ser substituída pelo pronome pessoal ele:

(2) «Ele tem outro conhecimento do mundo.»

Se se tratar de uma oração subordinada substantiva completiva com função de sujeito, ela poderá, nalguns casos, ser colocada antes do verbo, como se verifica em (3):

(3) «Que faça muito frio é algo esperado no inverno.»

Também neste caso é possível substituir a oração por um pronome, neste caso o pronome isto:

(4) «Isto é algo esperado no inverno.»

As orações subordinadas substantivas completivas têm, todavia, tendência a ser colocadas depois do verbo, tal como se verifica em (5):

(5) «É aborrecido que eles tenham faltado.»

Quando a oração subordinada substantiva completiva tem função do complemento direto (é objetiva), esta surge habitualmente depois do verbo. Não obstante, em condições particulares pode ser colocada antes do verbo. O exemplo seguinte é apresentado por Bechara:

(6) «Que todos iam sair cedo, eu o disse ontem.»1

Neste caso, a oração subordinada é colocada à cabeça da frase, sendo retomada pelo pronome o.

Disponha sempre!

 

1. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Edições Lucerna, p. 158

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