DÚVIDAS

Verbos plenos e verbos auxiliares
«Eu gostaria de ajudá-la.» «Ele as incentivou a ajudarem-no.» Na primeira frase , seria possível haver uma mesóclise? Ex.: «Eu gostá-lo-ia de ajudar.» A pergunta surge porque eu o tinha como verbo auxiliar. «c) vontade ou desejo: querer escrever, odiar escrever, desejar escrever, […]» Porém, gostar aparentemente não é. Parece sensitivo, então, não? Na segunda frase, gostaria de saber se o verbo incentivar possui as características de um verbo causativo. A dúvida surge porque, conquanto – na minha linha de raciocínio – existam os elementos de um verbo causativo, há, aqui, uma preposição (diferente dos vários verbos causativos com os quais estou acostumado).  Em minha cabeça não tão familiarizada com terminologias diferentes, neste caso, ou é um verbo auxiliar (a flexão do infinitivo estaria errada), ou é um verbo causativo (a flexão do infinitivo também estaria errada). Há um terceiro elemento que paira sobre mim, e eu não o vejo?  Obrigado. 
Pronomes átonos em sequência: «Arrepia-se-me a pele»
Saúdo calorosamente todos os profissionais do Ciberdúvidas. Ouço frequentemente a estrutura «arrepia-se-me (a pele, por exemplo)». Gostava de ter um parecer mais profissional sobre esta questão. É uma estrutura natural num discurso em português padrão? Será um traço oralizante, certamente válido noutros contextos, mas não aqui? Cumpre as regras de formação presentes na nossa língua? Cumprimentos.
Posição do possessivo: «criação minha» x «minha criação»
1) Isto aqui é criação minha. 2) Isto aqui é minha criação. Quero saber se, no entendimento de vocês, faz diferença o lugar em que se coloca o possessivo meu. E, se puderem, justifiquem, por favor. Creio que, no primeiro caso, haja a indicação de que seja (apenas) uma criação e bem possível de ter outra(s) criação(ões). E que, no segundo caso, haja bem maior chance de ser só uma (aquela) criação na totalidade. Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
Pronomes pessoais átonos e frases optativas
Eu gostaria de tocar mais uma vez num assunto que já foi tratado cá no Ciberdúvidas, porém as respostas ainda não me satisfizeram. No dia 8 de outubro de 2024, quanto à minha pergunta em torno da frase “Bons olhos o vejam” e quanto à sua colocação pronominal enclítica, vós me respondestes o seguinte: «Quanto à colocação do clítico, a próclise (colocação antes do verbo) ocorre porque a frase é optativa/exclamativa. Quando a frase inclui uma palavra exclamativa ou a própria frase tem uma natureza exclamativa, esses fatores geram próclise.» De tal resposta se conclui que não seria possível construções como essas: «Vejam-no bons olhos» e «Bons olhos vejam-no». Entretanto, recentemente, ao tratar do uso do infinitivo pessoal no seu Dicionário de Questões Vernáculas, Napoleão Mendes de Almeida traz a seguinte frase: «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado», isso que me fez questionar se há realmente possibilidade de usar a ênclise em orações subjuntivas independentes sem a conjunção que, quando o verbo é o vocábulo que inicia a oração, como a frase : «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado.» O que vós dizeis sobre isso? Desde já, muito obrigado.
Construção comparativa: «menos seis do que no Porto»
Quando queremos referir uma diferença num fuso horário, qual é a forma mais correta de o escrever? (1) «Aqui, são seis horas menos que no Porto.» ou: (2) «Aqui são menos seis horas do que no Porto.» (3) «Aqui são menos seis horas que no Porto.» A minha dúvida eterna: que/ do que, existência ou não da vírgula, correta posição do advérbio menos. Obrigada!
Colocação pronominal com «antes de» e «depois de»
Gostaria de saber se as expressões «antes de» e «depois de» são proclitores vinculativos ou opcionais. Prende-se esta questão com o facto de ter alguns documentos de trabalho (do tempo da faculdade) que apontam para que haja opção, conforme o estilo. As frases que tenho nesse documento são: «Antes de casarem-se, visitaram Vigo. Depois de casarem-se, foram a Roma.» A par de: «Antes de se casarem, visitaram Vigo. Depois de se casarem, foram a Roma.» O texto resultava de uma investigação da professora de Sintaxe e Semântica do Português, mas, de facto, cada vez mais surgem alunos a usar a ênclise nestas situações. Será gramatical a ênclise depois dessas locuções temporais? Agradeço esse esclarecimento.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa