O uso do verbo ficar no presente do indicativo está relacionado com as propriedades semânticas do verbo sugerir, pois a frase em que surge o verbo em questão é um complemento, em particular, o {#objecto|objeto} {#directo|direto}, do verbo sugerir da frase superior, estando por isso sujeita às suas propriedades de {#selecção|seleção}.
O que acontece neste caso é que a {#selecção|seleção} funciona também no sentido inverso, acabando o tempo verbal da encaixada por condicionar a interpretação do verbo superior.
Assim, sendo o verbo sugerir, que é não-{#factivo|fativo}, isto é, não diz nada sobre o valor de verdade da frase que {#selecciona|seleciona}, precisa de um tempo verbal que atribua esse valor, consoante a intenção do falante.
Neste contexto, em que temos um verbo não-{#factivo|fativo} no presente, a alternativa ao indicativo seria o {#conjuntivo|subjuntivo}.
Se se optasse pelo {#conjuntivo|subjuntivo}, a frase ficaria assim: «Lula sugere que Walfrido e Agnelo fiquem.» A interpretação desta frase seria que o presidente Lula da Silva teria dado uma sugestão, mas não teria poder sobre a concretização ou não da mesma, ou seja, não se poderia comprometer com a sua realização, {#consequência|conseqüência} da associação na mente dos falantes entre modo {#conjuntivo|subjuntivo} e incerteza, eventualidade. Uma paráfrase possível seria: «Lula propõe que Walfrido e Agnelo fiquem.»
Usando o verbo ficar no indicativo, e porque o indicativo está, ao contrário do {#conjuntivo|subjuntivo}, associado à certeza, está-se na realidade a reconhecer o poder de decisão ao sujeito da frase superior. Deste modo, o verbo sugerir passa a significar «dar a entender, insinuar». Na realidade o que a frase diz é que «Lula dá a entender que Walfrido e Agnelo ficam», o que faz bastante sentido se for tido em conta o contexto da sua produção. Ao que sei, a frase terá sido usada como título de um texto jornalístico sobre a reforma ministerial em curso, depois de o presidente Lula da Silva ter feito elogios a estes dois ministros, deixando ficar a ideia de que ambos continuariam nos seus ministérios.
Sendo assim, pode dizer-se que o uso do indicativo é justificado por uma crença na realização daquele evento, justificado pelo {#facto|fato} de o sujeito da frase principal ser a pessoa a quem cabe a decisão da sua concretização.