Agradece-se ao consulente a partilha do muito interessante apontamento que dedica à questão dos patronímicos, a pretexto da história de família.
Para já, as fontes aqui consultadas1 apresentam Andrade como antropónimo cujo uso corresponde a um patronímico, mas sim ao do uso de um topónimo de origem galega (região de Pontedeume).
Como bem observa o consulente, há muitos apelidos que têm origem nos antigos patronímicos medievais. Notará também que os apelidos com esta origem terminam, na sua maioria, em -es, um sufixo que ocorre em documentos medievais sob a forma -ez ou -iz e que é comum a todas as línguas românicas das regiões centrais e ocidentais da Península. Este sufixo é, portanto, comum ao castelhano, a toda a área asturo-leonesa e a todo o sistema galego-português.
Regista-se também a possibilidade de os antropónimos se tornarem patronímicos sem qualquer sufixo, como é o caso de Afonso e Lourenço, uso também comum à maior parte da Península.
Claro está que, não sendo a presente resposta dada por um especialista em genealogia, não se exclui, quanto à família do consulente, a possibilidade de um uso patronímico de André ter, por qualquer razão, dado lugar ao nome Andrade. Se assim for, parece tratar-se de uma situação insólita, porque, do ponto de vista dos padrões da história do onomástico de origem medieval, como é o caso dos apelidos terminados em -es, não se registam patronímicos com sufixo -ade.
1 José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (2003) e José Leite de Vasconcelos, Antroponímia Portuguesa (1928).